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Consórcio parcial de soja e capim garante maior rendimento do gado

Plantar o capim nas entrelinhas da soja de 14 a 20 dias após a germinação do grão (estágios V3 e V4) a fim de antecipar a formação de pasto para os animais no sistema integração lavoura-pecuária (ILP) pode garantir uma produtividade de duas a cinco arrobas a mais por hectare. Essa é a vantagem oferecida pelo consórcio parcial capim-soja Antecipasto estudado pela Embrapa há 20 anos, que passa a ser recomendado agora para as regiões tropicais dos biomas Cerrado e Mata Atlântica.

Luiz Zago Machado, pesquisador da Embrapa Agropecuária Oeste, diz que a adoção do sistema demorou a ser recomendada porque a validação teve que passar por 25 unidades. Além das questões agronômicas, houve muitos contratempos como a morte do capim por deriva, a venda da área de testes e até a morte do produtor parceiro da pesquisa.

“Mas o grande desafio mesmo foi impedir que o capim competisse com a soja, que é a cultura que paga a conta. Fizemos pesquisas com várias cultivares de soja e de capim para chegar no consórcio ideal que mantém a produtividade da soja e garante a antecipação da formação do pasto de 30 a 60 dias.”

Ele explica que o capim plantado antecipadamente fica “amarrado” pelo sombreamento da soja, mas após a colheita do grão vem fortalecido porque seu sistema radicular já está formado.

Para chegar ao casamento ideal, a pesquisa testou várias cultivares. A cultivar de soja precisa ser resistente a herbicidas, ter porte em torno de 90 cm a 110 cm e um crescimento vegetativo vigoroso com bom fechamento de entrelinhas. Já o capim recomendado para não competir com a soja é o BRS Tamani, que tem porte pequeno, crescimento inicial lento e não emite colmos na fase vegetativa.

Zago admite que o Tamani custa 50% a mais que as outras forrageiras, mas diz que o ganho do agropecuarista com as arrobas de carne a mais compensa o investimento. Não é recomendado um exagero de semeadura por hectare. “A população deve ser a mesma do cultivo solteiro. Em geral, 4 kg de sementes puras viáveis por hectare.”

O pesquisador da Embrapa informa ainda que o sistema do Antecipasto não tolera geada, mas tem um grande potencial para se desenvolver em áreas de expansão de soja, com solos muito arenosos.

Na fazenda

O consórcio foi testado em propriedades de ILP nos municípios de Maracaju, Dourados, Nova Andradina, Anaurilândia, Nova Alvorada do Sul e Rio Brilhante, todos no Mato Grosso do Sul.

Na Estância Rosa Branca, em Rio Brilhante, os experimentos começaram há cinco safras, inicialmente em parcelas e nos últimos anos em áreas maiores. O engenheiro agrônomo Carlos Eduardo Barbosa, sócio minoritário e diretor de operações da fazenda, diz que, neste ano, o que tem salvado as áreas de pecuária na estância com a estiagem prolongada é justamente o Antecipasto.

Segundo o diretor, foi necessário fazer adaptações nas semeadoras para o plantio do capim nas entrelinhas da soja, adotar um espaçamento de 50 a 60 cm nas entrelinhas da soja e, inicialmente, foi difícil encontrar as sementes puras da forrageira Tamani. Também foi preciso melhorar os processos de controle de plantas daninhas para deixar as áreas mais limpas.

O trabalho, diz Barbosa, valeu a pena porque o Antecipasto garantiu um aumento de 100 para cerca de 150 dias do período de pastejo do gado, proporcionando de duas a três arrobas a mais por hectare.

“Além disso, em anos secos como este, observamos que o sistema proporciona mais garantias de que haverá áreas de pastejo. Já as áreas semeadas após a colheita de soja não deram ponto de pastejo até a semana passada (primeiros dias de agosto), dada a longa e severa estiagem.”

Fonte: Globo Rural.

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