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Efeito da época do ano sobre o desempenho de bovinos confinados

As interações ambientais têm grande importância no desempenho de animais confinados. Altas temperaturas, bem como chuva, ventos e lama vão interferir no consumo, e conseqüentemente no desempenho de bovinos confinados.

As diferentes raças presentes no Brasil possuem características de adaptação bastante diferentes, sendo possível a utilização de grupos genéticos melhores adaptados a cada região do país. A escolha da raça mais adequada a cada situação e o primeiro passo para se obter sucesso na produção de bovinos de corte. Outro fator de grande importância nesse processo e a nutrição adequada dos animais, com dietas compatíveis com o grupo genético, o ambiente em questão e a produção esperada.

Kreikemeier, W.M. & Mader, T.L. (2004) avaliaram o efeito da época do ano sobre o desempenho, ingestão de matéria seca, ingestão de água e características de carcaça de novilhas de corte confinadas. Foram avaliadas novilhas cruzadas Angus com aproximadamente 14 meses de idade, alimentadas com dieta altamente energética conforme a tabela 1. Os animais foram alimentados somente uma vez ao dia, às 08:00 da manha.

Tabela 1. Composição da dieta experimental utilizada nas diferentes épocas do ano.


As temperaturas médias observadas foram bem características das estações do ano, sendo as variações apresentadas na tabela 2. Vale lembrar que o trabalho foi realizado na Universidade de Nebraska – EUA, e, portanto com inverno mais rigoroso que o Brasileiro, já o verão apresenta temperaturas bastante semelhantes.

Tabela 2. Temperaturas médias observadas nas estações de inverno e verão durante o período experimental.


As temperaturas durante o inverno foram em media de -1oC, já no verão a média foi de 22,2oC. O peso inicial dos animais nas duas épocas do ano foi de 383,8 kg e 385,2 kg para inverno e verão, respectivamente.

O desempenho foi diretamente afetado pela estação do ano sendo significativamente maior no período de inverno do que no verão. Esse melhor desempenho foi resultado direto de uma maior ingestão observada durante o inverno. O aumento observado durante o inverno para ingestão de matéria seca foi em media 1,44 kg a mais do que no verão, ou 15,5%, porém houve períodos onde essa diferença chegou a 25% (tabela 3). A ingestão total de água também diferiu entre as estações, sendo 74% maior durante o verão (tabela 3). Quando relacionada à ingestão de matéria seca, a ingestão de água mais que dobrou do inverno em relação ao verão.

Tabela 3. Efeito da época do ano sobre ingestão de água e de matéria seca.


Também houve efeito da época do ano sobre as características de carcaça, sendo observado maior cobertura de gordura subcutânea no verão do que no inverno. Já para área de olho de lombo e marmoreio, foram observados maiores valores no inverno (tabela 4). Houve maior incidência de abscessos de fígado nos animais confinados durante o inverno, provavelmente devido a maior ingestão de matéria seca (tabela 4).

Tabela 4. Efeito da época do ano sobre as características de carcaça de bovinos confinados.


Os resultados acima mostram uma grande influência da estação do ano sobre o desempenho e as características de carcaças de animais confinados. No Brasil, o número de animais confinados vem crescendo a cada ano, com praticamente todos os animais sendo confinados no período de inverno. Porém, o crescente aumento nas exportações deve gerar uma maior demanda por carne de qualidade durante o ano, sendo necessários confinamentos durante todo ano. Nesses casos, a interferência do clima devera ser levada em consideração nas projeções de produção e análise de custos.

Referências bibliográficas

KREIKEMEIER, W.M.; MADER, T.L. Effects of growth-promoting agents and season on yearlings feedlot heifer performance. J. Anim. Sci., n. 82, p. 2481-2488.

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