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Diferentes tendências no consumo de carne – Por Sergio De Zen e Mariane Crespolini

Nos próximos anos, o consumo de carne vermelha deve se manter aquecido nos países em desenvolvimento, com destaque para os da Ásia, que concentram quase 60% da população mundial. Essa é a perspectiva de pesquisadores e líderes pecuários, que se reuniram na primeira quinzena de maio em Paris, no sexto encontro econômico do IMS (sigla em inglês de Secretariado Internacional da Carne). Segundo pesquisadores que estiveram no encontro, o crescimento econômico nos países asiáticos nos próximos anos e o aumento da população devem elevar a demanda pela proteína animal.

Por outro lado, o consumo de carne vermelha tende a se reduzir em países desenvolvidos. Isso porque, de acordo com pesquisadores que participaram do IMS, verificam-se mudanças nos hábitos de consumo de carne vermelha nos países já desenvolvidos, como Estados Unidos, Austrália e União Europeia. As indústrias, por sua vez, buscam se adaptar a este novo contexto.

Vale ressaltar que essas mudanças de hábito de consumo também são verificadas em metrópoles e cidades mais populosas de países em desenvolvimento.

Pesquisadores indicam que essa alteração no comportamento do consumidor em países desenvolvidos está atrelada à mudança na rotina e ao acesso a tecnologias. A população tem buscado cada vez mais opções rápidas e de pronta-entrega, limitando, com isso, o consumo de carne vermelha. Nesse sentido, observa-se aumento no número de refeições, mas redução na quantidade, especialmente de carne vermelha.

Além disso, quando a comida é feita em casa, a população tem buscado receitas rápidas e simples. Muitas vezes, a percepção é que preparar a carne in natura é demorado. É preciso considerar, ainda, que redes sociais e mídia defendem a redução ou até mesmo a extinção do consumo de proteína animal. Esses conteúdos têm forte apelo ao consumidor, mesmo sem embasamento científico.

Ainda que essas alterações nos hábitos venham diminuindo o consumo em países desenvolvidos, ao colocar na balança, o volume demandado por proteína animal deve aumentar nos próximos anos, resultado da maior procura, especialmente na Ásia. No entanto, indústria e produtores precisarão se adaptar a um novo contexto, em que as mudanças nos hábitos de consumo ocorrem com a mesma velocidade da inovação tecnológica.

Por Sergio De Zen, professor Dr. da Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz (Esalq), da Universidade de São Paulo (USP) e pesquisador responsável pela área de pecuária do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea) Mariane Crespolini, mestre e doutoranda em Economia pela Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) e pesquisadora do Cepea.

Fonte: Zero Hora.

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