O couro, para cadeia da carne, tem apresentado um aumento na sua importância.
O preço do quilo do couro vem sofrendo reajustes positivos, acima do valor da carne vendida pelos frigoríficos (representada pelo equivalente físico).
Na média do período analisado (fevereiro de 1998 e agosto de 2002) o valor do quilo do couro é praticamente metade do valor do quilo do equivalente físico, porém a média deste ano é de praticamente 70%, enquanto que em anos anteriores, como 1998, a média foi de 30% (gráfico 1).
Com relação à comparação normalmente feita da arroba do boi gordo com o equivalente físico, o gráfico mostra que o valor pago pela arroba é superior à venda da carne. Na média dos últimos 4 anos o equivalente físico corresponde a 91% do valor da arroba (gráfico 2). Porém, quando adiciona-se ao valor da carne o valor de venda do couro, o valor da arroba é suprido em 98%, na média do mesmo período (gráfico 3).
O couro é um produto destinado principalmente ao mercado externo (cerca de 70% do volume produzido), consequentemente é menos sujeito as alterações do poder aquisitivo da população, como acontece com a carne bovina, que tem como destino principal o mercado interno (cerca de 90% do volume total).
Com isto o que provavelmente está ocorrendo, e que já ocorreu com outros produtos agrícolas, é um aumento proporcional do valor do subproduto em relação ao valor do produto principal, no caso a carne.
O rebanho brasileiro é de aproximadamente 170 milhões de bovinos, e vem apresentando crescimento gradativo de 1% ao ano. Este crescimento do rebanho está acompanhado de um aumento de emprego de tecnologias que fizeram com que o desfrute da pecuária fosse aumentado para 20%. Desfrute é a relação entre a quantidade de animais abatidos e a quantidade total de cabeças.
Este aumento do rebanho e do desfrute fizeram com que a quantidade de unidades de couros disponível para processamento aumentasse.
O potencial de processamento de couros do Brasil, atualmente, é de cerca de 33 milhões de unidades (total de animais abatidos anualmente no país), porém, deste total, 70,5% é realmente processado, ou seja, são produzidos de 23 a 25 milhões de unidades de couros processados anualmente no Brasil.
Também como está ocorrendo para as carnes que são exportadas (dentre elas a bovina), o preço do couro no mercado internacional vem sofrendo reduções ao longo dos últimos anos, algo ao redor de 2% só no ultimo ano.
O couro brasileiro poderia ter seus valores alavancados no mercado externo, caso a qualidade não fosse baixa. Ao contrário dos Estados Unidos, onde apenas 5% dos couros apresentam defeitos, 93% do couro nacional possui defeitos. A maioria dos defeitos são originados nas propriedades (cerca de 60%), e o restante nos frigoríficos e curtumes.
Com isto a perda potencial de arrecadação do Brasil com as exportações de couro é da ordem de US$506 milhões ao ano. Porém, há uma incoerência, a maioria das propostas que estão sendo apresentadas estão ligadas a entendimentos entre frigoríficos e curtumes, deixando os pecuaristas de lado.