O governo não apresentou nenhuma proposta aos caminhoneiros na reunião realizada nesta quarta-feira, 23, na Casa Civil, informou o presidente da Confederação Nacional dos Transportadores Autônomos (CNTA), Diumar Bueno. “O governo veio mais justificar a impossibilidade de atender às reivindicações da categoria”, disse. “Ele sentiu o peso do movimento, que está tomando conta do País, e jogamos a responsabilidade para eles, porque eles foram avisados há mais ou menos um mês.”
O governo pediu mais 24 horas para apresentar alguma proposta, informou. E ficou estabelecida uma comissão formada pelos representantes dos caminhoneiros e do governo. Uma nova reunião foi marcada para quinta-feira, 24, às 14 horas.
Segundo Bueno, o governo confirmou que a Cide do diesel será zerada, e não haverá reoneração da folha para o setor de transporte. “Mas isso só é insuficiente. Representa cinco centavos no preço, se for repassado.”
Já em relação ao pedido de retirada do PIS/Cofins sobre o diesel, o representante dos caminhoneiros disse que o governo informou não estar preparado para responder ao pedido e ficou de apresentar uma proposta nesta quinta. O mesmo se aplica ao pedido de escalonamento em três meses dos reajustes do diesel.
“Sobre a política de preços da Petrobras, disseram que tem um gestor lá. A Petrobras parece que não é do Brasil. Tem uma pessoa que é o gestor e (a resposta) depende dessa pessoa, e é isso que vão conversar agora.” É possível que um representante da estatal participe da reunião desta quinta.
Diante desse resultado, a greve continuará, segundo informou o presidente da CNTA. “Pela minha leitura, a categoria não se desmobiliza por causa dessa reunião”, afirmou. “A categoria não está disponível para promessas em vão, abertas.”
Questionado sobre os prejuízos que a paralisação dos caminhoneiros traz à população, ele respondeu que a pergunta deveria ser dirigida aos ministros. “O governo deixou a situação chegar nesse ponto crítico, agora precisa dar solução.”
Ele explicou, ainda, que as entidades representativas não correm o risco de serem multadas porque o movimento ocorre dentro dos ditames da lei. “Não há interrupção de nenhuma rodovia”, afirmou. “A categoria, de forma inédita, mostrou que não é anarquista e fez o movimento dentro da lei.”
Segundo explicou, não há interdição total em nenhuma rodovia. É autorizada a passagem de veículos especiais, ambulâncias, carros pequenos, veículos de passageiros, transporte de produtos clínicos e carga viva.
Segundo Bueno, a paralisação não tem caráter político, nem econômico. “É por uma questão de sobrevivência”, afirmou. “A categoria não aguenta mais trabalhar sem rentabilidade.”
Fonte: Estadão.