O atraso no plantio de grãos nos Estados Unidos deu impulso às cotações na Bolsa de Chicago nesta terça-feira. A soja para julho avançou 0,44%, a US$ 15,9225 por bushel, em decorrência, também, de uma correção técnica nos preços após a queda de 2,27% na sessão de ontem.
Segundo o Departamento de Agricultura dos EUA (USDA), até o último domingo, 12% da área havia sido plantada no país. A média das últimas cinco safras é de 24%.
O analista Karl Setzer, da AgriVisor, diz que o mercado espera uma aceleração dos trabalhos nesta semana, quando o clima deve ficar mais favorável. “Há previsão de condições quase de verão após semanas de clima frio e úmido no Centro-Oeste”, afirma.
No Brasil, a AgResource reduziu para 119,73 milhões de toneladas sua expectativa para a safra 2021/22 de soja, volume 0,26% inferior à previsão anterior da consultoria. O corte deveu-se, principalmente, a um ajuste na estimativa de produção em Mato Grosso do Sul.
Com a redução na estimativa de colheita, a AgResource também atualizou sua projeção de exportações em 2022. Agora, a empresa prevê embarques de 75,5 milhões de toneladas, ou 12% a menos que o volume de exportações do ano passado.
Em maio, as exportações de soja do Brasil podem chegar a 10,62 milhões de toneladas, segundo a nova estimativa da Associação Nacional dos Exportadores de Cereais (Anec), feita com base na programação dos portos. O volume é 31,6% maior que a projeção que a entidade informou na semana passada, mas 25,3% inferior aos embarques de maio de 2021.
Milho
No mercado de milho, o papel para julho fechou em alta de 0,42%, a US$ 7,7525 por bushel. O USDA estima que, até o último domingo, 22% da área a ser ocupada pelo cereal havia sido plantada, ritmo bem inferior à média das últimas cinco safras para o atual estágio da temporada, de 50%. Assim como no caso da soja, espera-se que o plantio deslanche nesta semana.
No Brasil, a AgResource projeta que o milho ocupará 20,35 milhões de hectares na temporada 2021/22. Essa área é 1,4% menor que a estimada pela Companhia Nacional de Abastecimento (Conab).
Já a estimativa da AgResource para a produção de milho na primeira safra é quase 12% menor que a da Conab, divulgada em abril. A consultoria prevê 21,94 milhões de toneladas; a estatal, 24,89 milhões. A AgResource projeta colheita de 84,44 milhões de toneladas na segunda safra, mas, como a estiagem persiste em áreas produtoras relevantes, a empresa não descarta fazer cortes nas estimativas no futuro.
Segundo a Associação Nacional dos Exportadores de Cereais (Anec), as exportações brasileiras de milho devem somar 927,2 mil toneladas neste mês, volume 25,7% superior à previsão da semana passada. Em maio de 2021, o país não embarcou milho.
Trigo
Os papéis do trigo para julho fecharam estáveis na Bolsa de Chicago, a US$ 10,9275 por bushel. A previsão de clima favorável ao plantio do cereal de primavera nos EUA e Canadá nesta semana pressionou as cotações.
De acordo com o USDA, até o último domingo, o plantio já havia ocorrido em 27% da área. A média das últimas cinco safras para o período é de 47%.
A Índia exportou 1,4 milhão de toneladas de trigo no mês passado, um recorde, disseram à agência Reuters integrantes da cadeia do cereal. A notícia deu certo alívio ao mercado de grãos, que luta para encontrar alternativas ao suprimento que parte do Mar Negro, prejudicado pela guerra na Ucrânia.
No ano fiscal 2021/22, que terminou em março, os indianos venderam 7 milhões de toneladas ao exterior, sendo 242,86 mil toneladas em abril do ano passado. A Índia é o segundo maior produtor de trigo do mundo.
“Em maio, os embarques podem chegar a 1,5 milhão de toneladas”, disse um operador de grãos de uma trading global que atua em Nova Délhi. “A oferta de trigo e a disponibilidade de vagões melhoraram nas últimas semanas, e isso ajudará a aumentar as exportações de trigo neste mês”.
Fonte: Valor Econômico.