A produção de leite nas vacas é um fator importante na bovinocultura a pasto, pois a maior parte dos nutrientes, na fase inicial de vida do bezerro, provém do leite materno. As vacas Nelore atingem seu pico de produção máximo nos primeiros 30 dias de lactação, com 4,7 litros de leite/dia, permanecendo estável até os 90 dias. Daí em diante, ocorre um declínio até a média de 2,7 l/dia aos 5 meses de lactação. Segundo pesquisadores, aproximadamente 60 a 66% da variação do peso à desmama pode ser atribuída ao efeito direto do leite materno. Esta quantidade de leite produzida é influenciada pela genética do animal, pela qualidade e quantidade de pastagem, e pela suplementação.
Tabela 1 – Necessidade nutricional do bezerro, em Mcal de Energia Digestível/dia.
Uma das formas de aumentar o ganho de peso à desmama é através do creep-feeding, isto é, a utilização de um cocho privativo, dentro de um cercado, ao qual só o bezerro tem acesso. Estando o bezerro, ainda mamando, recebe um reforço alimentar com uma ração concentrada balanceada. O consumo desta ração pode ser controlado mediante fornecimento em conjunto com o sal mineral. Recomenda-se fornecer entre 0,5 a 1,0% do peso vivo de concentrado/cabeça/dia, ficando a ração com 75 a 80% de NDT e 16 a 21% de PB. Estes níveis de proteína e energia dependem do consumo da ração.
Note que o creep-feeding acima está muito bem feito, mas os espaço entre o cocho e as réguas de madeira devem ser maiores (3 metros), além disso, a altura da régua de madeira está alta que pode permitir a entrada das vacas no creep.
Os fatores que afetam as respostas no creep-feeding são:
– A quantidade e qualidade do pasto.
– A produção de leite das mães.
– O potencial de crescimento, idade e sexo dos bezerros.
– O consumo e o tipo de suplemento, bem como o período de tratamento
Tabela 2 – Efeito do creep-feeding no desempenho de bezerros.
Outro fator a ser considerado no sistema de creep-feeding é a relação mãe-cria, com efeitos positivos:
– Condição corporal da vaca,
– Possibilidade de retorno ao cio, mais rápido,
– Aumento da taxa de prenhez.
O creep-feeding ajuda a tornar o bezerro menos dependente da mãe, diminuindo o número de mamadas e minimizando os fatores acima citados, contribuindo, então, para melhora da condição corporal da vaca e possível retorno ao cio, mais rápido.
Nos bovinos, o retorno da atividade ovariana pós-parto tem como fator limitante o efeito inibitório da amamentação na liberação do GnRH, que desencadeará todo o processo de cio e ovulação, através do LH, o hormônio responsável pela ovulação. Esta inibição é a conseqüência da relação comportamental do bezerro com a vaca. Estas vacas possuem falhas na retomada da liberação de LH, e os folículos pré-ovulatórios não se desenvolvem totalmente.
As pesquisas mostram o envolvimento de opiódes endógenos (encefalinas, endorfinas e dinorfinas) na supressão do LH, devido à relação mãe-cria e ao reflexo de mamada. Vacas em dietas com baixos níveis energéticos apresentam maiores concentrações destes opióides endógenos, que contribuem para o anestro lactacional.
Tabela 3 – Resposta à utilização do “creep-feeding”, no peso ao desmame e na fertilidade de matrizes.
Outra alternativa de suplementação de bezerros é o sistema Creep-grazing, isto é, uma área de pasto de alta qualidade nutricional de acesso exclusivo para os bezerros, ou então em sistemas de pastejo rotativo, onde os bezerros entram sempre no piquete antes das vacas.
As gramíneas e/ou leguminosas de escolha para este sistema deverão ser de alta qualidade nutricional, tenras, altamente palatáveis, de porte mediano, e o uso deve ocorrer no ponto ideal, com o máximo de energia, proteína e digestibilidade. Podem ser usadas gramíneas como: Panicum maximum, Cynodon dactylon – coast cross, tifton, florakirk; Brachiaria brizantha, milheto, sorgo forrageiro, entre outras.
Fotos modelo da instalação do creep-feeding
Artigo adaptado por: Raphael Monteiro, Eng. Agrônomo, Ruminant Nutrition Especialist – USA e Msc. Ciência Animal e Pastagem – ESALQ
Texto original de: Fabiano Alvim Barbosa, Médico Veterinário, M.Sc. – Nutrição Animal, Doutorando em Produção Animal – Escola de Veterinária- UFMG
*Parte integrante do Livro “Nutrição de Bovinos a Pasto” – Fernando A. N. Carvalho, Fabiano Alvim Barbosa, Lee Russell McDowell, 2003.
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