Os principais países exportadores de carnes, incluindo o Brasil, direcionam atualmente as atenções ao mercado comprador da China. A pergunta que todos querem saber é uma só: em quanto tempo o gigante asiático conseguirá realmente recuperar o seu rebanho de porcos, que foi duramente destruído pelo surto de peste suína africana (ASF, sigla em inglês)?
A reconstrução do rebanho chinês vai impactar diretamente os embarques de todos os países fornecedores de proteína animal, a começar pelo Brasil, que, no ano passado, exportou mais de US$ 4 bilhões em carne bovina à China, ou 47,5% do faturamento total.
Em artigo publicado no portal australiano Beef Central, o analista Andrew Whitelaw, da Thomas Elder Markets, diz não acreditar na rápida recuperação do rebanho da China, como apregoa o governo chinês. “A velocidade de reconstrução com base em dados chineses é otimista”, diz ele, que completa: “Embora alguns possam considerar os dados do governo chinês como verdade, nós não…”
Os dados do governo chinês apontam para um rebanho suíno próximo aos níveis pré-ASF, com probabilidade de uma reconstrução total ainda durante 2021. No entanto, observa o analista, a China continua importando grandes volumes de carne, o que não faria sentindo caso o rebanho estivesse se aproximando do nível normal. Além disso, continua ele, o preço da carne suína continua alto, apesar da aparente reconstrução do rebanho suíno. “Se a oferta estivesse disponível, os preços da carne suína estariam caindo”, avalia.
No entendimento do analista, o rebanho chinês será reconstruído, mas isso levará algum tempo. “Quando isso ocorrer, veremos um impacto no preço de nossa carne”, ressalta ele, que acrescenta: “Esperamos que a reconstrução demore um pouco mais e se aproxime dos níveis atuais do governo no final de 2021”, prevê.
Nos últimos dois anos, um dos maiores impulsionadores do preço internacional da carne tem sido o impacto causado pela febre suína africana. O surto causou a perda de uma grande proporção de todos os suínos da China, ressalta o analista Andrew Whitelaw. Portanto, continua ele, o déficit de proteína causado pela ASF na China (e também em outros países produtores da Ásia) causou um efeito indireto nos valores da carne em todo o mundo, à medida que a China acelerou o ritmo de importações. Porém, “o que sobe tem que descer”, observa Whitelaw.
Fonte: Portal DBO.