Com uma das maiores posições de hedge cambial entre as empresas não financeiras, a JBS deverá gerar mais caixa com os contratos usados para se proteger contra a desvalorização do real do que com suas operações de carnes bovina, suína e de aves somadas. Após uma queda de 35% do real frente ao dólar, o lucro da JBS com os chamados derivativos cambiais deverá atingir a marca recorde de R$ 15 bilhões em 2015.
Para alguns observadores, trata-se de um movimento exagerado, considerando que a empresa obtém mais de 80% de suas receitas em moeda forte – espécie de hedge natural, que anularia o impacto do câmbio sobre a dívida externa. Para alguns analistas, o tamanho do programa de hedge da JBS sugere a existência de um componente especulativo na estratégia. “A JBS possui muitos ativos em dólar e grandes operações nos EUA, na Europa e na Austrália. Não precisaria fazer hedge de tudo em dólares. Poderia fazer hedge apenas da dívida que está no Brasil”, disse Viccenzo Paternostro, analista do Credit Suisse, de São Paulo.
A JBS está gastando cerca de R$ 4 bilhões em juros para carregar seus derivativos – duas vezes tudo o que lucrou em 2014, estimam analistas do Credit Suisse e do Bradesco BBI. Sua posição inclui US$ 5,5 bilhões em contratos futuros negociados na BM&FBovespa (quase o dobro da posição que mantinha no fim de 2014) e cerca de US$ 6,3 bilhões em contratos a termo, operados em mercado de balcão.
Fonte: Valor Econômico, resumida e adaptada pela Equipe BeefPoint.