Na semana do dia 17 de fevereiro, Miguel Cavalcanti, Flaviane Afonso e Gustavo Freitas (Equipe de Conteúdo do BeefPoint) receberam na sede da empresa, em Piracicaba (SP) o pecuarista escocês e membro da Nuffield International Farming Scholarship, Niall Armstrong, para um bate papo bem interessante sobre o mercado da carne e pecuária de corte em geral do Reino Unido.
Foi um bate-papo descontraído e com muita informação. Pudemos aprender bastante sobre a realidade da pecuária de lá, que apresentamos aqui nesse artigo. Conhecemos o Niall graças a contatos e amigos que fazemos nas viagens técnicas e de estudo do BeefPoint. Conversamos sobre mercado, preços do boi, custo de produção e marketing da carne.
Acompanhe esse bate papo e fique por dentro do que rolou de mais interessante neste encontro!
Conheça Niall Armstrong:
É produtor de bovinos, ovinos e ovos em Wigtownshire, área de Dumfries e Galloway, no sudoeste da Escócia, trabalha junto com sua família, em especial seu irmão.
Compartilhando suas experiências na produção diversificada que tem em sua propriedade, Niall nos disse que a produção de ovos é bastante impactante na receita final da propriedade, pois o forte de sua propriedade está na produção de ovos, no qual há a adoção de um manejo ao ar livre, distribuídos por 3 unidades. Algo inusitado e diferente da atual realidade no Brasil.
Assim, 70% da sua receita vem da produção de ovos, 15% para ovinos e 15% para bovinos. Ele vende a produção de ovos para supermercados que pagam mais caro por um produto mais “natural”, similar ao ovo “caipira” brasileiro.
Porém, a paixão por bovinos não é recente, é algo que o encanta desde criança. E esse era o interesse dele em conhecer a pecuária do Brasil.
No manejo da propriedade, Niall optou por utilizar estratégias de manejo que maximizem a produção e produtividade, fazendo uso de pastejo diferido, com uso de cerca elétrica e melhoramento das pastagens.
Nuffield International Farming Scholarship:
Nuffield International Farming Scholarship, é uma organização sem fins lucrativos, administrada profissionalmente, cujo alicerce principal são contribuições voluntárias feitas por seus países membros.
A visão da instituição é desenvolver pessoas para fazer a diferença na agricultura. Para Niall esta iniciativa é brilhante.
É uma organização que abrange vários países, incluindo a Austrália, Canadá, França, Irlanda, Nova Zelândia, Reino Unido, Zimbabwe e um país associado, na Holanda, fornecendo orientação geral e apoio a estes países membros, gerando programas de bolsas de estudo e incentivos à agricultura.
Um trabalho muito interessante que cria mecanismos de aprendizado para todo o setor. Gostamos muito e vamos procurar aplicar no AgroTalento.
Reino Unido: produção animal, indústria e marketing da carne
Total de 1,7 milhão de bovinos de corte no presente (-3% em relação a 2013). Sendo:
Produzido 850 mil toneladas de carne em 2013.
Exportações:
Produção inferior = queda nas exportações (-12% em relação a 2013).
Exportação de 85 mil toneladas, principalmente para:
Importações:
Aumento de 7 mil toneladas para 25 mil (+40%), entre países que tradicionalmente não exportam muito para lá:
Preço da carne bovina:
É considerada a carne mais cara dos países europeus, sendo que atualmente os preços estão mais elevados devido a baixa oferta.
A demanda tem sido reprimida nos últimos 12 meses, especialmente em cortes mais sofisticados.
No entanto, as despesas de consumo com carne bovina, no Reino Unido, subiu para 2,08 bilhões, um aumento de 4% no ano, devido aos preços inflacionados.
Previsão da carne bovina:
Há perspectiva de aumento de 2% na produção para 2014, da mesma forma os preços diferenciados têm crescido.
Escócia:
Na Escócia, 85% da área agrícola é destinada para a produção de ruminantes. A pecuária é o maior negócio “agro” do país.
Qualidade da carne escocesa:
O programa Quality Meat Scotland Assurance existe há 22 anos, é o mais antigo e o primeiro deste gênero, ou seja, o primeiro a buscar garantia de qualidade para a carne vermelha do país.
O conceito do programa é baseado na busca por um sistema criterioso de auditoria que proporcione tranquilidade para o consumidor, uma vez que os produtos que possuem o selo da roseta azul, símbolo do programa, tem garantia de que foram produzidos com os mais altos padrões de qualidade e garantia.
Para obter este selo, algumas normas devem ser atendidas, tais como:
Vale destacar que para a obtenção deste selo, bem como a criação destas normas, uma extensa pesquisa foi realizada para estabelecer o que o consumidor quer, a fim de especificar os critérios de garantia.
Como está o plano de ação do marketing da carne?
Durante o bate papo podemos perceber, em termos gerais, que os trabalhos com marketing de carne, ainda são muito incipientes no Brasil, realizados de forma isolada, e muitas vezes sem obter o resultado esperado, quando comparado com os trabalhos apresentados por Niall.
No Brasil, o trabalho que envolve toda uma estruturação de conceito, se perde nas gôndolas de supermercado, na maioria das vezes por falta de informação correta.
Niall nos apresentou diversos sites, fotos e informações de boutiques de carnes, supermercados, restaurantes e outras casas que comercializam o produto em seu país e ficou nítido o foco na construção do logotipo da marca, na propaganda e de todos os incrementos possíveis para alavancar o produto no mercado deles.
Ou seja, diferentes tipos de marketing para diferentes pontos, mas o objetico é sempre divulgar a alta qualidade produzida, um produto livre de hormônios e rastreado.
Confira algumas fotos deste marketing de sucesso:
E assim, encerramos nosso bate papo com Niall Armstrong, conhecendo um pouco mais dos trabalhos desenvolvidos lá fora, apresentando o que fazemos no Brasil, mas sempre pensando no que podemos mudar e melhorar, para otimizar cada vez mais a nossa pecuária, desde os primórdios, ou seja, desde os animais envolvidos no ciclo de produção, aos profissionais envolvidos e à mesa do consumidor.
Gustavo Freitas, Flaviane Afonso, Niall Armstrong e Miguel Cavalcanti.