Por Francisco Lobato1, Ronnie A Assis2
Diagnóstico
O diagnóstico da Brucelose é feito principalmente por testes sorológicos através das pesquisa de anticorpos contra Brucella abortus. Pode também ser feito pelo isolamento do agente, pelas técnicas de imunohistoquímica (Perez et al., 1998) e PCR (Lavaroni et al., 2004). As brucelas encontram-se principalmente nos fetos abortados, placentas, exsudatos vaginais, gânglios linfáticos, leite e amostras de sêmen.
Provas sorológicas
No Brasil, o Plano Nacional de Controle e Erradicação da Brucelose e Tuberculose (PNCEBT), definiu como oficiais os seguintes testes: antígeno acidificado tamponado (AAT), anel do leite (AL), 2-mercaptoetanol (2-ME) e fixação de complemento (FC). O AAT e o AL como testes de triagem e o 2-ME e FC como confirmatórios.
A) Antígeno Acidificado Tamponado é uma prova de aglutinação rápida onde se usa um antígeno tamponado a um pH 3,65 e corado com rosa de bengala. A leitura indica a presença ou ausência de IgG, pois somente esta classe de imunoglobulinas é capaz de reagir com este antígeno em função do pH baixo (Alton et al, 1988).
É uma prova qualitativa, pois não indica o título de anticorpos do soro testado. O AAT é o teste de triagem do rebanho, indicando com maior precocidade infecções recentes, entretanto, devido ao fato de poder ocorrer alguns poucos casos de reações falso-positivas em decorrência da utilização da vacina B19, sugere-se a confirmação da brucelose por meio de testes de maior especificidade, para se evitar o sacrifício de animais não infectados (MAPA, 2005).
B) Prova do anel em leite (Ring test), o teste tem a finalidade de evidenciar aglutininas anti brucelas no leite. São mais usuais para o teste, antígenos corados com hematoxilina, que por sua vez forma uma coloração azulada característica da reação positiva. Desse modo, se houver presença de anticorpos no leite, os mesmos reagirão com as B. abortus do antígeno, formando uma malha de complexo antígeno-anticorpo que será arrastada pelos glóbulos de gordura, culminando com a ocorrência de um anel azulado na camada de creme do leite (reação positiva). Não existindo anticorpos no leite, o anel de creme será de coloração branca e o restante do leite presente no tubo de ensaio permanecerá azulado (reação negativa).
É uma prova de grande utilidade para localizar rebanhos potencialmente infectados, principalmente quando aplicada em usinas beneficiadoras de leite.
C) 2-Mercaptoetanol, é uma prova que detecta somente IgG no soro, que é a imunoglobulina indicativa de infecção crônica. O 2-mercaptoetanol destrói as macroglobulinas IgM, sendo inativa para as imunoglobulinas da classe IgG. Diferencia-se da prova em tubos pelo tratamento prévio dos soros com uma solução de 2-mercaptoetanol.
Deve ser sempre realizada em paralelo com a prova lenta em tubos. A interpretação dos resultados é feita pela diferença entre os títulos dos soros sem tratamento (prova lenta), em relação ao soro tratado com 2-mercaptoetanol (MAPA, 2005).
D) Fixação de complemento, é um teste que tem sido usado em diferentes países que conseguiram erradicar a brucelose ou estão em fase de erradicá-la. É o teste de referência recomendado pela Organização Mundial da Saúde Animal (OIE) para o trânsito internacional de animais. No entanto, é trabalhoso e complexo (MAPA, 2005).
Controle
O controle e erradicação da brucelose esta sendo feito no Brasil em bovinos através da vacinação obrigatória de fêmeas de 3 a 8 meses de idade com vacina preparada com a amostra viva B19 de Brucella abortus, eliminação de animais reagentes aos testes sorológicos e monitoramento das propriedades pelo teste do anel do leite. Em adição, é imprescindível a eliminação de fetos abortados, restos placentários, e demais fontes de infecção.
Referências bibliográficas
Alton, et al. Techniques for the brucelossis laboaratory. Institut National de la Recherche Agronomique. Paris, 1988.
Lavaroni et al. Assessment of polymerase chain reaction (PCR) to diagnose brucellosis in a Brucella infected herd. Rev Argent Microbiol., v.36, n.3, p.101-6, 2004.
MAPA. Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento. Programa Nacional de Controle e Erradicação da Brucelose e da Tuberculose Animal- Manual Técnico. 2005.
Perez et al. Immunohistochemical detection of Brucella abortus antigens in tissues from aborted bovine fetuses using a commercially available polyclonal antibody. J Vet Diagn Invest., v.10, n.1, p.17-21, 1998.
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1Francisco Lobato, Médico Veterinário, Prof. Dr. Disciplina Doenças Bacterianas da Escola de Veterinária da UFMG.
2Ronnie A Assis, Médico Veterinário, MMV, Dsc
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Gostaria de saber se a Brucelose bovina é transmitida para o homem.
Se for, é possível que o ser humano pegue Brucelose trabalhando em um frigorífico?
Sr. Alceu Crozato a Brucelose é considerada uma zoonose, isto é, uma doença dos animais transmitidas ao homem, logo com certeza a Brucelose pode ser transmitida ao ser humano. Existe a possibilidade de pessoas que trabalham em frigoríficos se contamirem por ocasião da matança e manipulação de sangue e peças contaminadas com a Brucela, bactéria causadora da doença.
Aqui em Santa Catarina a vacinação contra Brucelose é proibida.
Os produtores só perdem com essa situação.
Um absurdo!!!
Rogério Baptista