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Cupins-de-montículo – 2. Biologia e controle das principais espécies

A criação de bovinos no Brasil tem como base na alimentação dos animais as gramíneas forrageiras, o que torna as pastagens de grande importância para a produção pecuária, porém vários fatores influenciam negativamente na produção de forragem. Os cupins estão entre as diversas pragas com importância para as gramíneas forrageiras no Brasil, são insetos sociais e vivem em colônias populosas, abrigados em ninhos denominados termiteiros ou cupinzeiros.

A criação de bovinos no Brasil tem como base na alimentação dos animais as gramíneas forrageiras, o que torna as pastagens de grande importância para a produção pecuária, porém vários fatores influenciam negativamente na produção de forragem, sendo responsáveis pela degradação e morte das pastagens, entre eles podemos citar déficit nutricional, déficit hídrico, manejo inadequado (super-pastejo e sub-pastejo), pragas, doenças, etc.

Os cupins estão entre as diversas pragas com importância para as gramíneas forrageiras no Brasil, são insetos sociais e vivem em colônias populosas, abrigados em ninhos denominados termiteiros ou cupinzeiros.

Segundo Gallo et al. (1988) e Valério (2005), os prejuízos causados pelos cupins em pastagens ainda não foram totalmente determinados, sendo considerados por muitos como sendo apenas uma questão de estética. A presença de cupins em um pasto está associado pelos produtores ao abandono de propriedade e é, portanto, responsável pela desvalorização da mesma. Ainda não existe um consenso entre pesquisadores para determinar os prejuízos causados pela área ocupada pelos seus ninhos numa pastagem, necessitando de mais estudos. Porém os prejuízos também podem ser sentidos pela dificuldade nos tratos culturais, por abrigarem animais peçonhentos, além de poderem danificar mourões de cercas, cochos de madeiras, etc. No entanto os cupins do gênero Syntermes, conhecidos como cupins boiadeiros ou cupins subterrâneos, forrageiam, podendo causar danos diretos às pastagens, constituindo ameaça principalmente na formação das pastagens.

As espécies de cupins mais encontradas nas pastagens brasileiras são pertencentes à Família Termitidae, sendo caracterizada por construir seus ninhos principalmente na forma de montículos. O termo cupim-de-montículo é associado quase que exclusivamente a espécie Cornitermes cumulans, pois esta é uma das espécies mais difundidas no Brasil.

O Cornitermes cumulans constrói seus ninhos de forma cônica, irregular, tomando a cor do terreno em que se encontram. A camada externa do cupinzeiro é constituída por terra cimentada com saliva, a parte interna é formada pelo endoécio ou núcleo, local onde vive a colônia. O núcleo é frágil e de origem orgânica (principalmente celulose e material fecal). Pode ocorrer de haver ninhos compostos, isto é, formado por unidades satélites, estas conectadas com o cupinzeiro original, dominadas por um único par real. Quanto ao hábito alimentar desta espécie ainda não se tem estudos suficientes para determinar sua preferência alimentar, porém, observações mostram que mesmo com grandes infestações não houve danos visíveis causados nas pastagens, o que sugere preferência por materiais vegetais mortos.

Dentre as demais espécies de importância encontradas nas pastagens brasileiras, temos o C. Bequaerti, C. Silvestrii e Syntermes spp.
Os cupins C. Bequaerti diferenciam dos C. Cumulans, principalmente por construírem aberturas para o exterior, lembrando “chaminés” e pelo fato do núcleo ser localizado mais profundo no solo. Já o C. Silvestrii não possuí núcleo em seus ninhos, sendo estes de forma achatada, crescendo mais em largura do que em altura, esta espécie possui ninho composto.

De acordo com Valério (2005), os Syntermes spp., são diferentes das demais espécies que forrageiam folhas mortas das pastagens. Este gênero forrageia cortando folhas verdes, lembrando formigas cortadeiras. Os cupinzeiros das espécies pertencentes a este gênero não tem uma camada celulósica definida, seus ninhos podem ser classificados em três tipos: 1) completamente subterrâneo; 2) subterrâneo, com um montículo formado por um amontoado de terra solta na superfície; 3) subterrâneo, com um montículo resistente e duro, aflorando a superfície. Para forragearem estes cupins saem do ninho através de pequenos orifícios na superfície, e ao término, entram no ninho e obstruem os orifícios com solo.

Para o controle de cupins em pastagem o mesmo pode ser realizado através de uso de inseticidas químicos (Tabela 1). Estes são introduzidos no cupinzeiro através de perfuração do cupinzeiro até que se passe da camada mais dura, atingindo uma camada de mais fácil penetração, o núcleo (C. Cumulans e C. Bequaerti), no caso de C. Silvestrii, cujo ninho não se observa um núcleo, recomenda-se que a perfuração seja feita numa profundidade que atinja sua altura. Valério (2005), recomenda para os Syntermes spp., onde não se constata facilmente um núcleo, aplicar o inseticida através de perfurações feitas nos cupinzeiros (uma perfuração por metro quadrado), penetrando a barra de ferro até atingir uns 20 cm abaixo do nível do solo. Existem também resultados experimentais utilizando fungos entomopatogênicos para o controle de cupins nos pastos.

Muitos dos cupinzeiros nas pastagens podem estar abandonados pelos cupins, não tendo nenhum efeito a aplicação de inseticidas, o controle através de implementos acopláveis à tomada de força do trator, tem sido uma boa alternativa para o controle.

Porém é bom lembrar que pastagens normalmente infestadas por cupins são pastagens mais velhas, degradadas ou em degradação, sendo, portanto passíveis de recuperação, podendo desta maneira receber uma mecanização para preparo de solo e completa destruição dos cupins, dependendo apenas de um diagnóstico de área para avaliar a melhor forma de controle dos cupins e de recuperação desta pastagem.

Tabela 1. Produtos registrados para o controle de cupins de montículos


Adaptado de Valério (2003)

Referências bibliográficas:

Gallo, D. et al. Manual de entomologia agrícola. Ed. Agronômica Ceres, 2ª edição, p. 560-565. São Paulo, 1988.

Valério, J.R. Ameaça de insetos pragas na formação de pastagens. In: Rosa, A.N. et al. (Ed.) Curso de formação, recuperação e manejo de pastagens – Programa Repasto-Seprotur, Turma 5, 1ª etapa, Embrapa Gado de Corte, Campo Grande, MS,2003.

Valério, J.R. Insetos pragas de gramíneas forrageiras: Identificação e controle. In: Pedreira, C.G.S. et al. (Ed.) Teoria e prática da produção animal em pastagens. Anais do 22° Simpósio sobre manejo de pastagem, FEALQ, Piracicaba, SP, 2005.

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