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Embrapa fecha parceria que pode elevar nível de rastreabilidade da produção brasileira

Uma parceria entre a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) e a Associação Brasileira de Automação (GS1 Brasil) pode ser a chave para o país comprovar a origem legal e a qualidade da sua produção rural e conseguir vencer exigências impostas por alguns mercados, como a lei antidesmatamento da União Europeia.

O Sistema Brasileiro de Agrorrastreabilidade (Sibraar), desenvolvido pela Embrapa Agricultura Digital para rastrear produtos agroindustriais desde o campo até a prateleira com aplicação da tecnologia blockchain, poderá operar internacionalmente a partir da adaptação feita pela GS1 Brasil para padrões globais aceitos em mais de 150 países. Além de atender o mercado nacional, a tecnologia está apta a atender empresas que exportam produtos do agronegócio.

O Sibraar foi lançado no ano passado e já faz o rastreamento do açúcar mascavo produzido pela Usina Granelli, do interior de São Paulo. Dez mil quilos do produto foram vendidos em um projeto-piloto de aplicação do Sibraar, o que ajudou a empresa a prospectar mais de 300 clientes. O açúcar demerara também conta com a rastreabilidade e a expectativa é adotar o sistema no xarope de cana para produção de cachaça.

O armazenamento e processamento das assinaturas digitais dos dados do Sibraar ocorre nos servidores da Embrapa. Com a tecnologia blockchain, ferramentas criptográficas gravam as informações em uma cadeia de blocos e criam uma trilha para que os dados sejam auditados, sem risco de alterações. É o que garante a segurança e a integridade das informações, que são gravadas e disponibilizadas para a leitura de qualquer pessoa por meio de códigos QR.

Para Mariana Granelli, diretora da usina que já usa o sistema, a rastreabilidade ajuda na construção de reputação junto ao consumidor final devido a transparência no processo. A tecnologia também melhora a relação com fornecedores de matéria-prima, diz ela, por conta da rapidez na identificação de problemas relativos à conformidade dos produtos.

O pesquisador da Embrapa Alexandre de Castro, que liderou a equipe desenvolvedora do Sibraar, diz que faltava uma “linguagem” global para integrar a tecnologia aos sistemas aceitos internacionalmente, o que é possível agora com a cooperação com a GS1 Brasil.

Além dos açúcares da Usina Granelli, frutas, verduras e legumes de outras empresas estão em processo para uso do sistema. “Nessa semana assinamos contrato de licenciamento com uma empresa de rastreabilidade que irá atender o mercado”, disse o supervisor de negócios da Embrapa Agricultura Digital, Anderson Alves.

A Embrapa também articula a adoção da rastreabilidade por empresas produtoras de arroz e feijão via associações das indústrias desses segmentos. Um projeto-piloto com o Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio) prevê o rastreio da pesca do atum no país.

Um estudo recente feito pela Emergen Reserch indica que o segmento de rastreabilidade de alimentos vai movimentar US$ 9,75 bilhões de dólares em 2028. “A rastreabilidade agroindustrial deve ser vista como investimento”, destaca a CEO da GS1 Brasil, Virginia Vaamonde.

A secretária de Inovação, Desenvolvimento Sustentável, Irrigação e Cooperativismo do Ministério da Agricultura, Renata Miranda, avalia que o Sibraar com padrão internacional será determinante para o país responder aos mercados mais exigentes. “O sistema resolve uma de nossas maiores preocupações, pois a nova lei europeia pode aumentar a desigualdade entre os maiores e menores produtores, que não possuem meios de responder e competir em mercados tão complexos”, completa.

Segundo ela, a tecnologia vai permitir a comprovação da origem de da qualidade dos produtos agropecuários brasileiros. Miranda adiantou que o ministério estuda iniciativas para incentivar a adesão do setor aos processos de rastreabilidade que viabilizam o gerenciamento simplificado de documentos.

Fonte: Globo Rural.

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