A doença de Aujeszky é uma enfermidade infecto-contagiosa caracterizada por sintomas neurológicos agudos em bovinos. Apesar de mais comum nos suínos (os principais transmissores do vírus para outras espécies), quando acomete bovinos, é altamente letal.
A doença de Aujeszky é uma enfermidade infecto-contagiosa caracterizada por sintomas neurológicos agudos em bovinos. Apesar de mais comum nos suínos (os principais transmissores do vírus para outras espécies), quando acomete bovinos, é altamente letal.
Foi descoberta em 1813 em um surto nos Estados Unidos. Devido os sinais clínicos da enfermidade serem semelhantes aos da raiva bovina, foi denominada pseudoraiva em 1849 na suíça, quando acometeu um rebanho bovino.
Etiologia
O vírus da doença de Aujeszky (VDA) é também denominado SHV-1. Pertence à família dos herpesvírus, sub-família Alphaherpesvirinae (mesmo grupo dos agentes causadores da meningoencefalite por herpesvírus e da rinotraqueíte bovina). É pouco resistente a solventes orgânicos (ex. clorofórmio, desinfetantes, éter) e bastante frágil a mudanças súbitas de temperatura.
Epidemiologia
As principais vias de eliminação do VDA são os corrimentos nasais e a saliva, porém também pode ser transmitido pelo sêmen. A via de transmissão mais comum entre os bovinos é pelo contato direto da pele do animal com as secreções de um indivíduo doente. Há evidências de transmissão por via aérea através de aerossóis (Christensen e colaboradores, 1990).
A doença já foi registrada nos estados do Sul, Sudeste e Centro-Oeste brasileiro. Nos estados sulinos, o Rio Grande do Sul representa uma exceção. Até 2003, foi considerado livre da enfermidade, tendo sido registrado apenas um único foco isolado em 1954 (Groff e colaboradores, 2005).
Sinais clínicos
A infecção pelo VDA (seja por inalação de aerossóis ou contato direto) leva a um prurido intenso que progride rapidamente para encefalopatia. A incubação é comumente pequena (cerca de um dia). Os animais raramente sobrevivem ao segundo dia clínico.
O sinal clínico mais característico é o prurido intenso que pode levar a auto-mutilação (Figura 1). Outros achados são ataxia, tremores e sintomas semelhantes à raiva (convulsão, febre, anorexia, andar em círculos, morte).
A necropsia não revela alterações específicas a não ser pela mutilação em reação ao prurido. As alterações microscópicas aparecem no bulbo, medula, córtex telencefálico e mesencéfalo, ocorrendo inflamação necrosante multifocal e necrose isquêmica de neurônios (Barros e colaboradores 2006).
Diagnóstico
O diagnóstico laboratorial consiste em isolamento viral a partir de amostras do encéfalo do animal acometido. Envia-se a amostra refrigerada para o laboratório, sendo pouco aconselhado o congelamento, a não ser no uso de gelo seco. Testes sorológicos como ELISA e neutralização viral também são utilizados. O diagnóstico através da PCR, que permite a detecção do DNA viral, é uma técnica mais recente e de uso em alguns laboratórios brasileiros.
Controle
Preconiza-se a separação de suínos e bovinos para se evitar a infecção pelo VDA, pois a transmissão ocorre principalmente dos primeiros para os segundos. As carcaças dos animais infectados devem ser incineradas ou enterradas profundamente.
Não existe vacina para o combate da doença em bovinos, apenas em suínos. Nesta espécie, a vacinação é controlada pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, só sendo permitida em focos.
Bibliografia consultada:
BARROS, C. S. L., MARQUES, G. H. F. Procedimentos para o diagnóstico das doenças do sistema nervoso central de bovinos. Brasília, Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, Departamento de Defesa Aninmal, 50 p, 2003.
CHRISTENSEN, L. S; MOUSING, J; MORTENSEN, S; SOERENSEN, K. J; STRANDBYGAARD, S. B; HENRIKSEN, C. A; ANDERSEN, J. B. Evidence of long airborne transmission of Aujeszky´s disease (pseudorabies) virus. The Veterinary Record, v. 127, n 19, pp. 471-474, 1990.
CRANDELL R. A; MESFIN, G. M., MOCK, R. W. Horizontal Transmission of pseudorabies virus in cattle. American Journal of Veterinary research, v. 43, pp. 326-328, 1982.
GROFF, F. H. S.; MERLO, M. A.; STOLL, P. A., STEPAN, A. L.; WEIBLEN, R., FLORES, E. F. Epidemiologia e controle dos focos da doença de Aujeszky no Rio Grande do Sul, em 2003. Pesquisa Veterinária Brasileira, v. 25, n. 1, pp. 25-30, 2005.
KLUGE J.P., BERAN G.W., HILL H.T. & PLATT K.B. 1999. Pseudorabies (Aujeszky´s Disease), p.233-146. In: Straw B.E, D´Allaire S., Mengeling W.L., Taylor D.J. (ed.) Diseases of Swine. Iowa State University Press, Ames.
Manual of Diagnostic Tests and Vaccines for Terrestrial Animals, OIE World Organisation for Animal Health. Aujeszky’s Disease updated 2004/07/23. http://www.oie.int/eng/normes/mmanual/A_00041.htm
OIE. Disease Information: http://www.oie.int/eng/info/hebdo/a_dsum.htm.
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Gostaria de saber qual o periodo entre a infeccao do animal e o inicio dos sinais clinicos; tempo que o animal permanece doente; qual o indice de mortalidade; caso o animal nao venha a obito, como o animal fica apos a doenca; se a vacina de IBR pode aferecer protecao cruzada. Obrigado!
Caro Christiano,
o período entre a infecção e os sintomas costuma ser bastante pequeno. Varia de 1 dia a 4 dias, de acordo com alguns relatos, e pode estar relacionado com a carga viral no início da infecção.
O animal não permanece doente mais do que 3 ou 4 dias. Morre muito rapidamente, com relatos de morte no primeiro ou segundo dia após o aparecimento dos sintomas.
A mortalidade é de 100%. Para ser sincero, nunca vi um relato de animal que tenha sobrevivido à infecção pelo vírus da Doença de Aujeszky, a não ser em suínos, obviamente.
A vacina de IBR não oferece proteção cruzada. Apesar de os vírus serem “aparentados”, não existe semelhança antigênica suficiente para oferecer proteção.
Tem algum fator climático ou outro qualquer, que impeça a ocorrência da Doença de Aujeszky nos estados do Norte e Nordeste e esta está sempre associada a um surto prévio em suínos?