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Série analistas de mercado: uma análise bem embasada, justamente pela dificuldade de ser produzida, traz retorno! [Fabiano Tito]
27 de outubro de 2013

Confira projeções para o mercado da carne bovina no Brasil, EUA, Austrália, China e Uruguai – Relatório Rabobank 3T13

Cenário atual

O Rabobank Global Cattle Price Index parece ter alcançado um piso após dois anos e meio de firmes declínios. Os preços da carne bovina na maioria dos países aumentou levemente em agosto, comparado com o ano anterior (Figura 1 e 2). O crescimento limitado da oferta, principalmente devido ao declínio nos preços dos alimentos derivados de animais, induziu a uma retenção de rebanho e a contínua forte demanda de importação da Ásia deu suporte a esse desenvolvimento.

Embora a maioria dos países tenha registrado uma melhora nos preços da carne bovina comparado com o ano anterior, os preços australianos declinaram como resultado das condições climáticas negativas. A estação úmida não existente no norte da Austrália forçou os produtores a abater mais animais devido à escassez de alimentos e água.

A indústria global de carne bovina está assistindo ao desenvolvimento da atual saga referente ao uso de beta-agonistas nos Estados Unidos. Depois da indústria de carne suína dos Estados Unidos ter se assustado pela rejeição das exportações de carne suína a alguns países devido ao uso de ractopamina na primeira metade de 2013, o anúncio da Tyson de que, a partir de 6 de setembro, não aceitaria mais gado que tivesse recebido Zilmax está sacudindo a indústria. Apesar do fato de o uso do Optaflexx, outro beta-agonista, não ter sido afetado, essa questão impactará negativamente na oferta de carne bovina dos Estados Unidos e, dessa forma, nos preços globais da carne em um futuro próximo.

O Canadá está passando por um ano incomum nos envios de gado aos Estados Unidos, com os envios de boi gordo caindo em 1%, enquanto as vendas de boi para engorda (+68%) e vacas para abate (+82%) aumentaram respectivamente devido aos altos custos dos alimentos animais e ao fechamento de um processador de vacas de Quebec no final de 2012.

Notavelmente, os preços brasileiros aumentaram devido à menor oferta inesperada e às fortes exportações, que resultaram da desvalorização do real brasileiro com relação ao dólar dos Estados Unidos. Na União Europeia (UE), os mercados estão normalizando após o impacto do escândalo da carne de cavalo no mercado.

Apesar do aumento na produção na Argentina – os abates e a produção de carne bovina aumentaram em 12% e 10%, respectivamente – as exportações estabilizaram devido a uma combinação de tarifas de exportação e a uma taxa de câmbio não competitiva.

Figura 1: Preços médios globais do bovino vivo, em US$/kg

Captura de Tela 2013-10-24 às 10.52.42

Fonte: Bloomberg, Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA), Meat and Livestock Australia (MLA), NZX Agrifax, Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (CEPEA), Instituto Nacional de Carnes do Uruguai (INAC), Instituto de Promoção da Carne Bovina Argentina (IPCVA), Ontario Cattlemen’s Association (OCA), 2013.

T2 = segundo trimestre; T3 = terceiro trimestre

Captura de Tela 2013-10-24 às 10.45.18

Previsão

Esperamos mais aumentos no mercado global de carne bovina para o restante do ano e em 2014, com a principal questão em muitas regiões no mundo sendo onde obter ofertas suficientes de carne bovina. O declínio nos preços dos alimentos animais apoia a retenção do rebanho, limitando mais a disponibilidade já escassa.

Além disso, a demanda permanecerá forte, com a economia global se recuperando levemente e crescendo continuamente o bem-estar nos mercados em alta da Ásia, especialmente China. Principalmente nos próximos meses, as importações chinesas poderão aumentar devido à aproximação do período de festividades em direção ao Ano Novo Chinês em fevereiro.

Esse desenvolvimento pode mudar os padrões tradicionais de comércio, com os exportadores australianos enviando produtos a esses mercados com rápido crescimento ao invés do tradicional mercado dos Estados Unidos, onde a oferta continuará escassa. Isso dará suporte aos fortes preços, que poderão ser difíceis de serem repassados aos consumidores, mas é positivo que os preços das proteínas concorrentes também devam se manter elevados, limitando a competição.

Atualizações regionais

Brasil

Brasil

Os preços dos bovinos no Brasil ficaram em média em R$ 102 no terceiro trimestre de 2013, 3% acima do segundo trimestre e 12% acima da média do mesmo período do ano anterior (Figura 3). Esses aumentos nos preços foram resultado de uma oferta menor do que o esperado dos confinamentos e da maior demanda do setor exportador como consequência da desvalorização da taxa de câmbio.

Os efeitos da desvalorização da moeda local se refletiram no crescimento dos volumes de carne bovina exportados, mas também, na queda dos preços médios internacionais em dólares dos Estados Unidos. Os volumes de exportação em agosto foram os mais altos em mais de cinco anos.

Para os primeiros oito meses do ano, as exportações de carne bovina aumentaram em 26% em termos de volume e 20% em termos de valor, apesar de os preços médios de exportação terem declinado em 5,8% durante o mesmo período.

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As exportações à Hong Kong até agora nesse ano estão em níveis recordes e, apesar de controles mais rígidos terem sido implementados na fronteira chinesa em agosto, limitando, dessa forma, o comércio no “canal cinza” por um tempo, elas foram relaxadas nas últimas semanas. As exportações à Rússia aumentaram como resultado da desvalorização do Real, parcialmente substituindo as exportações de outros países, como Paraguai e Uruguai.

As margens dos frigoríficos de carne bovina orientados ao mercado doméstico caíram inesperadamente no começo de agosto (Figura 4). Os frigoríficos não foram capazes de transferir os maiores preços dos animais para a cadeia de valor devido ao enfraquecimento da demanda doméstica, o que resultou em grande parte do impacto da inflação (geral) sobre o poder de compra dos consumidores e dos altos preços. As margens dos frigoríficos de carne bovina se recuperaram rapidamente a partir do meio de agosto para frente devido ao crescimento sazonal da oferta.

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Para o quarto trimestre, o Rabobank espera que os preços dos animais vivos no Brasil continuem se fortalecendo, liderados pela maior demanda de exportação e menor disponibilidade de animais alimentados com grãos e pasto depois que o crescimento sazonal da oferta enfraquecer. Entretanto, o aumento dos preços provavelmente será limitado devido à competição com outras proteínas.

Estados Unidos

Estados Unidos

A grande história na produção de carne bovina dos Estados Unidos tem sido uma saga em volta dos beta-agonistas. Em 7 de agosto, o frigorífico Tyson inesperadamente anunciou que até 6 de setembro não aceitaria mais bovinos que tivessem recebido Zilmax. O anúncio deixava claro que não se tratava de uma questão de segurança alimentar, mas de preocupações sobre o bem-estar animal devido a notícias sobre alguns animais que receberam o aditivo terem apresentado claudicação e problemas de mobilidade.

As reações iniciais de outros importantes processadores de carne bovina dos Estados Unidos foram que não tinham tido nenhum problema e que continuariam aceitando animais que receberam o aditivo. À medida que o debate sobre o Zilmax continuou, a Merck, fabricante do aditivo, inesperadamente anunciou em 16 de agosto que iria temporariamente descontinuar as vendas do Zilmax até que uma revisão detalhada sobre qualquer possível efeito na saúde dos animais relacionados ao produto fosse completado.

Após a decisão da Merck de suspender as vendas, o restante dos processadores dos Estados Unidos anunciou que não mais aceitariam animais que receberam o produto até que todas as avaliações fossem completadas. Embora as vendas do Zilmax tenham sido suspensas, o uso do Optaflexx, um produto beta-agonista fabricado pela Elanco, não foi afetado.

As ações de mercado para o verão foram sem intercorrências. Os preços do boi gordo foram comercializados dentro de US$ 1,19 a US$ 1,20 do meio de junho até julho e aumentaram para US$ 1,23 durante agosto e setembro.

Os preços do boi gordo deverão continuar sendo comercializados em um alcance estreito em outubro devido às amplas ofertas de curto prazo. Embora o mercado continue com uma previsão letárgica de curto prazo, existe ainda um potencial para um forte aumento no quarto trimestre devido ao estreitamento das ofertas de animais como resultado das menores colocações durante a primavera e o verão. O Rabobank espera que os preços do boi gordo aumentem para US$ 1,30 até o final do ano e espera ver preços ainda maiores no primeiro trimestre de 2014.

Após ter registrado uma queda sazonal no final de maio, os preços dos bois para engorda tiveram uma forte recuperação nos preços de mais de US$ 20,00/100 libras (US$ 44,09/100 kg). O aumento de preços dos animais para engorda foram direcionados por ofertas ainda menores de animais de reposição. Não somente os animais domésticos para engorda estão em oferta escassa, mas as menores ofertas foram ainda mais reduzidas pela forte redução nas importações de bovinos para engorda do México. As importações de animais para engorda do México caíram mais de 450.000 cabeças até agora nesse ano.

Além disso, a recuperação das condições de pastagem renovaram as esperanças de reconstrução do rebanho, que desaceleraria a liquidação de vacas durante a segunda metade do ano. Isso poderia também encorajar a retenção de novilhas, que reduziria mais a oferta de bovinos para engorda.

Os preços dos bovinos para engorda deverão mostrar alguma flexibilização à medida que os envios de bovinos e bezerros para engorda aumentem durante o outono. Qualquer redução nos preços deverá ser apenas temporária devido à demanda de mais capacidade para engorda e crescente garantia de uma nova safra de milho de tamanho razoável e ofertas de feno que reduzirão os custos dos grãos e melhorarão as margens de engorda para os animais.

Canadá

Canadá

À medida que a época da colheita se aproxima, todas as indicações são de que o Canadá estará acima da média do ano safra, que permitirá a reconstrução das ofertas de grãos e de feno. A reconstrução dos alimentos animais seria favorável aos produtores de gado no próximo ano.

O Canadá tem tido um ano muito incomum em termos de envios de bovinos para os Estados Unidos. Os menores números de gados confinados, direcionados pelos baixos retornos aos engordadores de animais e aos altos preços dos grãos usados na alimentação animal, bem como o forte dólar canadense, levaram a uma escassa oferta de animais confinados. As vendas de boi gordo caíram em 1% com relação ao ano anterior.

Já com os animais para engorda a situação é o oposto. Como resultado de um enorme volume de exportações de bovinos para engorda no começo do ano, os envios aos Estados Unidos aumentaram em 68% com relação ao ano anterior. Essa tendência não deverá continuar, à medida que a reconstrução dos estoques de alimentos deverá levar a menores exportações de animais para engorda no próximo ano.

Além disso, as vendas de vacas para abate do Canadá aos Estados Unidos aumentaram em 82% com relação ao ano anterior. Entretanto, o aumento dos envios de vacas foram pelo fechamento de um processador de bovinos em Quebec no final do quarto trimestre de 2012 e não pela maior liquidação.

Até 1 de agosto, o número de bovinos confinados canadenses era de 640.000 cabeças, 1% a mais que no ano anterior. As colocações de animais para engorda em julho foram de 46.800 cabeças, 10% a menos que no ano anterior, também refletindo um aumento nos envios de animais para engorda aos Estados Unidos. As vendas de boi gordo durante julho foram de 143.900 cabeças, 7% a menos que no ano anterior, e outras comercializações foram de 11.100 cabeças, 10% a mais que no ano anterior, refletindo um bom alcance e condições de pastagens, que permitiu que mais animais fossem enviados para forragens naturais.

As expectativas são por um ano melhor para a indústria pecuária canadense no próximo ano, com reconstrução dos estoques de alimentos animais e feno, bem como de melhores condições e alcance de pastagens. Quando combinado com melhores previsões de preços, isso levará à certa reconstrução da indústria no próximo ano.

União Europeia (UE)

União Europeia

A indústria de carne bovina da UE passou por dificuldades na primeira metade de 2013. O impacto do escândalo da carne de cavalo e a queda nas ofertas de bovinos resultaram em um aumento maior que o esperado nos preços, alcançando um novo nível recorde de 4,48 euros (US$ 6,14) por quilo de equivalente peso carcaça (Novilhos R3) em junho.

A situação resultou em aumento dos requerimentos de capital de trabalho e pressão nas margens para a indústria de carne bovina da UE. Esses maiores custos puderam somente ser parcialmente repassados à cadeia de valor, devido à maior resistência dos consumidores aos altos preços.

Os preços da carne bovina da UE aumentaram à medida que a maioria das redes varejistas e de foodservice do Reino Unido e na Irlanda começaram a comprar carne local em reação ao escândalo da carne de cavalo. Os preços da carne bovina aumentaram muito mais rápido na Irlanda e no Reino Unido do que na Europa continental. Por exemplo, os preços das novilhas (R3) aumentaram em 6,1% na Irlanda e em 8,3% no Reino Unido, enquanto o preço médio na UE aumentou em 4,4%. Além disso, um declínio maior na disponibilidade de bovinos – os números de abates na UE caíram em 4,3% na primeira metade de 2013 – também deram suporte ao aumento de preços.

Isso mostra que a situação na UE ainda é de oferta escassa. Entretanto, o desenvolvimento divergente de preços das diferentes categorias de carne bovina desde o começo do ano mostraram que a carne da UE está se normalizando (Figura 5). Isso, devido ao fato de que a maioria dos problemas nas relações de fornecedor-cliente foi resolvido e a oferta está começando a se recuperar. Isso pode ser visto nos preços para jovens touros (R3), que estão declinando mais que outras categorias, e o aumento de 8,4% nas importações de carne bovina, para 168.000 toneladas, de janeiro a junho, principalmente devido à maior oferta do Brasil (+42,6% para 71.000 toneladas).

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Austrália

Austrália

As más condições climáticas em Queensland e partes de New South Wales continuaram direcionando a maior oferta de carne bovina durante os meses de inverno australiano (com pico em julho), pressionando os preços. A produção de carne bovina da Austrália nos primeiros sete meses de 2013 é de 11% ou 127 mil toneladas a mais que no mesmo período de 2012, levando o total para o ano para 1,3 milhão de toneladas. As taxas de abates aumentaram até julho em 14%, ou 603.000 cabeças, com relação a 2012, para um total de 4,8 milhões de cabeças.

Os preços do final de maio ao começo de setembro aumentaram em 14 centavos. Entretanto, eles continuam 17% ou 64 centavos de dólar australiano (61,90 centavos de dólar) atrás dos níveis de preços do ano anterior. O Eastern Young Cattle Indicator no começo de setembro era, em média, de 312,50 centavos de dólar australiano (302,29 centavos de dólar) por quilo.

As condições climáticas extremamente difíceis vêm direcionando menores preços, particularmente no norte da Austrália, onde a estação úmida não existente forçou os produtores a abater estoques devido à escassez de alimentos e água. Subsequentemente, o aumento nos abates de bovinos durante o ano e a baixa qualidade dos bovinos oferecidos como resultado das condições difíceis, têm reduzido os preços.

A previsão para a maioria do setor de carne bovina australiana é mista, com uma previsão do Serviço de Meteorologia, sugerindo que o sudeste do país deverá receber chuvas acima da média nos próximos três meses. Entretanto, a previsão para o norte da Austrália não é tão otimista, colocando mais pressão em uma situação que já é preocupante.

A oferta deverá cair no restante do ano, particularmente com esses grandes números de animais processados até agora em 2013. As menores ofertas e a forte demanda por bovinos de qualidade terminados no quarto trimestre de 2013 deverão levar a uma melhora nos preços pagos ao produtor.

As exportações totais de carne bovina da Austrália de janeiro a agosto aumentaram em 15% com relação ao mesmo período de 2012, ficando em 704.335 toneladas. As vendas em agosto foram as terceiras maiores registradas, de 98.401 toneladas. A demanda dos mercados de exportação permanecem fortes, com a China registrando volumes recorde em agosto (16.192 toneladas), trazendo as exportações totais da China em 2013 para 93.678 toneladas comparado com 5.685 toneladas com relação ao mesmo período de 2012.

As incertezas continuam rondando o comércio de bovinos vivos à Indonésia. Fortes sinais do governo indicam que a Indonésia pode adotar um sistema de paridade de preços para substituir o atual sistema de cotas, apesar de os detalhes dessa política ainda precisarem ser definidos. Os exportadores australianos continuaram diversificando seus mercados de exportação, com destinos como Israel, Malásia e Filipinas (que representam 20% dos mercados de exportação de animais vivos da Austrália) registrando aumentos de 78%, 50% e 153%, respectivamente, com relação ao mesmo período de 2012.

A Austrália agora tem um novo Primeiro Ministro, com Tony Abbott e o Partido Nacional Liberal (LNP) tendo ganho as eleições no começo de setembro. O LNP destacou seu desejo de acelerar os atuais acordos de livre comércio e desenvolver novas relações comerciais para o setor agrícola.

Argentina

Argentina

Os abates e a produção de carne bovina na Argentina aumentaram em 12% e 10%, respectivamente, durante a primeira metade de 2013, comparado com o ano anterior. Os números de julho seguiram a mesma tendência e os abates deverão continuar acima dos níveis do ano passado para o restante do ano.

Os preços dos animais caíram em 11% durante o segundo trimestre de 2013 e permaneceram relativamente estáveis durante o mês de julho. A quantidade de carne bovina exportada nos primeiros sete meses de 2013 foram 12% maiores que no ano anterior, mas com somente 2% de aumento em termos de valores exportados (Figura 6). Para o período da cota Hilton de 2012/13 (terminando em junho), a Argentina exportou 22 mil toneladas, deixando 30% da cota não atendida.

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Os exportadores estão achando difícil competir em muitos mercados devido à uma combinação de taxas de exportação e uma taxa de câmbio não competitiva na Argentina. Como resultado, a maioria da produção está sendo vendida no mercado doméstico. Os volumes exportados representaram somente 8,3% da produção total, um nível somente visto em 2001, quando o país fechou as exportações devido aos focos de febre aftosa.

Domesticamente, a ampla oferta e a competição com a carne de frango e suína estão mantendo os preços baixos. Os consumidores na Argentina estão atualmente absorvendo 60 quilos de carne bovina por capita por ano, um nível próximo à saturação.

Nova Zelândia

Nova Zelândia

As condições climáticas muito melhores durante o inverno e a previsão de clima favorável para a primavera certamente aumentaram a confiança da indústria de carne bovina neozelandesa, particularmente após as condições de seca desafiadoras do verão e do outono. De acordo com o baixo ponto sazonal na oferta, que ocorre no final do inverno e começo da primavera, os preços ao produtor melhoraram, enquanto que com os retornos médios de exportação também vieram alguns movimentos encorajadores de alta. O declínio no dólar da Nova Zelândia com relação ao dólar dos Estados Unidos, que caiu em cerca de 7% entre abril e o final de agosto, também ajudou.

Os preços ao produtor permaneceram relativamente estáveis durante junho e julho, pouco abaixo de 400 centavos de dólar neozelandês (338,92 centavos de dólar) por quilo, mas melhoraram gradualmente durante agosto e setembro (Figura 7). O preço do touro na Ilha do Norte no começo de setembro ficou em média em 407 centavos de dólar neozelandês (344,85 centavos de dólar) por quilo, 3% a mais que na mesma semana do ano anterior. Os preços deverão permanecer em cerca dos níveis atuais, com algum potencial de alta durante os próximos meses, à medida que a oferta diminui. Os preços no atual nível estão em seu ponto mais alto desde o começo de 2012.

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Os abates de bovinos alcançaram 2,15 milhões de cabeças na estação de processamento da Nova Zelândia (outubro a julho) e ainda continuam 12% acima dos mesmos 10 meses do ano anterior devido aos altos abates no começo de 2013. Entretanto, as ofertas caíram nos últimos meses.

Os abates totais de bovinos de corte durante maio, junho e julho declinaram em 5% com relação ao ano anterior, para 624.335 cabeças, com os volumes de processamento de vacas também declinando em 5% com relação ao ano anterior, para 274.589 cabeças. As ofertas deverão se estreitar mais durante setembro e outubro, apoiadas pelas condições favoráveis esperadas para o clima e para os alimentos animais, bem como pela desaceleração sazonal habitual nas ofertas.

De acordo com as menores ofertas, as exportações totais em maio (35.500 toneladas), junho (36.842 toneladas) e julho (28.411 toneladas) declinaram, caindo em 18%, 6% e 12% com relação ao ano anterior, respectivamente. Entretanto, as exportações de janeiro a julho ainda permanecem 6% maiores com relação ao ano anterior, em 264.135 toneladas, apesar do fato de as exportações à maioria dos mercados terem declinado em comparação com o mesmo período do ano anterior.

Compensando esses declínios e direcionando o crescimento geral esteve o aumento nos envios aos Estados Unidos (128.527 toneladas) e China (29.970 toneladas), que aumentaram em 5% e 722%, respectivamente, com relação ao ano anterior. A China agora se estabeleceu firmemente como o segundo maior mercado de exportação da Nova Zelândia, com retornos médios de exportação agora no mesmo nível dos Estados Unidos, em média em NZ$ 5,27 (US$ 4,46) por kg FOB durante os primeiros sete meses de 2013.

China

China

A oferta continuou escassa na China durante o terceiro trimestre de 2013. Entrando em setembro, o preço varejista da carne bovina aumentou levemente devido à chegada da estação de alto consumo. O preço médio atual no país aumentou em 3% comparado com o preço médio na primeira metade de 2013.

Entretanto, comparado com agosto de 2012, o preço varejista médio da carne bovina aumentou em 31%, alcançando US$ 9,5/kg como resultado da menor produção (Figura 8). As estimativas são de que a produção de carne bovina na primeira metade de 2013 caíram em 5% comparado com o mesmo período de 2012. O Rabobank espera que essa tendência continue, resultando em um aumento do valor do mercado de carne bovina da China de mais de 10% anualmente nos próximos três anos.

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No final de agosto, a lucratividade de produção aumentou para US$ 237/cabeça (cada cabeça equivale a 500 kg), 18% a mais que no segundo trimestre de 2013. A lucratividade no abate aumentou para US$ 150/cabeça, de US$ 30/cabeça no segundo trimestre. Entretanto, acredita-se que o número de bovinos abatidos caiu devido à menor oferta de animais vivos. O relatório semianual do Fucheng Wufeng, que é uma companhia chinesa registrada, reportou que a receita do negócio de bovinos vivos caiu em 97% na primeira metade de 2013, comparado com o mesmo período de 2012, enquanto a margem de receita bruta aumentou em 12,7%.

A lucratividade do segmento varejista aumentou substancialmente junto com os aumentos de preços no mercado varejista. Entretanto, o consumo de carne bovina é pressionado quando os preços aumentam. Os atuais preços crescentes têm sido suportados pela redução no consumo de carne de frango, que é resultado do surto de H7N9 em março e abril. Entretanto, à medida que o consumo de carne de frango aumenta gradualmente, os preços da carne bovina terão um potencial limitado de aumentar mais. Os preços da carne bovina deverão permanecer estáveis pelo restante de 2013.

Desde o final de 2012, as importações de carne bovina da China cresceram a uma taxa surpreendente. O volume de importação aumentou a cada mês, aproveitando a redução nos preços de compra. Nos primeiros sete meses de 2013, as importações de carne bovina congelada aumentaram em dez vezes comparado com o mesmo período de 2012, alcançando 143.000 toneladas. O preço médio de importação caiu em 8,8%, para US$ 4,22 por quilo, comparado com o mesmo período de 2012. Ao mesmo tempo, as exportações de carne bovina congelada caíram em 63% devido à menor oferta doméstica e aos altos preços locais.

A Austrália continuou sendo o maior fornecedor de carne bovina à China, sendo responsável por 48% do volume total importado pela China nos primeiros sete meses do ano. O Uruguai está entrando rapidamente nesse mercado devido aos preços competitivos, com sua participação de mercado aumentando para 25% durante o mesmo período, tornando-se o segundo maior fornecedor à China.

As importações de carne bovina congelada e resfriada deverão continuar aumentando no restante de 2013, devido à escassez no mercado doméstico. À medida que os custos de produção dos produtos de carne bovina da China aumentam e a oferta diminui, as exportações de produtos de carne bovina deverão continuar caindo nos próximos meses.

México

Captura de Tela 2013-10-24 às 11.54.27

Após um primeiro semestre complexo, as margens dos engordadores começaram a se recuperar devido a melhores condições de pastagens e menores preços dos grãos no México. Além disso, o declínio nos estoques de bovinos continuará, mas a uma taxa mais lenta. Entretanto, as margens dos frigoríficos continuarão apresentando dificuldades, à medida que os preços do boi gordo continuam altos e o consumo de carne bovina ainda está baixo devido aos altos preços da carne.

O Rabobank continua mantendo sua previsão anterior sobre as exportações de bovinos do México. Em 2013, 1,2 milhão de cabeças deverão ser exportadas aos Estados Unidos, menos que as 1,5 milhão exportadas no ano passado. À medida que os estoques permanecem escassos e o consumo, letárgico, no final desse ano, a produção deverá declinar para 1,79 milhão de toneladas, menos que as 1,82 milhão de toneladas produzidas em 2012.

Os estoques finais de bovinos deverão ser de 17,3 milhão de cabeças, menos que as 18,5 milhão de cabeças do ano anterior. Entretanto, esse é um declínio anual de 6,3% nos estoques, menor do que a contração anual de 7,7% em 2012. As exportações totais representam 7,1% dos estoques totais de gado, enquanto em 2012, as exportações representaram 8,3% do estoque total de animais. Além disso, as exportações de fêmeas deverão representar 20% das exportações totais de bovinos, menos que os quase 30% observados no ano passado.

Os preços dos bovinos e da carcaça bovina até agora nesse ano aumentaram em 20% e 17%, respectivamente, enquanto os preços varejistas cresceram em cerca de 6%. Para o restante do ano, o Rabobank espera que os preços permaneçam nos níveis atuais, de acordo com as previsões anteriores.

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Como resultado dos altos preços da carne bovina no varejo, o consumo per capita deverá cair para 15,3 quilos com relação aos 15,9 quilos em 2012, seu menor nível histórico. Além disso, nesse ano a carne bovina se tornará a proteína com menor consumo per capita. O consumo de carne de frango no México deverá ser de 31,9 quilos, com o de carne suína sendo 16,9 quilos (Figura 9).

As margens apertadas estão forçando os produtores mexicanos a se tornar mais eficientes em suas operações. Como resultado, a indústria mexicana está competindo com sucesso com os Estados Unidos. As exportações de carne bovina mexicana até agora nesse ano aumentaram em 10%, enquanto as exportações dos Estados Unidos ao México aumentaram a uma taxa mais lenta do que no ano anterior, em cerca de 3%.

No entanto, o setor de carne bovina mexicano enfrenta muitos desafios à medida que a Rússia baniu as exportações mexicanas devido ao uso de ractopamina. Como resultado, as exportações mexicanas caíram em cerca de 18% com relação ao ano anterior. O Rabobank espera que as exportações mexicanas se recuperem até o final do ano, à medida que busca ganhar espaço em outros mercados, como Japão, União Europeia (UE) e Vietnã. Até o final do ano, o Rabobank espera que as exportações aumentem em 2,5% e as importações declinem em 2,3%.

Uruguai

Flag of Uruguay

A produção no Uruguai tem se mantido relativamente estável em comparação com o ano anterior, com somente 1,7% de aumento nos números abatidos nos primeiros oito meses do ano. Essa média esconde o fato de que os abates foram 20% maiores no ano anterior durante o primeiro trimestre, mas caindo desde maio.

As exportações refletem a taxa de abate, com as exportações nos primeiros oito meses alcançando 250 mil toneladas, somente 1% de aumento com relação ao ano anterior. Os principais importadores de carne bovina uruguaia nos primeiros oito meses de 2013 foram UE (25%), China (19%), Estados Unidos (13%), Israel (11%) e Rússia (8%). A importância relativa da China e da Rússia está muito diferente do que era em 2012, quando a Rússia representava 20% e a China apenas 3% das exportações de carne uruguaia.

No mercado doméstico, os preços da carne bovina reverteram o declínio visto no segundo trimestre e mostraram um aumento maior com relação ao ano anterior do que o observado nos preços dos bovinos. As margens dos frigoríficos, embora maiores que no ano anterior, caíram com relação aos maiores níveis observados no primeiro trimestre (Figura 10).

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Paraguai

Paraguai

Os abates de bovinos no Paraguai aumentaram firmemente durante o ano. Nos primeiros oito meses do ano, o Paraguai abateu mais de um milhão de cabeças, 45% a mais que no mesmo período do ano anterior.

As exportações do Paraguai continuaram aumentando no segundo trimestre de 2013 e alcançaram um nível recorde de 26 mil toneladas em agosto. Para os primeiros sete meses do ano, as exportações aumentaram em 40%, comparado com 2012, um ano impactado pelos focos de febre aftosa (Figura 11). A Rússia é o principal importador de carne bovina paraguaia, absorvendo 60% das exportações totais. Brasil (10%), Israel (7%) e Chile (5%) são outros importantes mercados.

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Indonésia

Indonésia

Direcionado pela demanda do festival Ramadã, os preços da carne bovina da Indonésia aumentaram para seu maior valor em agosto. Em média, os preços aumentaram em 6% com relação ao trimestre anterior e em 20% com relação ao ano anterior. As ofertas continuam sendo um problema para o país (Figura 12).

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Para resolver o atual problema de escassez na oferta e manter os preços sob controle, o governo da Indonésia relaxou as normas de importação. As cotas de importação foram transferidas do quarto ao terceiro trimestre, reduzindo a pressão sobre a oferta. A Indonésia também substituiu os sistema de cotas com um sistema de preço de referência sob o qual as importações serão permitidas desde que o preço não caia abaixo de um certo nível. Entretanto, as restrições permanecem sobre onde a carne importada pode ser vendida e sobre certos cortes na extremidade baixa do mercado.

Em longo prazo, para suprir a crescente demanda doméstica por carne bovina, o governo da Indonésia aprovou um plano para comprar um milhão de hectares de terra para pastagem na Austrália através de uma entidade estatal. A proposta recebeu reações mistas na Austrália. Entretanto, esse foi um passo significante após os tempos difíceis da relação comercial desde 2011.

A moeda da Indonésia, a rúpia, desvalorizou-se em 12% no terceiro trimestre, pressionando os preços da carne no país. Além da carne bovina, os preços da carne de frango também aumentaram em 19% no terceiro trimestre. Maiores preços das carnes deverão reduzir a demanda dos produtos no quarto trimestre.

Fonte: Relatório Rabobank Beef Quarterly, traduzido e adaptado pela Equipe BeefPoint.

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