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Depois de duas semanas em alta, mercado do boi volta a ser pressionado

Após duas semanas de alta, o mercado do boi gordo volta a ser pressionado. Com o ligeiro aumento da oferta, principalmente no Mato Grosso do Sul, somado ao início dos abates de bois cocho, a média das escalas estão em torno de uma semana e com isso muitas indústrias recuaram os preços ofertados aumentando a pressão sobre os preços da arroba.

Após duas semanas de alta, o mercado do boi gordo volta a ser pressionado e o indicador apresenta recuo nesta quarta-feira. Segundo o Cepea (Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada – Esalq/USP), o indicador de boi gordo à vista teve queda de R$ 0,71, sendo cotado a R$ 93,04/@. O indicador a prazo foi cotado a R$ 94,02/@, apresentando desvalorização de R$ 0,69.

Em comparação aos valores divulgados no último dia 30 pelo Cepea, o preço da arroba do boi gordo à vista recuou 0,18%, enquanto a variação para o valor com pagamento em 30 dias foi de -0,10%.

Tabela 1. Principais indicadores, Esalq/BM&F, relação de troca, câmbio


As chuvas que caíram em algumas regiões produtoras nos últimos dias não foram benéficas para o produtores que ainda mantinham animais gordos no pastos secos, e forçaram a venda de animais para evitar possíveis perdas de peso. Com um leve aumento da oferta – muitos agentes do mercado acreditam que é o final dos bois de pasto que ainda estavam sendo represados – a indústria conseguiu uma leve folga nas escalas e muitos frigoríficos saíram do mercado.

Com o ligeiro aumento da oferta, principalmente no Mato Grosso do Sul, somado ao início dos abates de bois cocho, a média das escalas estão em torno de uma semana e com isso muitas indústrias recuaram os preços ofertados aumentando a pressão sobre os preços da arroba. Em São Paulo os grandes frigoríficos, que atuam mais ativamente nos estados vizinhos mantém preços de balcão ao redor dos R$ 91,00, para os bois paulistas, enquanto indústrias menores – que tem escalas mais curtas – aceitam negociar e pagar valores um pouco mais altos.

No mercado futuro, a semana foi de recuo, a úncia exceção foram os contratos que vencem em agosto/08, que fecharam a R$ 90,37/@, nesta quarta-feira, com variação semanal de +R$ 0,77. Os contratos que vencem em setembro/08 tiveram recuo de R$ 3,14, fechando a R$ 86,54/@. Outubro/08 foi o contrato que registrou maior desvalorização no período, R$ 4,19, e fechou a R$ 87,69/@. Segundo Maria Paula Valente, da FCStone, “o mercado futuro de boi gordo poderá apresentar-se em queda no dia de hoje após a sinalização do indicador de ontem. Os frigoríficos não conseguindo repassar aumento para o atacado, se mantém com compras restritas aguardando melhores oportunidades de negócio”.

Gráfico 1. Indicador Esalq/BM&F e contratos futuros de boi gordo (valores à vista), em 30/07/08 e 07/08/08


A reposição arrefeceu, com indicador Esalq/BM&F bezerro MS à vista apresentando recuos consecutivos e sendo cotado a R$ 741,23/cabeça nesta quarta-feira. A variação acumulada no período foi de 0,52%. Assim a relação de troca subiu para 1:2,07.

Apesar dos últimos recuos, confinadores ainda reportam a valorização do boi magro como o grande entrave para a realização das metas definidas no início do ano e já assumem menor intenção de confinamento. Alguns pecuaristas acreditam que, com a cotação (reposição) em alta, a estratégia de fechar o gado para a engorda e apostar nos preços do mercado futuro, pelo menos por enquanto, pode não ser a melhor opção

No atacado da carne bovina, segundo o Boletim Intercarnes, os preços seguem estáveis e as ofertas se mantém com volumes inexpressivos, porém não há falta específica de produtos. Neste momento acentua-se como previsto a dificuldade de repasse dos preços para o consumidor final (varejo).

Nesta quarta-feira, o traseiro foi cotado a R$ 6,20, o dianteiro a R$ 5,20 e a ponta de agulha a R$ 4,40. O equivalente físico foi calculado em R$ 83,64/@. O indicador recuando melhora um pouco a situação dos frigoríficos, o spread (diferença) entre indicador de boi gordo e equivalente recuou para R$ 9,40/@, mas ainda continua acima da média dos últimos 12 meses que é de R$ 7,62/@.

Gráfico 2. Indicador Esalq/BM&F boi gordo à vista x equivalente físico


Tabela 2. Cotações do atacado da carne bovina


Segundo o InfoMoney, apesar do dia otimista nos mercados financeiros globais, o dólar comercial seguiu o desmonte de posições no mercado futuro e fechou em avanço, pela terceira sessão consecutiva. A moeda chegou a abrir as negociações desta quarta-feira (6) em recuo, mas sucumbiu à pressão das operações com derivativos.

O dólar comercial fechou cotado a R$ 1,5774 na compra, alta de 0,90% em relação a semana passada. Com esta alta, o dólar acumula valorização de 0,74% em agosto, frente à baixa de 1,59% registrada no mês passado.

De acordo com os dados divulgados pelo MDIC, o Brasil exportou 93.400 toneladas de carne bovina in natura, que geraram receita de US$ 390,8 milhões.

Tabela 1. Exportações de carne bovina in natura


No mês de julho, em relação ao período anterior, ocorreram aumentos tanto para receita (16,75%) quanto para o volume (13,59%) de carne bovina in natura exportada. Neste período o preço médio da carne bovina in natura exportada foi de US$ 4.184/ton.

No acumulado de 2008, as exportações de carne bovina in natura brasileiras acumulam receita de US$2,3 bilhões e um total de 615.671 toneladas embarcadas.

O presidente da Associação Brasileira de Frigoríficos (Abrafrigo), Péricles Pessoa, confirma que as indústrias estão com margens apertadas e com dificuldade de formar escala em prazo mais longo. “O preço do boi está incompatível com as exportações por causa do câmbio e no mercado interno, o consumidor não absorve os impactos da elevação dos preços”, diz.

“Se a situação ficar difícil, em 2009 vamos ter oportunidades de compras”, disse o presidente da JBS, Joesley Batista, referindo-se ao fato de acreditar em quebra de indústrias. Na sua avaliação, todo o setor deve ter redução de margem, com maior dificuldade no próximo trimestre. Batista diz que entre 4% e 5% de margem é razoável.

Para Miguel da Rocha Cavalcanti, sócio-diretor da AgriPoint, a expectativa é de manutenção ou piora das margens, em virtude dos preços e do câmbio. Na sua avaliação, haverá, no segundo semestre, “um embate” entre oferta e demanda, com abates ainda menores que os do primeiro, quando a queda foi de 20% em relação a 2007. Ele lembra que o setor produtivo está passando por um momento de ajuste de oferta, uma vez que o preço alto do bezerro atual desestimula a venda rápida do boi gordo para abate e estimula a retenção de fêmeas para recomposição do rebanho.

O presidente da Associação da Indústria Exportadora de Carne Bovina (Abiec), Roberto Gianetti da Fonseca, confirmou, na sexta-feira passada, que a suspensão temporária da exportação de carne bovina industrializada para os Estados Unidos foi tomada voluntariamente pelos frigoríficos e tem caráter preventivo.

Em entrevista ao noticiário Agribusiness Online, do Canal Rural, nesta sexta-feira, ele explicou que, como há divergências nos critérios de inspeção adotados no Brasil e nos Estados Unidos, toda a indústria frigorífica corria o risco de ser embargada.

“Diante do risco, achou-se melhor que houvesse uma suspensão voluntária por parte dos frigoríficos brasileiros”, confirmou Gianetti.

Nas próximas três semanas, o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) irá realizar novas auditorias nas frigoríficos habilitados a exportar carne bovina industrializada para os Estados Unidos. A decisão é resultado de reunião realizada, nesta sexta-feira (1º), em Washington (EUA), entre representantes da Secretaria de Defesa Agropecuária do Mapa e o Food Safety and Inspection Service (FSIS) do Departamento de Agricultura (USDA) americano que tratou da certificação da carne bovina exportada para aquele País.

Durante a reunião, ficou acertado um cronograma de ações corretivas de aplicação imediata, que inclui o treinamento e reciclagem de técnicos do Serviço de Inspeção Federal (SIF), das empresas (plantas frigoríficas), além das auditorias com equipes especialmente capacitadas neste programa.

Até que estas ações sejam efetivamente implementadas, preventivamente, o Mapa não emitirá o Certificado Sanitário Internacional para a carne bovina processada destinada ao mercado americano.

Com a suspensão temporária das exportações de carne bovina industrializada do Brasil para os Estados Unidos os frigoríficos que mantêm negócios com o mercado norte-americano (JBS e Marfrig) estão redirecionando seus embarques para outros países do Mercosul.

Já o Bertin informou que a carne que seria destinada aos Estados Unidos será direcionada para outros mercados em potencial, inclusive o mercado interno, até que a restrição do governo brasileiro seja suspensa. “Não haverá queda no volume de produção e as remessas para os demais países continuam normalmente”, disse a empresa.

Nesta quinta-feira (07), O Independência anunciou um acordo de arrendamento de uma planta de abate e desossa em Colider, no estado do Mato Grosso, pertencente à empresa Nova Carne. As atividades do Independência na unidade estão programadas para iniciar no dia 15 de agosto de 2008.

“A região de Colider é abundante em gado, com cerca de 8 milhões de cabeças em seu redor. Com mais esta unidade completamos nossa presença no Mato Grosso, um dos principais estados da pecuária brasileira que conta com 11% do rebanho nacional”, afirma o gerente de Suprimento de Matéria-Prima do Independência, Eduardo Pedroso.

Indagado se o Independência estaria na contramão ao ampliar a capacidade de abate, o diretor financeiro do Independência, Tobias Bremer, disse que a indústria passa “por uma fase de reestruturação”, mas o “Independência acredita no potencial do setor por isso faz investimentos para ser líder no futuro”.

Após fechar o primeiro semestre como o 3º maior exportador entre todos os frigoríficos brasileiros e na 40ª posição entre todas as empresas exportadoras do país, subindo 10 posições em comparação ao resultado do ano de 2007, o frigorífico Minerva, anunciou que adquiriu o controle da sociedade paraguaia Friasa S.A. A Friasa opera como arrendatária de uma planta industrial frigorífica localizada na cidade de Assunção, no Paraguai, com capacidade de abate de 700 cabeças/dia.

A aquisição marca o início da expansão internacional do Minerva no Mercosul e faz parte da estratégia da companhia de diversificação geográfica e inserção em novos mercados.

0 Comments

  1. Alexandre Carlos Barszcz disse:

    Muito bom este artigo, retrata de maneira bem detalhada a situação real e futura da pecuária de corte.

    Parabéns!

  2. Juscelio Arantes do Valle disse:

    Gostaria de saber porque não estão sendo atualizada as cotaçoes ?

  3. wagner Augusto camargo disse:

    Muito bom o artigo escrito pelo André. Este nos traz uma posição exata para qual caminho a produção de pecuária de corte está caminhando.

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