Os grupos irlandeses que tentam proteger o mercado local contra a entrada da carne brasileira podem se fortalecer com a saída do Reino Unido da União Europeia, na opinião do diretor técnico da Informa Economics FNP, José Vicente Ferraz. Ele pondera, no entanto, que é preciso esperar os próximos passos para análises mais concretas a respeito de eventual impacto para o Brasil.
Historicamente, grupos irlandeses como a Associação de Produtores Rurais da Irlanda (Irish Farmers Association – IFA) tentam impor barreiras à importação do produto brasileiro alegando questões como falta de cuidados com o bem-estar animal. Contudo, o elevado custo da mão-de-obra rural da União Europeia, inflacionado em parte pelos subsídios pagos pelo bloco ao setor, além do alto valor das terras, tornou a proteína brasileira mais competitiva e frustrou as tentativas ao longo dos anos.
Livre das regras da UE, há a possibilidade do Reino Unido assumir uma postura mais liberal, reduzindo estes subsídios, o que pode levar a um ganho de competitividade do produto local e reforçar o protecionismo dos grupos irlandeses, disse Ferraz.
A região deverá ter, a partir de agora, suas próprias regras para exportação e importação, que ele acredita não deverão se diferenciar muito das praticadas pela UE. Ferraz ressalta que a produção agropecuária do Reino Unido não é muito significativa e que os principais produtos importados pela região são frutas e carnes em geral.
Fonte: Estadão, resumida e adaptada pela Equipe BeefPoint.