Os consumidores do Reino Unido estão mais confiantes na capacidade do Governo de lidar com os riscos referentes à segurança dos alimentos do que em outras áreas da Europa, de acordo com uma pesquisa feita pelo Conselho Nacional dos Consumidores. Além disso, um relatório feito pela Mintel’s sobre a indústria de alimentos concluiu que a Agência de Padrões dos Alimentos (FSA) está ajudando a restabelecer a confiança pública na cadeia de alimentos.
O presidente da FSA, John Krebs, apresentando uma palestra no Centro Administrativo de Londres, disse que a agência é “filha” da crise gerada pelo surgimento de encefalopatia espongiforme bovina (EEB), ou doença da “vaca louca”, no país. “Ela foi fundada, há quase três anos, para reconstruir a confiança pública na forma como o Governo administra os assuntos referentes à segurança dos alimentos. A forma com a qual temos lidado com estes riscos, trabalhando junto com a indústria, os consumidores e outros membros do setor, tem levado a não geração de uma crise na confiança dos consumidores”.
“Transparência e honestidade, reconhecendo que os alimentos não estão livres de riscos, e que há incertezas, são para mim partes importantes na manutenção da confiança pública. Nosso novo estilo de comunicação não é sempre confortável para os membros da indústria, especialmente quando afeta nomes de marcas individuais. Eu espero, no entanto, que a indústrias dividam comigo o reconhecimento de que este é o jeito mais efetivo para o Governo lidar com os riscos e as incertezas com relação aos alimentos e que há benefícios para todos, não somente para aqueles que produzem e vendem alimentos”.
Krebs disse que, no futuro, a administração de crises relacionadas aos riscos de segurança dos alimentos se tornará um problema para toda a Europa, que será feita a partir de Bruxelas. “Quando pensamos sobre o que isto significa para o futuro, nós relembramos a nós mesmos o óbvio: diferenças culturais ainda são importantes. E isto será acentuado em 2004, quando a União Européia (UE) se expandirá para incluir 25 estados membros e cerca de 450 milhões de cidadãos”.
Krebs disse que a ciência de avaliação de riscos é a mesma em todas as regiões, mas que a aceitação dos consumidores dos riscos pode ser diferente entre os países e isso certamente influenciará nas decisões relacionadas ao gerenciamento dos riscos.
“Então, nós não podemos assumir que o que funciona bem no Reino Unido funcionará igualmente em qualquer lugar da Europa. Entretanto, eu lembro que há princípios comuns. Primeiro, a avaliação de riscos deverá ser baseada nos fundamentos das melhores evidências e opiniões científicas disponíveis. Segundo, a base de qualquer conselho científico, incluindo as incertezas, deverão ser completamente expostas. Terceiro, a tradução destes conselhos em política deverá ser feita de forma transparente, incluindo diálogos com os membros do setor”.
Ele disse que a entidade apoiará fortemente a Autoridade européia de Segurança dos Alimentos em seu papel de trazer estas medidas para toda a Europa. Porém, ele lembrou que com a ampliação do bloco europeu, os riscos referentes aos alimentos deverão aumentar.
“Há fábricas de processamento de alimentos nos novos estados membros que não estão de acordo com os padrões da UE, e estas terão que ser aprimoradas ou fechadas. Porém, o aprimoramento levará tempo e, neste período, os produtos compatíveis e não compatíveis terão que ser segregados”.
Krebs disse que isto poderá criar oportunidades de misturas acidentais ou fraudes, que poderá eclodir em um prejuízo à confiança dos consumidores. Segundo ele, o sistema da Europa terá que fazer sua parte, mas a indústria também terá que ser vigilante e controlar suas fontes para garantir que a segurança e os padrões sejam sustentados.
“Igualmente, as novas fronteiras da expansão da UE representarão um desafio para a integridade de nossa cadeia de fornecimento de alimentos. Desta forma, 87 novos pontos de inspeção nas novas fronteiras externas terão que ser criados para controlar as importações legais e parar com as importações ilegais. As fronteiras dos outros estados membros são nossas fronteiras, então, simplesmente melhorar os controles de importação do Reino Unido não ajudará”.
“As autoridades públicas controlarão o máximo que puderem, mas, considerando a escala e a complexidade do cenário, os importadores do Reino Unido terão uma importante responsabilidade na garantia de segurança nas cadeias fornecedoras”.
Fonte: MeatNews.com, adaptado por Equipe BeefPoint