Por Patricia Menezes Santos1, Marco Antonio Alvares Balsalobre2, Luciano de Almeida Corrêa3
A incidência de doenças em plantas forrageiras tropicais é, normalmente, esquecida por técnicos, produtores e pesquisadores. Tradicionalmente, considera-se que o controle de doenças em pastagens tropicais deve ser feito apenas por meio da implantação de variedades resistentes. A dificuldade de se quantificar seus efeitos sobre a produção animal e o custo de aplicação dos fungicidas, certamente, contribuíram para essa situação.
Doença em plantas pode ser definida como um processo dinâmico pelo qual o ambiente, patógeno e hospedeiro se integram mutuamente resultando em alterações morfológicas e fisiológicas no patógeno e no hospedeiro. A suscetibilidade ou resistência do hospedeiro a um determinado patógeno pode variar em função de fatores que influenciam o estado fisiológico da planta como, por exemplo, os ambientais. Os principais fatores do ambiente que podem alterar a predisposição das plantas às doenças são a umidade, temperatura e fertilidade do solo.
A resistência de novos capins às doenças é avaliada durante sua seleção nos programas de melhoramento de plantas forrageiras. No entanto, após o lançamento do material a resistência da planta às doenças pode ser quebrada. Recentemente, por exemplo, foi verificado na Embrapa Pecuária Sudeste, a incidência de “Helminthosporium” em capim-tanzânia (Figura 1). O “Helminthosporium” causa manchas nas folhas. Sua penetração na planta ocorre diretamente através da cutícula ou de ferimentos sendo, no entanto, necessária a existência de água sobre a superfície do órgão a ser penetrado durante tempo suficiente para que possa ocorrer a germinação dos conídios (estrututra reprodutiva do fungo) e a penetração do fungo.
No caso das grandes culturas agrícolas, adota-se o controle integrado de pragas e doenças que engloba técnicas como o uso de cultivares resistentes, tratamento de sementes, rotação de culturas, aplicação de defensivos, plantio em época adequada, etc. A utilização de uma ou outra técnica depende da região de plantio e de uma análise econômica. O conceito de nível de dano econômico é amplamente difundido e orienta os produtores sobre a necessidade de aplicação de defensivos.
No caso de pastagens, exceto em condições extremas que forçam a reforma do pasto, o pecuarista opta por conviver com o problema. Não existem informações sobre técnicas de manejo e de adubação que reduzam a susceptibilidade das plantas ao ataque de doenças e, apesar de não haver informações sobre nível de dano econômico das doenças, a aplicação de fungicidas em pastagens é considerada inviável.
Em áreas de pastagem adubadas intensivamente, no entanto, essa posição deve ser revista. Nos últimos anos têm sido relatados níveis de adubação que chegam a mais de 1.000 kg N/ha.ano em pastos utilizados intensivamente, sendo que valores por volta de 400 kg N/ha.ano são relativamente comuns. Nas áreas que aplicam por volta de 400 kg N/ha.ano somente o custo do fertilizante corresponde a cerca de R$ 800,00/ha.ano, sendo que a aplicação de fungicidas, de forma geral, representa custos da ordem de R$100,00/ha. Dessa forma, a depender dos danos causados à produtividade das forrageiras e do nível de controle dos fungicidas às doenças, esse custo será facilmente absorvido em sistemas mais intensivos.
Os danos causados às pastagens por fungos, bactérias e vírus não são bem conhecidos, entretanto, nos últimos anos tem sido cada vez mais freqüentes a verificação de áreas atacadas e relatos de reforma de pastagens devido ao ataque de doenças. Por outro lado, ano há indicações de nível de controle e de fungicida adequado a determinada doença. Trabalhos nessa área são necessários. A resistência dos cultivares à determinadas doenças passarão, cada vez mais, a fazer parte das características observadas para a definição da planta forrageira adequada para cada região.
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1Patricia Menezes Santos – Embrapa Pecuária Sudeste
2Marco Antonio Alvares Balsalobre – Bellman Nutrição Animal e B&N Consultoria
3Luciano de Almeida Corrêa – Embrapa Pecuária Sudeste
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Gostei da reportagem lida, pois trabalho no municipio de Rio Fortuna como Engenheiro Agrônomo, onde existem algumas propriedades que utilizam o capim tanzania, e alem desta, ainda utilizamos capim elefante, missioneira gigante e braquiarias: decumbens, humidicola e brizanta.
Sou um grande leitor dos artigos publicados pela MilkPoint, pois trabalho forte com gado de leite na região, e só posso dar os parabéns.
Alexandre Fenandes
Rio Fortuna
Gostaria de parabenizá-los pela iniciativa de esclarecer um assunto que considero de suma importância para a manutenção das pastagens, principalmente na região centro oeste, onde ocorre maiores tendências dessas doenças.
Gostaria, se possível mais informações sobre o tipo de doenças mais comum em pastagem e os danos que a mesma causam diretamente na produção de matéria verde.
Desde já agradeço pela sua atenção