A multinacional de alimentos Cargill eleva a aposta no segmento de nutrição animal no Brasil. A empresa anunciará, nesta sexta-feira, que fechou um acordo para a compra da fábrica de rações para suínos da Anhambi Produção Animal, em Pato Branco (PR). A transação – de valor não revelado – está sujeita à aprovação do Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade). Além da aquisição, vai anunciar investimento de R$ 100 milhões na construção de uma fábrica de suplementos para bovinos criados a pasto em Primavera do Leste, em Mato Grosso.
A fábrica de Pato Branco tem capacidade de produção de 60 mil toneladas de ração por ano, e a Cargill já adiantou que pretende investir R$ 15 milhões na unidade para fazer adaptações que permitirão também a produção de rações para leitões.
Atualmente, a indústria paranaense produz alimentos para animais em crescimento ou terminação. Com o aporte, a capacidade total da unidade pode chegar a 100 mil toneladas ao ano. “Não vamos dobrar porque essa ração de leitões é mais específica e requer outro tipo de padrão”, afirma o diretor da Cargill Nutrição Animal, Celso Mello.
A venda da fábrica é estratégica para a Anhambi, que atua há mais de 35 anos no Paraná e quer, agora, focar no segmento de animais de companhia. “É uma planta que tem muito a ver conosco, e já temos autorização da matriz para investir em rações para a fase de creche [dos leitões]”, acrescenta Mello.
As obras da nova unidade em Primavera do Leste, de suplementos para bovinos criados a pasto, já começaram e devem terminar até o fim de 2024. Segundo Mello, a fábrica terá capacidade de produção de 120 mil toneladas por ano, mas, “se for necessário”, a capacidade pode dobrar já em 2025.
A região de Primavera do Leste é promissora porque tem uma alta concentração de criação de gado, observa o executivo. “Poderemos atender melhor aquela região, que vinha recebendo produtos de outras fábricas”. A planta da Cargill Nutrição Animal mais ao norte até então estava localizada em Goianira (GO).
Com a nova unidade, a empresa espera avançar no mercado de suplementação bovina – hoje, ela detém 40% de participação no segmento de bovinos confinados. “Começamos a investir de seis anos para cá, mas estávamos muito focados no começo em premixes e, depois, em suplementos para bovinos em confinamento”, observa.
Segundo o diretor da Cargill, o mercado é bastante pulverizado, e há pelo menos 600 empresas do setor no Brasil. Para reforçar essa estratégia de crescimento, a multinacional continua apostando no modelo de franquias espalhadas pelo país – existem cerca de 50 delas atualmente. “Ajudam a acelerar a profissionalização do suporte técnico ao mercado”, afirma Mello.
Após a aprovação pelo Cade da compra da fábrica da Anhambi, a Cargill terá sete plantas de produtos para nutrição animal no Brasil. As outras cinco ficam em Itapira (SP), Toledo (PR), Goianira (GO), Quatro-Pontes (PR) e Chapecó (SC).
A Cargill encerrou o ano fiscal 2022 com vendas de US$ 165 bilhões no mundo. O segmento de nutrição responde por uma fatia entre 10% e 15% dessa receita, de acordo com o executivo.
No Brasil, o faturamento da companhia cresceu 22% no ano passado e atingiu R$ 125,8 bilhões. O lucro líquido, em contrapartida, caiu cerca de 33%, atingindo R$ 1,2 bilhão. A empresa tem produtos para bovinos de corte e leite, aves e suínos.
Fonte: Valor Econômico.