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Conheça os modelos de parceria do Confinamento São Lucas, em Santa Helena de Goiás, GO

Confinamento São Lucas está situado no município de Santa Helena de Goiás, GO, sendo este dirigido pelos irmãos Alexandre e Gustavo Parise. Há 8 anos no mercado, o Confinamento São Lucas vem trabalhando com o objetivo de gerar maior lucratividade para o pecuarista.

Foto 1.  Alexandre Parise, dirigente do Confinamento São Lucas.

O confinamento apresenta um espaço com capacidade (estática) para confinar 20 mil animais. Como o confinamento, que conta com 42 funcionários diretos, são confinados 50 mil animais/ano, ou seja, 40 mil em duas rodadas no período seco, e 10 mil no período chuvoso.

O Confinamento São Lucas automatizou a gestão de trato, com a utilização dos sistemas Feedmanager e Feedtracer. Assim, para não dar mais do que o gado precisa ou não deixar faltar comida, a gestão começa com a leitura de cocho antes do primeiro trato, que inicia as 7 horas (no total são quatro tratos diários).

Os dados de leitura de cocho alimentam a central de gestão que fica na fábrica de ração e o sistema programa a quantidade de ração que cada um dos 88 piquetes deve receber. As informações da quantidade de dieta para cada piquete são emitidas por antenas e captadas automaticamente por equipamentos eletrônicos instalados na cabine da pá-carregadeira e dos caminhões que puxam as misturadoras de ração em cada um dos piquetes de engorda.

Quando a distribuidora passa pelo piquete, a quantidade de ração fica registrada num dispositivo eletrônico instalado em cada um dos piquetes, e também armazenada no equipamento instalado na distribuidora.

Se no trato da manhã a misturadora distribuiu mais ou menos, a quantidade é corrigida no seguinte e assim sucessivamente, com o objetivo de reduzir ao máximo a sobra ou a falta de comida nos cochos. Com esses instrumentos, além de melhorar a conversão alimentar, o Confinamento São Lucas consegue trabalhar com eficiência e lucro.

Foto 2.  Animais da raça Nelore em uma das mangas do Confinamento São Lucas.

Muitos dos animais presentes no confinamento são resultados de parcerias bem sucedidas com os pecuaristas. Assim sendo, o confinamento trabalha com três modelos de parceria.

Saiba como funcionam estes modelos de parceria

1. Boitel:

  • O pecuarista desembolsa um determinado valor de diária de acordo com o peso vivo de entrada do animal;
  • O pecuarista paga o protocolo sanitário, a rastreabilidade e o frete;
  • O valor integral do prêmio Europa pertence ao pecuarista.

2. Parceria – opção 1 (parceria propriamente dita):

  • O animal é recebido com 50% do peso vivo de entrada (geralmente é pesado na balança rodoviária existente no confinamento);
  • O confinamento paga o protocolo sanitário, a rastreabilidade e o frete até uma distância de 200 quilômetros;
  • O valor do prêmio Europa pertence ao pecuarista na totalidade das arrobas de entrada, e o excedente é do confinamento.

3. Parceria – opção 2:

  • O animal é recebido com 50% do peso vivo (balança confinamento) e sai com o peso de carcaça morto (peso frigorífico);
  • Sobre a diferença de peso apurada no confinamento, o cliente paga o valor combinado por cada arroba produzida. Exemplo: o animal chega na balança do confinamento com 300 quilos e é recebido com 50%, ou seja, 150 quilos, ou 10@ que é a carcaça de entrada. Após 95 dias ele é abatido no frigorífico, onde se apurou o peso de 244,08 quilos, ou seja, 16,27@. Esse animal ganhou no confinamento 6,27@. Então o cliente pagará o preço combinado sobre as 6,27@.

O tempo médio da parceria, independente do modelo a ser adotado, é de 95 dias, haja vista a necessidade dos animais terem que cumprir uma noventena para ter o prêmio Europa.

Foto 3.  Animal em confinamento por 95 dias, para receber o prêmio Europa.

Atualmente, há 38 parceiros no confinamento, no qual há apenas um parceiro que adota o modelo de Parceria 2, enquanto que os demais podem ser divididos em metade para cada uma das outras duas modalidades supracitadas.

Confira abaixo as vantagens e desvantagens da parceria em confinamento – segundo Alexandre Parise:

Vantagens

  • O pecuarista gira muito mais rápido o seu rebanho, pois enquanto um animal a pasto levaria 3 ou 4 anos para ser abatido, em regime de confinamento ele é geralmente abatido com 2 anos de idade;
  • Todas as negociações com os frigoríficos são feitas pelo confinamento, que cuida de apresentar aos seus clientes as propostas existentes;
  • Além da premiação relativa a União Europeia, por estar localizado perto de uma unidade frigorífica, o confinamento consegue vantagens com relação ao frete e a sustentabilidade ambiental;
  • O confinamento disponibiliza aos seus clientes um contato direto com a consultora em gerenciamento de risco – pecuária, Lygia Pimentel, da FCStone Brasil, tanto para análise de riscos como para operações no mercado futuro;
  • Possui, ainda, convênio com uma empresa que acompanha os abates do confinamento (na modalidade parceria esse custo é pago pelo confinamento, e na modalidade boitel é pelo cliente);
  • Os sistemas Feedmanager e Feedtracer geram diversos relatórios aos seus clientes, a fim de permitir um melhor acompanhamento do desenvolvimento do seu rebanho.

Desvantagem

  • É um investimento de longo prazo.

Assim sendo, na opinião de Alexandre Parise, o modelo de parceria adotado vai depender da aptidão de cada um. Sendo que, a decisão sobre a utilização de boitel ou parceria é de cunho subjetivo.

  • A diferença é que no boitel o cliente paga todas as despesas até o abate, e compartilha com o confinamento o risco de determinados animais não engordar, dos refugos de cocho, das mortes, das doenças, etc.
  • A parceria é um estilo mais conservador, ou seja, o cliente entrega os bois para o confinamento e fica proprietário de determinadas arrobas ao preço que estiver sendo praticado pelos frigoríficos na ocasião do abate. Os riscos, neste caso (refugo de cocho, mortes, doenças, etc.), são todos do confinamento.
  • A terceira modalidade é a mesma do boitel.

Veja mais fotos do Confinamento São Lucas

 

Comentário BeefPoint: estamos preparando um estudo com os principais confinamentos do Brasil que trabalham no modelo de parceria. Queremos conhecer os sistemas, os modelos e opções. Nos próximos dias, vamos publicar mais artigos como esses de outras empresas e confinamentos. Queremos conhecer mesmo como esse negócio está funcionando hoje. Se você tiver alguma dúvida específica, comentário ou sugestão, queremos muito te ouvir. Por favor comente abaixo.

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Fonte: Entrevista BeefPoint com Alexandre Pasquali Parise, dirigente do Confinamento São Lucas.

2 Comments

  1. Danilo Christofaro disse:

    Seria interessante postar um prognóstico desses investimentos. Talvez por meio de uma tabela, mostrando simulações de investimentos e retornos.

    Essa é a minha sugestão, acho que enriqueceria as postagens.

  2. diogo alexandre trevejo artero disse:

    Muito boa a matéria..

    Interessante este sistema de Boitel, vou juntar umas cabeças de gado e entrarei em contato, afinal, confinamento engorda muito mais rápido.