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Depois de recorde, cai exportação de carne

Após um 2001 de recordes históricos para as exportações de carne bovina, com o registro da primeira receita bilionária (US$ 1,013 bilhão), os novos negócios estão minguando em abril. “A realização de novos contratos registra queda desde janeiro e é óbvio que as exportações de carne vão cair”, diz o pesquisador do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea), Sérgio De Zen, que acompanha o movimento do mercado.

O Brasil, avalia Zen, “não fez nenhum milagre no ano passado. As empresas não criaram marca própria ou mercado cativo. Apenas aproveitaram o momento em que o preço estava competitivo”, diz. A alta de 2001 foi atípica, diz o pesquisador. O total de embarques foi de 317 mil toneladas, em 2000, para 503 mil (alta de 58,7%) em 2001.

Zen lembra que o Brasil foi favorecido por dois aspectos: a desvalorização do real, que chegou a deixar o boi 40% mais barato em dólar, e os reflexos dos surtos de febre aftosa e da doença da “vaca louca”, que afastaram do mercado competidores importantes, como Argentina e Europa.

O cenário mudou. A cotação do dólar no Brasil caiu, os concorrentes estão voltando ao mercado e a economia internacional cresce devagar. O importador, que fez estoques, agora força a redução do preço, avalia Zen. “Os frigoríficos brasileiros vão viver um momento de aflição e ser pressionados como nunca para manter o preço baixo”, acredita.

No mercado paulista, que serve de referência nacional, o frigorífico paga US$ 19 pela arroba do boi. Na Argentina, que tem um produto mais conhecido e divulgado no exterior, a arroba está cotada em US$ 13. “Chegou a hora de conferir as conquistas da carne brasileira no exterior”, define o diretor de exportação do frigorífico Bertin, um dos líderes nas vendas externas de carne bovina, Marco Bicchieri.

Ele informa que o fechamento de novos contratos caiu em abril. Mas diz que não é possível mensurar a queda. Só em maio a empresa contabilizará os pedidos do mês. “A volta de antigos competidores está pesando”, diz.

A empresa exportou 118 mil toneladas para mais de 30 países em 2001, uma alta de 46% em relação a 2000. O faturamento com as exportações chegou a US$ 240 milhões. Os negócios internacionais representam metade das vendas da empresa.

Fonte: Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior/ Cepea

Balança comercial

A balança comercial está sinalizando a redução nos embarques de carne bovina. Os números oficiais do governo registram queda na média diária das exportações em abril no item carnes, que reúne não apenas carne bovina, mas também suínos e frangos. “Não sabemos o que está provocando essa redução. Não é possível avaliar se está ocorrendo uma queda sazonal em todos os produtos ou uma reversão na tendência de alta nas exportações de carne bovina”, diz o secretário adjunto da Secex (Secretaria de Comércio Exterior), Ivan Ramalho.

No balanço das exportações da segunda semana de abril, divulgado ontem, a retração nas vendas de carne de frango e bovina aparece como um dos destaques para justificar a redução registrada em relação a igual período do ano passado.

Parada transitória

A Associação Brasileira das Indústrias Exportadoras de Carnes (Abiec) também já detectou a redução na realização de novos contratos de exportação de carne bovina e interpreta o movimento como uma parada estratégica do mercado internacional. “Os importadores europeus estão acompanhando preços e avaliando as possibilidades”, diz o diretor-executivo da entidade, Ênio Marques. “Tenho confiança de que nos próximos meses poderemos manter os mercados conquistados e ampliar as vendas neste ano”, afirma.

Abiec, CNA (Confederação Nacional da Agricultura e da Pecuária), Apex (Agência de Promoção das Exportações) e governo federal mantêm o “Brazilian Beef”, programa de promoção das exportações que busca abrir mercados para o País.

Fonte: Agrofolha – Folha de São Paulo (por Alexa Salomão), adaptado por Equipe BeefPoint

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