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Carne e Ética

O homem precisa de carne. Não se transforma em uma geração apenas por vontade própria uma fisiologia desenvolvida durante milênios de comportamento onívoro. Mas suponhamos que a humanidade pudesse deixar de comer carne, amparada por substitutos e pílulas, como evidentemente algumas pessoas hoje em dia conseguem. Animais domésticos seriam devolvidos livres à natureza selvagem. Por Fernando Sampaio, Diretor Exeutivo da Abiec.

O homem precisa de carne.

Não se transforma em uma geração apenas por vontade própria uma fisiologia desenvolvida durante milênios de comportamento onívoro.

Mas suponhamos que a humanidade pudesse deixar de comer carne, amparada por substitutos e pílulas, como evidentemente algumas pessoas hoje em dia conseguem.

Animais domésticos seriam devolvidos livres à natureza selvagem.

Pulemos a fase do desastre ecológico que isto causaria em alguns ecossistemas.

Suponhamos que depois de certo tempo os homens estariam adaptados a uma dieta de frutas e verduras.

Pulemos também a fase da fome mundial e a seleção natural forçada que eliminaria alguns milhões desses parasitas humanos que assolam o planeta especialmente no Terceiro Mundo.

A natureza, ao contrário do que dizem as lendas urbanas, é um lugar de medo, crueldade e escuridão. É uma competição eterna pela sobrevivência do mais apto, como Darwin diria.

Um pouco mais de cérebro, conseguido graças ao consumo de carne, diga-se de passagem, permitiu aos homens criar a luz elétrica, vacinas, filosofia e a Mona Lisa.

Também os permitiu domesticar animais, e o que se fez na domesticação foi tirar alguns deles daquela competição eterna e cruel. Em troca de carne, leite e ovos, os homens deram a estes preciosos animais alguns dos benefícios que havia a muito custo conseguido para si como segurança, água e alimento. Ainda lhes deu uma morte bem mais indolor do que teriam na natureza. Por razões econômicas é verdade, mas também éticas. Dificilmente encontra-se um pecuarista qualquer que goste de ver seus animais sofrendo.

É verdade que estas espécies de animais não tiveram exatamente uma escolha. Mas desprovidos de racionalidade e da consciência de que existem e um dia vão morrer, o principal sentido de suas vidas resume-se a passar adiante os próprios genes no maior número possível.

Livres das terríveis fazendas e abatedouros dos homens, também estarão livres para poder ver sua progênie ser estraçalhada viva por predadores, andar por dias com ossos fraturados em debandadas apavoradas, ou doentes até a morte por inanição. E considerando que passaram milênios fora da competição natural, estarão também fatalmente fadados à extinção, o que elimina seu principal sentido de existência.

Quanto aos homens, estes se quedarão sem uma fonte de alimento que talvez não importe tanto para aqueles que se dão ao luxo de perguntar se o que estão comendo é ético ou não, mas que certamente é importante para aqueles que se perguntam se vão ter alguma coisa ou não para comer ao fim do dia.

Comer carne é ético porque a alternativa é muito pior. Para os homens e para os animais.

A ideia de que comer carne não é ético pressupõe uma utopia, estilo Pandora, de uma mãe natureza generosa onde todos os seres vivos são parte de uma só energia, onde podemos conectar nossos rabos e pensamentos para vivermos em perfeita sintonia, e não em competição. Uma utopia fabricada certamente por gente que ficou muito pouco tempo sozinho na natureza.

Esta utopia, a exemplo de seus terríveis precedentes do século XX, vem a ser hoje a fonte de uma nova forma de totalitarismo que pretende que seus defensores sejam dotados de uma moral supostamente superior a de outros homens. Em nome desta moral superior julgam-se no direito de arbitrar sobre o que devemos comer, consumir ou pensar.

Comer carne é ético porque também é libertário.

3 Comments

  1. José Manuel de Mesquita disse:

    Prezado Fernando,

    Comentário inteligente, livre de paixões éticas ou não, e de lógica inquestionável.

  2. Rodrigo Paniago disse:

    Parabéns, excelente artigo.
    A crença no próprio certo não dá o direito de se colocar acima dos outros. Esta necessidade de se diferenciar arbitrando o certo não passa de uma clara carência de sentido para a própria vida.
    Em busca desta utopia, logo os ingênuos bem intencionados questionarão se é ético comer vegetais!

  3. Lucas Jado Chagas disse:

    Parabéns pelo comentário senhor Sampaio. Ele põe em pauta algumas peculiaridades da tão referida NATUREZA, que como muitas outras informações são ignoradas pelos radicalistas de ambos os extremos (que pela própria terminologia, já escapa a normalidade). Anular a cronologia do que, por eras geológicas, se desenvolve sobre a face da Terra é, minimamente, ingênuo. Focar o conceito utópico de uma minoria em detrimento da problemática da “nação” humanidade seria ignorar o modelo DETERMINÍSTICO em valorização de um egoísmo que se apresenta vendado para a SELVAGEM realidade da raça humana.

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