Como melhorar a eficiência da cria?

Uma das principais limitações produtivas e econômicas dos sistemas de cria no Brasil é a baixa eficiência reprodutiva da vacas com cria ao pé, atraso na idade ao primeiro acasalamento e a baixa qualidade do produto.

Os pastos tropicais constituem o principal recurso alimentar sendo a base da cria, especialmente no Centro-Oeste, principal região produtora de bezerros. Esse é o alimento de menor custo e será um fator de competitividade para os sistemas dessas regiões.

O baixo nível tecnológico da maioria das empresas de cria no Brasil determina um perfil de baixa produtividade, com valores que vão desde 40 kg/ha/ano, nos ambientes mais difíceis (Pantanal, Extremo Norte, Nordeste), até 100 kg/ha/ano nas áreas melhoradas.

Os modelos produtivos tradicionais, de baixa produtividade, vêm enfrentando uma severa crise nos seus resultados econômicos, que afetam sua viabilidade futura caso não incorporem tecnologias de manejo necessárias para produzir mudanças nos seus níveis de eficiência.

O cenário atual vem demonstrando o ingresso de investidores com grandes interesses na produtividade e rentabilidade dos novos negócios o que repercute na introdução de tecnologias na atividade. Associado a isto vem sendo observado uma nova geração de pecuaristas, mais interessados na adoção de insumos. O maior interesse dos produtores de média escala, resultantes das divisões das empresas, em formar alianças com sistemas de terminação também vem alterando a produtividade e a qualidade do produto. Deste modo observa-se uma tendência positiva e orientada na profissionalização do manejo e na gestão da produção pecuária.

Nos próximos anos o foco da cria será destinado a melhorar a qualidade da produção e na certificação dos processos produtivos, para poder atingir a demanda de bezerros pelos sistemas de engorda que destinam seus bois aos mercados mais exigentes.

Entre os principais fatores que limitam a produtividade dos sistemas de cria se destaca o baixo número de vacas por unidade de área, particularmente no Sul e no Extremo Norte do Brasil, a baixa eficiência reprodutiva dos ventres, o deficiente crescimento das novilhas e a inadequada estrutura do rebanho. Também deve ser chamada atenção para o baixo aproveitamento das vacas de descarte, pelo seu baixo peso de venda e pela falta de uma melhor qualidade da carcaça. Acrescente-se a isto o déficit na produtividade e aproveitamento dos recursos forrageiros.

A importância relativa dos diferentes fatores (Figura I) varia conforme a situação de cada sistema. Assim, quando se trata dos resultados econômicos do processo produtivo, nota-se que o controle dos fatores que determinam uma alta eficiência produtiva, somente constitui uma parte do todo. Evidencia-se a importância relativa do volume total de vendas anuais, do controle dos preços de compra e de venda e dos gastos diretos e de estrutura.

Um dos caminhos para melhorar a eficiência é a intensificação orientada para otimizar os recursos disponíveis a partir de um maior investimento intelectual. Entre as principais técnicas a incorporar no processo de melhoria da cria se destaca:

1) Tecnologias orientadas para melhorar o manejo produtivo e aproveitamento dos pastos (divisões, carga animal, controle de plantas invasoras, etc.).
2) Introdução da suplementação estratégica, para melhorar a recria das novilhas, alimentação de bezerros ao pé da vaca e engorda de categorias residuais do rebanho de cria.
3) Introdução do gerenciamento da condição corporal como indicador do estado nutricional das vacas, para definir o manejo e melhorar a eficiência reprodutiva das vacas com cria.
4) Cruzamentos orientados para melhorar a precocidade de alguns genótipos e a qualidade dos bezerros.
5) Introdução de ferramentas de planejamento e gestão empresarial para controlar a produção e o financiamento anual das atividades do processo produtivo.

No atual contexto econômico, existem oportunidades e ameaças para as empresas de cria e os sistemas pecuários serão sustentáveis quando atingirem um nível competitivo superior seja pela utilização de estratégias de gestão empresarial e pela intensificação da atividade. Por isso, é fundamental um planejamento claro de objetivos do empresário e ferramentas para a tomada de decisões. Portanto, a intensificação dos sistemas de cria exige um maior esforço no planejamento e gestão dos recursos, mantendo o princípio da precaução diante dos níveis elevados de utilização de insumos, cujos preços dependem das oscilações do mercado e incidem sobre a rentabilidade de forma considerável (Figura II).