Negócio mais afetado pela delação premiada dos irmãos Batista, a divisão de carne bovina da JBS no Brasil vai voltar aos níveis históricos de produção, disse ontem o executivo-chefe de operações da companhia, Gilberto Tomazoni, em encontro com analistas em São Paulo.
“Vamos recuperar o ‘share’ que tínhamos tanto no mercado brasileiro quanto nas exportações”, afirmou Tomazoni, sem dizer o prazo para tanto. Em entrevista a jornalistas após a apresentação aos analistas, ele ressaltou que a JBS ainda abate menos de 30 mil cabeças por dia no Brasil, nível anterior à Operação Carne Fraca, em 17 de março. Desde a crise iniciada com a investigação da Polícia Federal, a empresa não conseguiu recuperar seu ritmo.
Tomazoni disse que a normalização dos abates no Brasil já está em curso. “Estamos muito próximos do que consideramos que é a normalização dos abates”, afirmou. Embora não tenha revelado o atual nível dos abates, ele garantiu que a empresa se recuperou da pior fase, quando chegou a abater apenas 23 mil bovinos por dia.
Com 36 frigoríficos espalhados pelo Brasil, a JBS tem capacidade para abater diariamente 34,7 mil cabeças de gado bovino. Segundo fontes ouvidas pela reportagem, os abates da JBS já estariam oscilando entre 27 mil e 28 mil animais nas últimas semanas.
A sinalização de retomada da JBS no negócio de carne bovina levantou dúvidas entre os analistas sobre a sustentabilidade da indústria brasileira como um todo, visto que outras empresas do setor, como a Marfrig Global Foods e outros concorrentes de menor porte, avançaram sobre o espaço deixado pela JBS, reabrindo unidades.
Ao Valor, uma fonte próxima à JBS argumentou que o mercado externo já deu sinais de que tem capacidade para absorver a recuperação da JBS concomitante ao avanço dos concorrentes.
Fonte: Valor Econômico, resumida e adaptada pela Equipe BeefPoint.