A previsão global da indústria avícola é boa para o restante de 2014, de acordo com o relatório trimestral do Rabobank. Fundamentos fortes promoverão mais melhoras nas margens em quase todas as regiões do mundo. A oferta mundial de carne de frango está relativamente escassa, enquanto os preços das carnes concorrentes (carne bovina e suína) estão aumentando devido à baixa oferta. Isso fornecerá uma base forte para melhora nas margens, especialmente à medida que a previsão para os preços dos grãos indicam mais declínios em 2015, direcionados pela previsão positiva para grãos e oleaginosas.
A previsão de queda nos preços médios para carne de frango e outras aves no quarto trimestre do ano está de acordo com a queda nos preços dos alimentos animais, mas permanecerão altos o suficiente para manter as margens fortes. Menos casos de influenza aviária H7N3 em mercados muito afetados, como China e México, fornecerão à indústria aviaria nesses mercados uma chance de recuperação das margens.
O grande vencedor dessas restrições comerciais será Brasil, junto com indústrias locais da Rússia e África do Sul, onde as margens aumentarão de forma significativa. O consumo na África do Sul e Rússia poderá declinar, à medida que os preços aumentaram nesses mercados. O único país que poderá potencialmente substituir algumas perdas nas importações é o Brasil. As projeções indicam que esse país será capaz de fornecer um volume adicional de 150.000 toneladas à Rússia.
Outros países, como Argentina, Chile ou Tailândia, somente têm capacidade limitada de expandir suas exportações para a Rússia. O Rabobank não vê outros países expandindo seus volumes de exportação de forma significativa para a África do Sul, à medida que a maioria dos principais exportadores, como Brasil e Estados Unidos, já têm restrições de importações na África do Sul. Dessa forma, a consequência será uma perda de cerca de 350.000 toneladas no volume comercial global no próximo ano. Os exportadores nos Estados Unidos e UE competirão para encontrar mercados alternativos e isso afetará os níveis de preços. A África, o Oriente Médio e a Ásia estarão no radar dos exportadores, enquanto alguns volumes pode ser movidos para canais indiretos para a Rússia via Bielorrússia e Cazaquistão.
O Rabobank não acredita que haverá um impacto significativo nas indústrias locais de carne de aves dos Estados Unidos e da UE, à medida que os fundamentos do mercado são relativamente fortes, especialmente nos Estados Unidos, onde a indústria está novamente se dirigindo para níveis recordes de margens. As exportações à Rússia representam somente 8% das exportações totais, enquanto a Rússia e a África do Sul representam 20% do total das exportações da UE (6% e 14%, respectivamente). Fortes fundamentos manterão os preços das carnes brancas, enquanto os preços das carnes escuras poderão ficar sob pressão, mas não a um nível que afetará as margens seriamente.
O Brasil será o grande vencedor e os preços e margens na indústria já aumentaram de forma significativa desde a introdução do embargo russo. Essa é uma situação bem vinda para a indústria após um período de sofrimento nas exportações e fraca demanda doméstica devido à situação econômica no Brasil. A Argentina somente será capaz de se beneficiar parcialmente da nova abertura de mercado, à medida que a indústria se manterá focada no mercado doméstico como resultado da fraca situação econômica e taxas não competitivas de câmbio.
As condições de mercado na Ásia também estão se tornando mais positivas. O Japão está se beneficiando de um iene mais forte e de estoques locais escassos. O desempenho mais fraco das indústrias na primeira metade do ano (China, Índia e Tailândia) estão agora também melhorando, com os preços dos frangos na China aumentando devido aos menores estoques. Entretanto, os mercados permanecem frágeis e os recentes escândalos de segurança alimentar novamente afetarão o mercado de food service ocidental. É a Tailândia que se beneficiará dos atuais problemas de segurança alimentar da China. O governo japonês está agora impondo controles mais fortes às importações chinesas enquanto alguns processadores e restaurantes estão mudando suas compras da China à Tailândia.
Fonte: Rabobank, traduzida e adaptada pela Equipe BeefPoint.