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Com oferta reduzida, arroba do boi gordo acumula valorização

O mercado do boi fechou mais uma semana em alta, com a arroba do boi gordo e a carne no atacado registrando valorização. A oferta reduzida de animais para abate forçaram os frigoríficos a negociar os preços pagos ao produtor - na maioria das regiões foram pagos valores mais altos do que na semana passada - e mesmo assim as escalas não evoluíram significativamente.

O mercado do boi fechou mais uma semana em alta, com a arroba do boi gordo e a carne no atacado registrando valorização. A oferta reduzida de animais para abate forçaram os frigoríficos a negociar os preços pagos ao produtor – na maioria das regiões foram pagos valores mais altos do que na semana passada – e mesmo assim as escalas não evoluíram significativamente.

O inicador Esalq/BM&FBovespa boi gordo à vista foi cotado a R$ 90,86/@, nesta quarta-feira, acumulando variação positiva de 2,37% na semana. O indicador a prazo teve valorização de 2,42%, sendo cotado a R$ 92,20/@. Em relação ao mesmo período do ano passado, hoje a arroba – com prazo para pagamento de 30 dias -, cotada pelo Cepea (Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada – Esalq/USP), está 48,45% mais cara.

Tabela 1. Principais indicadores, Esalq/BM&F, relação de troca, câmbio

Nessa semana o dólar apresentou forte valorização, sendo cotado ontem a R$ 1,9205 e acumulando alta de 4,17%. Na segunda-feira, o dólar compra Ptax (taxa média de câmbio calculada pelo Banco Central) fechou o dia a R$ 1,9551.

A valorização da moeda americana frente ao real nos últimos três meses é a terceira maior variação do dólar em toda a existência do Plano Real (junho de 1994), mostra levantamento da consultoria Economática. “A valorização do dólar nesse trimestre deve trazer conseqüências negativas nos resultados das empresas de capital aberto”, afirma a consultoria, devido aos efeitos da oscilação cambial sobre as despesas financeiras.

Apesar do agravamento da crise, o fluxo de dólares para o Brasil se manteve positivo no mês passado, segundo o Banco Central. Consideradas as operações fechadas até a sexta-feira passada, o ingresso líquido de capital estrangeiro no país ficou em US$ 2,749 bilhões. Os números mostram que esse saldo positivo só foi alcançado por causa do desempenho da balança comercial, já que as operações de comércio exterior responderam pela entrada de US$ 6,256 bilhões. As demais transações – compostas principalmente de empréstimos e investimentos externos -, ao contrário, registraram uma saída de US$ 3,507 bilhões.

A instabilidade registrada no mercado financeiro nas últimas semanas e reforçada nas bolsas de valores está enxugando o crédito no mundo todo. Além da disponibilidade de recursos ter recuado para níveis muito baixos, os poucos recursos que sobraram estão disponíveis a taxas muito elevadas e com prazos muito reduzidos em comparação ao período anterior ao início da crise financeira.

Na tentativa de amenizar a escassez de linhas de financiamento externas para o setor agrícola, o governo decidiu antecipar a liberação de R$ 5 bilhões que o Banco do Brasil previa usar somente no Plano de Safra do ano que vem.

O principal alvo da liberação do dinheiro são os grandes produtores de grãos, já que são eles os mais afetados pela falta de crédito no atual período de plantio. Para plantar, os agricultores contam basicamente com três fontes de recursos: capital próprio, dinheiro que o governo anuncia para os financiamentos dentro dos planos de safra e os empréstimos de tradings e de fornecedores. Como a disponibilidade de crédito externo caiu, os produtores aumentaram a demanda por empréstimos no BB.

O presidente da Associação Brasileira da Indústria Produtora e Exportadora de Carne Suína (Abipecs), Pedro de Camargo Neto diz que essa situação irá influenciar as vendas externas do país. O presidente da Abipecs ressaltou, porém, que, no Brasil, a situação é um pouco mais fácil que em outros países, pois a rede bancária, em geral, está fortalecida e sempre é possível imaginar alguma ação de governo para garantir os financiamentos.

“Vai piorar, mas outros países vão piorar mais. O Brasil tem condições de se levantar mais rápido. Primeiro porque estamos com a casa em ordem, segundo porque nossa pauta é de alimentos. Lógico que, na recessão diminui a demanda, mas diminui menos que bens supérfluos”, completa Pedro de Camargo Neto.

As exportações de carne bovina in natura seguem batendo novos recordes, com receita de R$ 454 milhões durante o mês de setembro, um aumento de 55,85% em relação ao mesmo período do ano passado. No acumulado dos 9 primeiros meses do ano a diferença é de +21,85% – até o momento a receita acumulada em 2008 atingiu US$ 3,17 bilhões.

Em relação ao volume, foram enviadas ao exterior 98.500 toneladas em setembro, somando um volume de 815,4 mil toneladas no período de janeiro a setembro deste ano, essa quantidade é 18,88% menor do que o registrado no mesmo período de 2007.

Gráfico 1. Exportações de carne bovina in natura, receita e volume

O preço médio da carne bovina exportada, também registrou um novo recorde, US$ 4.378/tonelada, e confirmando a tendência de alta dos últimos meses. Em relação ao mesmo período do ano passado, o preço médio acumulou valorização de 48,04%.

Tabela 2. Exportações brasileiras de carne bovina in natura

O mercado segue com boas expectativa, para os próximos meses, em relação às exportações de carne bovina. Em primeiro lugar, o Real menos valorizado torna o produto brasileiro mais competitivo no mercado internacional, fato que favorece os exportadores brasileiros devido a possíveis aumentos no volume exportado.

Colaborando também para o aumento das exportações está o crescimento da lista de propriedades aptas a exportar para a União Européia. Hoje o número de estabelecimentos aprovados é de 364. Segundo o Mapa o ritmo das auditorias tem aumentado significativamente, na última semana do mês passado, o Brasil possuía 180 propriedades cadastradas. Nos últimos 30 dias, o número de fazendas dobrou.

Preocupado com possíveis efeitos da crise mundial e da escassez de crédito no setor de carnes brasileiro, o governo afirma que está discutindo a redução da cobrança de PIS e Cofins incidentes sobre a cadeia das carnes. A idéia, segundo o ministro interino da Agricultura, Silas Brasileiro, é reduzir a tributação sobre as exportações para tornar o produto brasileiro mais competitivo no exterior, no momento em que a crise financeira internacional pode dificultar as exportações de produtos agropecuários.

De acordo com Brasileiro, a idéia do governo é reduzir a alíquota de 9,25% para 4,75%. Para o mercado interno, a idéia é isentar o setor de carnes dessa cobrança, o que reduziria os preços e elevaria o consumo.

No mercado físico, a oferta de animais para abate se mostra restrita e os frigoríficos encontram dificuldade para alongar escalas, que em média atendem 5 dias. A oferta de bois de cocho no momento é reduzida e parece que as indústrias não conseguirão mais pressionar o mercado baseadas no volume de animais confinados. “Após a realização dos contratos de boi a termo e a entrega dos animais de confinamento, espera-se que as cotações de boi gordo retomem a trajetória de alta”, comenta Maria Paula Valente, da FCStone.

Em São Paulo, a maioria do frigoríficos pagam R$ 90,00 pela arroba do boi gordo, mas o reajuste de R$ 1,00, em relação aos preços de balcão da semana passada não trouxe grande alívio às indústrias e o mercado segue travado. Quem precisa de animais para a próxima semana precisa negociar bastante para conseguir efetivar compras.

Acesse a tabela completa com as cotações de todas as praças levantadas (SP, MS, MT, GO, PR, MG, PA, TO, RS, RO, AC e MA) na seção cotações.

Apesar do mercado físico e do atacado da carne apresentarem tendência de alta, ontem a BM&F fechou com recuo em todos os vencimentos. Na avaliação da semana, o contrato que vence em outubro/08 teve valorização de R$ 0,40, fechando R$ 92,83/@, diferente de todos os contratos que estão sendo negociados até o momento.

Gráfico 2. Indicador Esalq/BM&F e contratos futuros de boi gordo (valores à vista), em 24/09/08 e 01/10/08

No mercado de reposição os ânimos seguem menos aquecidos do que nos meses anteriores, mesmo assim o bezerro apresentou variação positiva no acumulado da semana. Nesta quarta-feira, o indicador Esalq/BM&FBovespa bezerro MS à vista foi cotado a R$ 720,11/cabeça, leve alta de 0,11%. Em relação ao mesmo período do ano passado a cotação divulgada ontem pelo Cepea é 55,01% superior.

Manoel Torres Filho, leitor do BeefPoint de Tupi Paulista/SP, comenta que o bezerro desmamado está sendo negociado, na região, a R$ 700,00. “O mercado de reposição continua muito calmo. Aqui na região ainda não choveu para que as pastagens se recuperem, mas acredito que assim que chover o suficiente, o mercado voltará a se aquecer”, ressalta.

No noroeste de Minas Gerais, o bezerro é cotado entre R$ 500,00 e R$ 520,00. O leitor do BeefPoint, Alexsandro Mendonça comenta, “a oferta de bezerros está razoável, mas os preços cairam e os animais estão com baixa condição corporal. Com a queda do preço do boi gordo o mercado está vulnerável e pouco aquecido, mas os garrotes continuam valorizados”.

A relação de troca, boi gordo (16,5@) por bezerros está em 1:2,08, apresentado alta durante a semana.

No atacado da carne bovina, os três cortes primários tiveram valorização durante a semana, segundo o Cepea, chegando ao maior preço nominal do histórico do centro de estudos, R$ 5,70/kg da carcaça casada de boi no atacado da Grande São Paulo.

Tabela 3. Cotações do atacado da carne bovina

Segundo o Boletim Intercarnes, o traseiro foi cotado a R$ 6,60, o dianteiro a R$ 5,10 e a ponta de agulha a R$ 4,50. Assim o equivalente físico é calculado em R$ 86,13/@. O spread (diferença) entre indicador de boi gordo e equivalente ficou em R$ 4,73/@, este valor é 41,39% inferior à média dos últimos 12 meses que é de R$ 8,07/@.

Gráfico 3. Indicador Esalq/BM&FBovespa boi gordo à vista x equivalente físico

0 Comments

  1. Márcio Cotini disse:

    Quem quiser comer carne vai ter que acostumar a pagar mais, podem ter certeza. Com ou sem crise.

  2. João Bosco Pereira disse:

    Enquanto a “parceria comercial” (se é que podemos chamar assim) entre frigoríficos e pecuaristas não melhorar, assistiremos passivamente as grandes redes desfrutarem da margem de lucro mais lucrativa de toda a cadeia produtiva da carne.

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