Nesse início de ano continuam os acontecimentos importantes para a cadeia da carne bovina brasileira. A declaração de zona livre de febre aftosa com vacinação dos estados da região leste e de outros estados grandes produtores de carne bovina como o Mato Grosso do Sul tende a normalizar o mercado da carne tanto para comercialização interna como para exportação. A verificação de vários casos de ocorrência da doença BSE (vaca louca) em vários países da Europa, não só abriu perspectivas de aumento da exportação de carne brasileira para países daquele continente, como também abriu a oportunidade do Brasil ocupar mercados que importam carne subsidiada da Comunidade Econômica Européia.
Além dos fatos mencionados acima, o governo brasileiro através do Ministério da Agricultura tendo à frente uma atuação marcante do Ministro Pratini de Moraes, parece que acordou em termos de dar apoio ao importante segmento do agronegócio brasileiro representado pela cadeia da carne bovina.
É compreensível que o envolvimento de qualquer órgão de governo em uma determinada atividade econômica que está em evidência sempre tem alguma conotação política partidária. O importante é que tudo ou pelo menos grande parte do movimento desencadeado pelos integrantes da cadeia de carne e de representantes do governo não fique apenas na área de marketing. Essa oportunidade deve ser aproveitada pela cadeia produtiva da carne para repensar, e se indicado, traçar novos rumos, envolvendo a pesquisa científica, o desenvolvimento tecnológico, o esclarecimento (educação) dos produtores e empresários dos setores de abate e processamento. Todo mundo sabe que marketing é muito importante em qualquer atividade, mas se o produto não atender as exigências dos consumidores, não existe marketing capaz de mantê-lo em evidência por muito tempo.
A questão de quem deveria bancar a conta da divulgação da carne brasileira foi levantada e era esperado que isso viesse a acontecer. Os empresários brasileiros estão acostumados a sempre tentar usar recursos do governo e portanto da sociedade, antes de colocar seus próprios recursos em projetos de seu interesse. Do governo, aqui entendido os três poderes, deve-se exigir a desoneração da produção e a colocação da infraestrutura disponível a serviço de qualquer projeto que interesse ao país. Os recursos para viabilizar uma campanha como a da divulgação das vantagens comparativas da carne brasileira tem que sair da própria cadeia. Fica difícil justificar o uso de recursos escassos do governo em projetos de interesse de grupos econômicos fortes e bem estabelecidos. Além disso, em virtude da inificiência inerente ao uso de recursos públicos, fica muito mais barato quando se usa recursos da iniciativa privada.