Com direito a homenagens e a uma ampla defesa do agronegócio sustentável no país, foi realizado nesta segunda-feira o 20º Congresso Brasileiro do Agronegócio, uma parceria entre a Associação Brasileira do Agronegócio (Abag) e a B3. O tema do evento virtual é “Nosso Carbono é Verde”.
Durante a abertura do Congresso, Marcello Brito, presidente da Abag, reforçou que, no novo mundo ESG, vencerá quem tiver o melhor ativo com boas práticas ambientais, sociais e de governança para negociar, e que o Brasil não pode destruir os alicerces da sustentabilidade de sua produção agropecuária.
Brito realçou que o país conta com legislações firmes no campo ambiental, mas que é preciso acelerar a implementação de ferramentas como o Cadastro Ambiental Rural (CRA), fundamental para a fiscalização das propriedades produtivas. Ele acredita que, com o recente lançamento, pelo Ministério da Agricultura, de uma nova ferramenta digital, as validações dos CRAs pelos governos estaduais finalmente ganharão celeridade.
“O agronegócio está mostrando que é possível conciliar produção e princípios ESG, e tem levado essa estratégia ao mercado”, disse, na sequência, Gilson Finkelsztain, CEO da B3. Entre outras novidades recentes que estão avançando, o executivo destacou os crédito de descarbonização (CBios) criados pela política RenovaBio e negociados na bolsa.
Também durante a abertura do congresso, o deputado federal Sérgio Souza (MDB-PR), presidente da Frente Parlamentar da Agropecuária (FPA), afirmou que, nos fóruns nacionais e internacionais, é preciso demonstrar que, embora existam problemas, a produção brasileira do agro é sustentável e correta.
“Temos 66% do território ainda coberto por florestas nativas, uma legislação ambiental que obriga o produtor a conservar suas propriedades e o menor uso de agroquímicos por tonelada produzida. Já alimentamos 1 bilhão de pessoas no mundo e, nos próximos anos, vamos alimentar mais 1 bilhão. Há problemas, mas mais soluções”, disse Souza.
Homenageada com o “Prêmio Ney Bittencourt de Araújo – Personalidade do Agronegócio”, a ministra da Agricultura, Tereza Cristina, bateu na mesma tecla, e reiterou que a agricultura tropical brasileira pode ser neutra em emissões de gases de efeito estufa.
“A sustentabilidade tem guiado a agenda e as ações do Ministério da Agricultura. Com o Programa ABC [agricultura de baixo carbono], por exemplo, intensificamos 50 milhões de hectares de áreas degradadas nos últimos dez anos”, afirmou.
No evento de hoje, o presidente da Embrapa, Celso Moretti, recebeu o “Prêmio Norman Borlaug – Sustentabilidade”, pelo papel das inovações da estatal de pesquisas nessa frente, e o ex-ministro Alysson Paolinelli, principal apoiador da criação da Embrapa no início da década de 1970, recebeu uma homenagem especial por sua indicação ao Nobel da Paz deste ano.
Fonte: Valor Econômico.