Como a maior parte das commodities, os grãos negociados na bolsa de Chicago registraram baixas expressivas nesta quinta-feira. O comportamento foi uma resposta à indicação do Federal Reserve (Fed, o banco central americano) de início do tapering — isto é, de uma política de retirada de estímulos da economia americana — até o fim do ano. Além disso, a cada dia aumentam as preocupações com a disseminação da variante Delta do coronavírus no mundo.
O contrato da soja para novembro, o mais negociado atualmente, caiu 2,46% (33,25 centavos de dólar), a US$ 13,200 o bushel. A despeito do movimento financeiro de hoje, a tendência é que as baixas sejam limitadas nas próximas sessões diante de fundamentos sólidos, como o aperto no quadro de oferta e demanda para 2021/22.
“O mercado financeiro pode atuar um pouco mais, mas não há espaço para o preço cair muito porque a soja começou a ficar barata para os compradores — e, com isso, os vendedores somem do mercado. Você tem o negócio no papel, mas ele não se traduz em produto físico”, afirmou Vlamir Brandalizze, da Brandalizze Consulting, ao Valor.
Como fator positivo, o Departamento de Agricultura dos EUA (USDA) reportou que os americanos negociaram mais de 2 milhões de toneladas de soja na semana até o dia 12 de agosto, sendo 1,03 milhão com a China. Em seguida, o órgão americano fez uma nova notificação de vendas para China e México, de 263 mil e 148,6 mil toneladas, respectivamente. É o 11º dia seguido de compras chinesas, lembrou o analista.
Os lotes do milho para dezembro, os de maior liquidez no momento, recuaram 2,52% (14,25 centavos de dólar), a US$ 5,5075 o bushel. Apesar de fundamentos consistentes, o cereal não teve fôlego para superar o pessimismo dos investidores. “Foi um efeito manada em função do mercado financeiro”, resumiu Brandalizze.
Nas próximas sessões, a tendência é que os fundamentos da soja e do milho voltem ao jogo, e eles são positivos para os preços. A expedição Pro Farmer Crop Tour nos Estados Unidos começa a confirmar a discrepância de produtividade no cinturão de grãos americano, o que reforça a tendência de safra menor no país. Além disso, o clima neste mês será decisivo para a consolidação da produção americana.
Por fim, o trigo devolveu os ganhos da véspera — e mais um pouco — na sessão de hoje em Chicago. Após subir 0,4% na quarta-feira, o vencimento para dezembro, o mais negociado no momento, recuou 1,13% (8,50 centavos de dólar), a US$ 7,4275 o bushel.
Para além da movimentação dos fundos de investimento, o mercado ainda monitora o desenvolvimento da safra de trigo na Europa, Canadá e EUA, com possibilidade de novos reajustes para baixo nas estimativas para 2021/22. Essa perspectiva tende a oferecer sustentação aos preços nas próximas sessões.
Fonte: Valor Econômico.