A Cooperativa Agroindustrial de Rolândia (Corol), no norte do Paraná, assina nos próximos dias uma joint venture com um grupo americano para a criação de uma empresa especializada na exportação de carne bovina. O negócio, avaliado em US$ 40 milhões, prevê a construção de um frigorífico com capacidade para duas mil cabeças por dia. Toda a produção deverá ser exportada para Estados Unidos, Europa e Ásia.
O projeto marca a entrada da Corol no ramo de carnes. A cooperativa, que faturou US$ 250 milhões no ano passado, atua nas áreas de grãos, fruticultura, rações, café e na produção de açúcar e álcool.
Com o ingresso na pecuária, a Corol torna-se a primeira cooperativa do norte do Paraná a atuar com bovinos. As outras grandes do setor na região, Coamo Agroindustrial Cooperativa e Cocamar Cooperativa Agroindustrial, estão fora desse ramo.
A intenção, na primeira etapa, é abater 500 cabeças por dia. A capacidade plena deve ser atingida em três anos. A idéia é produzir um “boi verde” cuja origem possa ser rastreada até a fazenda onde foi feita a engorda. As obras devem começar em cinco meses e o frigorífico, que será construído em Rolândia, entra em operação em um ano.
A cooperativa negocia com possíveis parceiros internacionais há dois anos. Ela conversou até mesmo com uma empresa do Canadá, mas problemas de sanidade esfriaram as negociações e deram vantagens aos americanos.
A Corol, que não fala sobre o assunto até a assinatura do contrato, vai constituir uma nova empresa para atuar no setor. Parte dos recursos aplicados no negócio poderão ser financiados por instituições como Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico Social (BNDES) e Banco Regional de Desenvolvimento do Extremo Sul (BRDE).
Os parceiros dos EUA, que deverão ficar com cerca de 50% da sociedade, serão responsáveis pela distribuição da carne. A Corol queria um sócio internacional que pudesse garantir a comercialização e uma entrada mais facilitada no exterior. Segundo a empresa, uma pesquisa de viabilidade feita com produtores do norte do Paraná mostrou que o grande problema do setor é a dificuldade na hora da comercialização. Há um rebanho de qualidade com uso de avançadas tecnologias, mas o preço e as incertezas na hora do recebimento são os grandes problemas.
Para checar esse quadro, a Corol encomendou à Universidade de Viçosa (MG) pesquisa para avaliar o rebanho da região. O resultado, de acordo em a cooperativa, comprovou que a qualidade dos animais é compatível com as exigências do mercado externo.
O projeto envolverá inicialmente 500 pecuaristas do Paraná, São Paulo e Mato Grosso do Sul. Estuda-se até a instalação de um boitel nas proximidades da indústria, para garantir a uniformidade do rebanho.
O objetivo é envolver toda a cadeia na formulação dos preços, que deverão ser elaborados por meio de um acordo com a empresa e uma comissão formada por representantes dos pecuaristas. Serão comercializados também subprodutos do boi, como couro, bucho, tripa, casco, chifre, sangue e outros, o que deverá garantir remuneração próxima de 100% do peso do boi.
A Corol possui 7,3 mil associados em 30 municípios do norte do Paraná.
Fonte: Gazeta Mercantil (por Cristina Rios), adaptado por Equipe BeefPoint