O bem-estar animal tem sido preocupação crescente entre pesquisadores, produtores e consumidores de todo o mundo que passaram a exigir com maior intensidade uma conduta humanitária no tratamento dos animais, no que diz respeito à produção, transporte e abate.
Assim, para mostrar o que está acontecendo de mais atual no Brasil e no mundo frente a área de bem-estar animal, na cadeia produtiva bovina, o BeefPoint preparou algumas entrevistas com diversos pecuaristas brasileiros e diversos profissionais da área, em diversos países, os quais já adotam medidas de manejo que visam as boas práticas de manejo, compartilhando assim alguns casos de sucesso na pecuária de corte nacional e internacional.
Confira abaixo, entrevista exclusiva ao BeefPoint, com Temple Grandin:
Temple Grandin é professora de Ciência Animal da Universidade do Estado do Colorado e especialista em manejo de bovinos, métodos de abate humanitário e bem-estar animal.
BeefPoint: Por favor, conte sobre o trabalho que vem desenvolvendo na área de bovinocultura de corte e bem-estar animal nos EUA – Estado do Colorado.
Temple Grandin: No caso da pecuária de corte, as maiores melhorias em bem-estar animal foram implementadas nas plantas de abate.
Eu trabalhei com o McDonald’s Corporation para treinar seus auditores que utilizassem um sistema de classificações, com os objetivos de avaliar o manejo animal e o stunning (atordoamento do animal). Além de que, recentemente me envolvi no desenvolvimento e no uso de câmeras de vídeo, monitoradas por uma empresa de auditoria, para garantir que os altos padrões sejam mantidos tanto no manejo quanto no stunning nas plantas frigoríficas de nosso estado. Felizmente, ambos os programas foram muito bem sucedidos.
Mais informações sobre esses programas podem ser encontradas no meu site: grandin.com.
BeefPoint: Qual é a sua visão sobre as práticas de bem-estar animal em seu país?
Temple Grandin: As práticas de manejo animal nas fazendas e confinamentos têm melhorado desde meados dos anos 70 e 80.
Minha aluna de pós-graduação, Ruth Woiwode, recentemente fez uma pesquisa das práticas de manejo de bovinos durante a vacinação dos animais em 28 confinamentos dos Estados Unidos em Kansas, Nebraska e Colorado.
Muitos confinamentos não usavam bastões elétricos e o escore médio para uso de bastão elétrico foi de somente 5,5% dos bovinos. Além de que, menos de 1% dos animais caíram durante o manejo.
BeefPoint: Em relação ao manejo de bovinos, quais os erros mais comuns cometidos pelos pecuaristas?
Temple Grandin: O erro mais comum cometido pelos produtores é deixar os animais excitados, gritando e berrando.
As pessoas precisam se acalmar quando manejam o animal. Quando os bovinos ficam com medo, demora cerca de 20 a 30 minutos para se acalmarem. Animais calmos são mais fáceis de manejar!
BeefPoint: Você acredita que o pecuarista tem procurado empregar técnicas de manejo racional, treinar mão de obra, assim como reestruturar seus hábitos e tradições de anos?
Temple Grandin: Acredito que já avançamos muito no quesito manejo racional e bem-estar animal, mas ainda há a necessidade de mais melhoras no manejo dos bovinos.
BeefPoint: Que mensagem você deixaria para os pecuaristas em âmbito de bem-estar animal?
Temple Grandin: Os consumidores estão se tornando cada vez mais preocupados com a forma que os animais são tratados. No setor agropecuário precisamos avaliar tudo o que fazemos e fazer as seguintes perguntas:
Como nossos métodos seriam vistos em um vídeo feito por um celular na internet?
Como as pessoas nas cidades veriam isso?
Se você se sentir embaraçado em mostrar isso, deve parar de fazer.
Temple Grandin é palestrante do BeefSummit Bem-estar animal, que acontece hoje em Ribeirão Preto SP!
1 Comment
Bom Dia!
Acho de extrema importância o que vem sendo feito sobre o bem estar animal no mundo da agropecuária, principalmente no Brasil.
Sou Médico Veterinário e Resp. Técnico de um Estabelecimento de Pré Embarque (EPE), aqui no Estado do Pará e já a algum tempo estamos nos mexendo, com relação ao Bem Estar Animal em nossa propriedade. Só que ainda acho que falta muito a se fazer, principalmente com relação a treinamentos, tanto para os vaqueiros quanto para os Resp. Técnicos, sendo estes últimos ao meu ver o transferidor de conhecimento, pois percebo que comparando com a região Sudeste do Brasil, nós aqui da Região Norte estamos muitos atrás quando se fala de cursos e palestras sobre o bem estar animal que ainda é muito pobre.
Em cima desse depoimento venho procurar saber, se vocês tem como me fornecer materiais sobre Bem Estar Animal e Boas Práticas de Manejo, para que eu possa treinar, mais e mais nossos vaqueiros e disseminar juntos as demais EPE’s tais materiais.
A EPE é uma propriedade onde “acomodamos” os animais destinados a exportação internacional!