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Casas que servem espetinho se tornam sucesso de público

Sai a grelha portátil com aspecto pouco higiênico e a carne de procedência duvidosa e entra a churrasqueira de tijolos à vista, cuidadosamente planejada, além de carnes de primeira. Acrescente mesas, pratos e talheres, num ambiente agradável e arejado. Aí está a versão moderna, e sofisticada, do churrasquinho, sucesso gastronômico das portas de estádios e rodoviárias. Com dezenas de casas se especializando na iguaria, difícil mesmo é encontrar quem ainda não tenha se rendido a colecionar espetinhos vazios enquanto toma uma cerveja.

“O cheiro dos espetinhos feitos na rua sempre me deixava com água na boca, mas não tinha coragem de comer. Foi uma grande sacada trazê-los para um ambiente ajeitado, com cara de barzinho”, diz a publicitária Roberta Mourão, de 22 anos. Desde dezembro, quando foi inaugurado o Espetinho da Villa, perto da agência em que trabalha, em Pinheiros, o local virou ponto de encontro das happy hours. “É rápido e barato”, afirma ela, que paga R$ 1,50 pelos espetos de carne, frango, lingüiça e coração, e R$ 1,80 pelo de queijo coalho e pão de alho.

Para a advogada Ariadne Mastrangi, a vantagem do sistema é a individualização do consumo. “Adoro o de morango com chocolate e o de carne com molho chimichurri”, afirma ela, se referindo a um molho apimentado argentino. Ariadne chega a comer seis espetinhos.

“Às vezes, a gente nem quer, mas daí os espetinhos passam e você acaba não resistindo porque sempre tem alguma coisa diferente”, diz a administradora de empresas Adriana Bonfain, que costuma ir à Casa do Espeto, na Pompéia, com o namorado, Alexandre Tahira. “Aqui é legal porque tem um clima de sítio, que combina com o churrasco”, diz ele.

Na Casa, comandada por Ivan Carneiro, que já se prepara para abrir uma filial em Santana, funciona o rodízio, que facilita a saída das 29 variedades: dos clássicos carne e frango a inovações como berinjela, batata, brócolis, salsichão, alcachofra e abacaxi. “A vantagem é que o cliente mal senta e já tem o que comer”, diz Carneiro. Nos fins de semana, a casa, de 500 lugares, chega a ter espera de uma hora.

A voracidade dos clientes surpreende Mario Marotti, dono do Marios’ Bar e Espetaria, do lado do Ampgalaxy, em Pinheiros. “Uma noite tive de mandar o povo embora porque acabou tudo, de carne a cerveja”, diz ele, que chega a atender 70 pessoas por dia, numa mistura que vai dos seguranças e flanelinhas até o público moderninho freqüentador da casa vizinha. “As pessoas se permitem comer mais porque o custo unitário é menor do que qualquer porção por aí”, afirma Marotti, que cobra R$ 2,50 por espeto, seja de lombo, calabresa, medalhão de carne, frango, alcatra, coração, pão de alho ou queijo coalho. “A pedidos, vamos colocar um espeto de doce de leite com chocolate.”

A variedade é uma das armas para agradar à clientela. Na recém-inaugurada Oficina do Espeto, no Sumarezinho, são 15 opções, entre abobrinha, cebola, carne, camarão, queijo coalho, mussarela de búfala com copa e tomate seco e frutas com chocolate. Variedade semelhante à do Espetinho, Cerveja e Cia., uma das primeiras casas a valer-se do sistema em Santa Cecília, onde a dona, Lilian Gonçalves, vende mais de 3 mil espetinhos por dia.

Mas nada se compara ao surpreendente cardápio do Assim Assado, em Moema, onde existem 40 versões no palito. O delírio gastronômico vai do espeto de ovo de codorna com tomate seco e azeitona recheada, aos de palmito com tomate cereja e rúcula, frango ao vinho, cordeiro, costela de porco, jiló, quiabo e aspargo. Os preços variam de R$ 2,80 a R$ 5,00.

“É uma proposta perfeita, que fica entre o bar e o restaurante e dá pra vir tanto com a família quanto com os amigos”, diz a atriz Liza Vieira, que costuma ir à Oficina com os filhos Ramon, de 22 anos, e Pedro, de 14. “Acho que a idéia demorou para se espalhar”, afirma o consultor de Marketing Roberto Garcia de Oliveira, lembrando que a proposta já existe há tempos em botecos da zona leste. “É um sistema democrático.”

De açougue a espetaria, sem volta

Muito antes de os espetinhos ganharem roupagem sofisticada em locais badalados, alguns açougues começaram a lucrar com a idéia, mudando rapidamente seu foco de atuação. Passaram de casas de carnes a bares de espeto.

Foi o que ocorreu com a Casa de Carnes Florença, aberta como açougue há 40 anos na Pompéia, zona oeste. Depois de dois anos promovendo churrascos no fim da tarde, decidiu assumir de vez seu lado boêmio. O que começou como farra – “a gente mais comia do que vendia”, lembra a dona, Adriana Poloni -, ganhou churrasqueira fixa, mais de 30 mesas e fila de espera para atendimento. ” A coisa toda foi acontecendo sozinha . A gente não tinha estrutura para tanto sucesso”, afirma Adriana.

Quem já passou por esse caminho garante que não há volta. “No começo, meu pai não queria que eu colocasse a churrasqueira na porta, mas não levou muito tempo para que o lucro com os espetinhos fosse 50% maior que o do açougue”, conta Alexandre de Lucca, que aderiu ao sistema há 15 anos, quando a família ainda tinha uma casa da carnes no Jardim Paulista. No fim de 2004, eles decidiram separar os negócios porque o agitado movimento na porta coibia a entrada de algumas pessoas no açougue. “Esse segmento vai crescer cada vez mais porque servimos algo saudável.”

A previsão parece ter fundamento. No Espetinho Natingui, antigo açougue de mesmo nome na Vila Madalena, o número de clientes só faz crescer há nove anos, quatro dedicados apenas aos espetinhos. “Quando tive de mudar de imóvel, não compensava remontar toda a estrutura de câmaras frias. Por isso, preferi ficar só com o churrasquinho, que já dava um bom lucro”, diz Sueli Soste Aquilini, dona da casa.

O sucesso foi tanto que a fórmula de negócio já foi franqueada na família. Há dois anos, o irmão de Sueli, Luiz Carlos Soste, abriu sua própria casa, batizada de Os Prazeres do Churrasco, um misto de espetaria, restaurante e açougue, na Vila Mariana. “Os supermercados estão quebrando os açougues. Então, os espetos viraram uma ótima opção para continuar vivo.”

Fonte: O Estado de São Paulo (por Juliana Bianchi), Equipe BeefPoint

1 Comment

  1. jose manoel da silva disse:

    vendo espetinhos todos os dias em posto de gasolina e tenho bom resultados . parabém pela a atitude desta família .estou muito feliz melhor do que ser um empregado que tem que cumprir horário desejo sucesso a todos vocês

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