Mercados Futuros – 16/06/08
16 de junho de 2008
Fazenda Sapucaia é premiada no Circuito Boi Verde em Janaúba
18 de junho de 2008

Causa-lhes espanto falar de ponto de colheita na produção de silagem de milho?

O ponto ideal de colheita da planta de milho para a produção de silagem parece ser um assunto já muito discutido entre produtores e técnicos. Embora para alguns a retomada deste assunto possa causar espanto, infelizmente nós ainda estamos errando em pontos chaves.

O ponto ideal de colheita da planta de milho para a produção de silagem parece ser um assunto já muito discutido entre produtores e técnicos (aquelas coisas do passado), de modo que não são necessárias novas abordagens sobre o tema, pois existe um consenso geral entre todos sobre os critérios que devem ser tomados sobre a maturidade fisiológica da planta (enchimento dos grãos).

Embora para alguns a retomada deste assunto possa causar espanto, infelizmente nós ainda estamos errando em pontos chaves. Alguns jargões técnicos estão em evidência nos debates pecuários, como sistemas de gestão de qualidade, pecuária de precisão e outros. Porém, nós temos esbarrado em fatores mais simples, mais modestos, essenciais, definidos como básicos para quem atua na área zootécnica.

Com grande freqüência, nos deparamos com situações desfavoráveis na produção de silagem de milho, devido à antecipação do momento ideal para a colheita, quando a planta ainda não apresenta teor de matéria seca desejado (inferior a 30%) e o grão não acumulou quantidade suficiente (próxima da máxima) de amido.

Esses dois fatores (matéria seca e amido) são essenciais para o sucesso de uma silagem de alta qualidade. A matéria seca define o grupo de microrganismos que poderão se desenvolver durante o processo fermentativo, e quando ela é baixa, bactérias indesejáveis dominam o processo, elevando as perdas durante a estocagem. O amido é o principal carboidrato presente nesta espécie, portanto o que define a concentração energética do alimento.

Os carboidratos possuem importância quantitativa na dieta de ruminantes (~70%), o que confere alto impacto sobre a economicidade do sistema. Quando a planta é colhida com teor de matéria seca abaixo de 28-30%, nem todo amido foi acumulado no grão, como pode ser observado na Figura 1. Verifica-se que a matéria seca da planta ao passar de 28,1% (estágio do grão leitoso) para 35,1% (2/3 da linha do leite), ocorre elevação de 19 pontos percentuais na concentração de amido (19 kg de amido para cada 100 kg de forragem).

Percebe-se que esse aumento no teor de amido da silagem pode causar redução significativa no custo da mesma, e reduzir uma possível aquisição de nutrientes energéticos na forma de concentrado para o balanceamento da dieta.


Figura 1 – Influência do estágio de maturidade do grão no teor de matéria seca e de amido na planta de milho. Fonte: Bal et al. (1997).

Como os animais estão se tornando cada vez mais produtivos, devido ao melhoramento genético e práticas de manejo adequadas, a necessidade de se elevar a concentração energética da ração passa ser essencial dentro do sistema de produção e para isso necessitamos de amido na ração.

Embora o teor de matéria seca reduzido (abaixo de 30%) seja indesejado pelos aspectos enumerados anteriormente, ressalta-se que teores acima de 35-37% não são preconizados, pois aumenta a resistência da massa de silagem à compactação durante a sua confecção, reduzindo a densidade. Altos teores de matéria seca (acima de 40%) também exigem maior potência do equipamento que realiza a colheita para manter o tamanho de partícula uniforme. Além destes fatores, quando o grão atinge a maturidade fisiológica, a digestibilidade do amido decresce, principalmente em híbridos que apresentam grão do tipo flint (duro).

Para finalizarmos, gostaríamos de ressaltar que este artigo vem novamente discutir os aspectos do ponto ideal para colheita com o intuito de esclarecer técnicos e produtores que a maturidade fisiológica da planta é algo chave no sucesso da produção de silagem de milho e que se ela for respeitada a produção de amido, poderá ser maximizada. Essa maximização ocorre quando os grãos atingem entre 50 a 60% a linha do leite e a forragem apresenta matéria seca no intervalo entre 32 a 35%.

Em muitas situações, a “ansiedade” em colher a roça de milho ocorre devido ao fenômeno de clorose nas folhas localizadas na porção inferior da planta, fruto de adubação inadequada, principalmente nitrogênio e enxofre. Esse sintoma foliar nos dá a falsa impressão que a planta está secando, o que levam muitos a iniciar a colheita de forma antecipada. Percebe-se que ocorre um efeito cascata: o erro na adubação conduz ao erro no ponto de colheita, que aumenta as perdas, que reduz a concentração de amido, que reduz a energia da silagem e que reduz a produção de leite ou o ganho de peso.

Literatura consultada

BAL, M. A., COORS, J. G., SHAVER, R. D. Impact of the maturity of corn for use as silage in the diets of dairy cows on intake, digestion, and milk production. Journal of Dairy Science, v. 80, p. 2497-2503, 1997.

Os comentários estão encerrados.

plugins premium WordPress