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Celso Lopes, presidente da Aprova: juntamos forças para vender nosso gado melhor e também comprar melhor

O BeefPoint conversou com Celso Lopes, engenheiro civil de formação, pecuarista por opção, há mais de 17 anos em Britânia, GO, no Vale do Araguaia. É presidente da Aprova, associação de pecuaristas sediada em Britânia e com escritório em Goiânia, GO. Essa é uma nova iniciativa do BeefPoint em trazer mais informações sobre associações de pecuaristas de sucesso.


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O BeefPoint conversou com Celso Lopes, engenheiro civil de formação, pecuarista por opção, há mais de 17 anos em Britânia, GO, no Vale do Araguaia. É presidente da Aprova, associação de pecuaristas sediada em Britânia e com escritório em Goiânia, GO. Essa é uma nova iniciativa do BeefPoint em trazer mais informações sobre associações de pecuaristas de sucesso.

Histórico da associação

A associação começou em 2005, num momento de crise, com a denúncia de cartéis, etc. Nesse momento surgiu a Aprova. O pecuarista age em momentos de crise, de prejuízo.

Principais serviços prestados a pecuaristas

O foco hoje é trabalhar com escala, na compra de insumos e na venda de gado para abate. Na compra, por exemplo, fazemos um levantamento de ofertas de preços de insumos. Não fazemos a compra, mas disponibilizamos uma condição especial de preços, que sem a associação não existiria.

Fazemos o mesmo na venda de animais. Levantamos os números e oferecemos ao frigorífico com se fosse um produtor só. No primeiro ano, abatemos 13 mil animais, no segundo 24 mil animais. No primeiro ano conseguimos preço Cepea Goiânia, mais 3%. Isso para o produtor foi fantástico. No ano seguinte foi mais difícil, mas ainda conseguimos Cepea mais 2%. Esse ano vamos comercializar 73 mil animais, com o preço Cepea Goiânia. Já trabalhamos com o JBS-Friboi. Esse ano estamos trabalhando com o Mataboi.

O principal serviço que a entidade oferece a seus associados é a compra e venda de produtos. Por exemplo, na campanha de aftosa, fazemos um levantamento com nossos associados, para saber quais e quanto de cada produto irão precisar. Com base nisso fazemos um levantamento de preços. Antes era uma tomada de preços, como uma licitação, mas não tínhamos como obrigar a compra.

Hoje atuamos de forma um pouco diferente, com uma divulgação das opções. Assim também não constragemos as empresas, pois a associação não compra produtos. A tomada de preços da Aprova é um instrumento de negociação para o produtor. Nosso compromisso é com o produtor, mas é preciso manter um bom relacionamento com as empresas.

O resultado é muito bom, nosso produtor compra com preço mais baixo e as empresas ficam satisfeitas, pois entram em um mercado grande.

Fazemos de forma muito similar na venda de gado. A negociação não é feita através de terceiros. É feita pelos donos dos animais, pela diretoria da associação, em contato direto com a alta direção dos frigoríficos. Temos um acesso muito melhor, direto em quem toma decisão, mesmo nos grandes frigoríficos. O produtor é que escolhe quantos animais vai ofertar e sua escala. Tem funcionado muito bem.

Temos produtores de boi a pasto e confinado. No confinamento, o produtor trava uma data para entrega dos animais. Para gado a pasto há também uma escala

Em nossas negociações, conseguimos mais de R$ 42,00 por animal. Injetamos no bolso do nosso produtor associado mais de R$ 2.000.000,00. No início menos gente usava esse serviço. Tem crescido muito, pois o produtor continua vendendo seu gado normalmente, mas com melhores condições de preços.

Como se associar

É preciso apenas acessar o site da entidade (www.aprovabrasil.com.br). O email da associação é aprovabritania@hotmail.com. O associado paga R$ 110,00 por mês. A associação pretende se expandir além do Vale do Araguaia. O sócio patrimonial (uma opção extra) paga uma jóia de R$ 500. Nossa conta é que com apenas um caminhão de bois vendido em conjunto consoco, o associado paga a conta da associação.

Principais problemas e desafios da entidade

Eu fui produtor de feijão irrigado. É emocionante a solidariedade do agricultor. O pecuarista tem menos disso. Mas isso está mudando. A associação luta contra isso. Nosso foco é negócio.

O grande desafio é mudança de paradigma do produtor, do pecuarista. Não existe tradição de associações. O pecuarista não ve essa necessidade ainda. Estamos cada vez mais mostrando os resultados econômicos dos associados.

Temos trazido mais informação aos nossos associados. Temos feito parcerias com entidades como o Senar para trazer treinamento para nossos associados. Esse é uma das nossas prioridades.

Não adianta ficar dentro do nosso mundinho. Produzimos dentro da fazenda, mas vendemos para o mundo.

A grande dificuldade é a questão cultural do pecuarista.

Mudança de mentalidade do pecuarista

Existe sim um processo de mudança. Há uma nova geração de pecuarsitas, de filhos que entram na atividade, com vontade de fazer melhor, diferente.

Mesmo os pecuaristas tradicionais se interessam com a associação ao ver os resultados. Falta informação, pois ao apresentar a associação, os serviços, os resultados, as pessoas se interessam. Não acontece de imediato. O líder precisa ser também paciente.

O que vocês consideram como uma participação ativa de um pecuarista?

O bom associado é aquele que participa, opina. É um associado ativo. Procuramos a renovação. Queremos a cada eleição tenhamos novas pessoas na diretoria. Temos uma reunião mensal e um mega evento anual. Procuramos fazer dessa reunião mensal um evento interessante, com palestras além da reunião.

O que esperamos também é que o associado procure mais informações sobre a associação. Temos um programa de rádio, temos um site. Todos os dias enviamos por email as cotações do boi gordo, do Cepea e levantados por nós. Enviamos notícias importantes também.

A associação é do pecuarista. Quem usa mais, se beneficia mais. Quanto mais associados tivermos melhor. Quanto mais cada associado usar os serviços que ofercemos, mais retorno ele terá.

Temos procurado também mostrar que produzimos carne de excelente qualidade, um produto de primeira. Onde se encontra um produto de tanta qualidade com preço tão baixo no mundo.

O Brasil tem problemas, mas é característico de países que estão crescendo muito. Estamos fazendo nossa parte para melhorar, enfrentando os desafios de sempre.

Qual o perfil mais comum do novo associado da Aprova, aquele que recém entrou na entidade, atualmente?

O mais fascinante da associação é o confronto de ideias. Temos um grupo de associados, que é empresário. Esse núcleo quer fazer da fazenda um negócio rentável, além de ser um negócio que temos um interesse pessoal.

Temos por exemplo muitas fazendas auditadas e certificadas Eurepgap.

Temos também o pecuarista tradicional. São os senhores que atuam há décadas, e tem grande experiência. Aprendemos muito com eles.

Nosso diretor financeiro tem 82 anos. Um pecuarista da terra. Com grande experiência. E que está aberto a novas ideias. A turma mais jovem também traz ideias.

É incrível esse embate no bom sentido de ideias dos mais experientes e dos mais jovens. Ganhamos muito com isso.

Como é a relação com outras associações, entidades e empresas? O que vocês fazem junto hoje e pretendem fazer?

Queremos fazer uma federação de associações. Isso nasceu de uma entidade que surgiu de um racha dentro da nossa associação. Essa entidade não deu certo e vimos que podemos oferecer muita experiência de como fazer uma entidade que funciona.

Agora teremos associações que trabalharão em diferentes regiões, com o mesmo foco de dar força ao produtor, comercialmente.

Nossa associação tem um prazer enorme em oferecer esse conhecimento, essa experiência.

Precisamos apenas de lideranças locais motivadas a fazer diferente. Precisamos de gente que possa doar um pouco do seu tempo. Eu faço uma doação do meu tempo e mesmo assim ganho dinheiro. O retorno que a associação me traz é muito maior que meu tempo dedicado.

Para uma associação local dar certo é preciso de um parceiro local. Não precisamos reinventar a roda. Precisamos pensar no resultado. Os números concretos da Aprova são muito positivos.

No ano passado a Aprova teve 3,3% em média de sobrepreço, R$ 42 a mais por animal, mais de R$ 2.000.000,00 revertidos para os produtores da Aprova. Esse é o resultado imediato, é dinheiro no bolso. Essa é a principal vitrine.

Há muitas outras coisas que estamos fazendo, mais a longo prazo. Oferecemos mais de 80 cursos por ano. Queremos agregar valor e qualidade no nosso produto. Nossos animais são criados dentro de conceitos e padrões europeus de qualidade. Temos empregados mais qualificados, e menos problemas com acidente de trabalho.

Temos até um ganho social para a região. Temos cursos de qualificação para o produtor. Temos muita coisa sendo feita, mas a vitrine é a experiência da comercialização.

Aguarde nos próximos dias a segunda parte da entrevista com Celso Lopes, presidente da Aprova, sediada em Britânia, GO.

Por favor, deixe seu comentário, pergunta ou sugestão para a Aprova, no espaço para cartas, abaixo.

Aproveite e participe do workshop sobre associações de pecuaristas, dia 21 de maio, em Itupeva SP.

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