Fabricantes de alimentos e bens duráveis básicos, apostam no vigor do mercado doméstico. A Perdigão, indústria alimentícia predominantemente voltada para o mercado interno, por exemplo, já considera uma participação ainda maior nas vendas domésticas no faturamento este ano. Em 2008, entre 55% e 57% do faturamento da companhia veio do mercado interno. Em 2009, a fatia pode atingir 60% da receita, prevê o diretor Nacional de Vendas, Alcione Antonio Santin.
Fabricantes de alimentos e bens duráveis básicos, apostam no vigor do mercado doméstico. A Perdigão, indústria alimentícia predominantemente voltada para o mercado interno, por exemplo, já considera uma participação ainda maior nas vendas domésticas no faturamento este ano. Em 2008, entre 55% e 57% do faturamento da companhia veio do mercado interno. Em 2009, a fatia pode atingir 60% da receita, prevê o diretor Nacional de Vendas, Alcione Antonio Santin.
A companhia projeta entre 8% e 12% de crescimento para o mercado doméstico de produtos processados. No caso das carnes de aves in natura, as vendas domésticas devem crescer 10%, uma vez que há excesso de oferta e os preços devem ficar abaixo da média. Segundo Santin, haverá uma “guerra de preços” do frango neste início de 2009.
A indústria produtora de carne suína, que sofreu queda de 48,62% nas exportações no ano de 2008, também projeta bons resultados para o mercado interno em 2009. “A crise é grave, mas o consumidor brasileiro está firme e forte, o que compensa as perdas recentes nas exportações”, afirma Pedro de Camargo Neto, presidente da Associação Brasileira da Indústria Produtora e Exportadora de Carne Suína (Abipecs).
Segundo ele, o ano de 2008 foi excelente no mercado doméstico, com aumento do consumo de carne suína per capita e ampliação da produção.
“Para os alimentos, não há crise: são produtos de baixo valor e, nessa hora, as pessoas querem comer um pouco melhor”, afirma Gabriel Cherubini, vice-presidente da Yoki Alimentos, uma das gigantes do setor de grãos e derivados, que tem 95% das vendas voltadas para o mercado interno. Com sete fábricas espalhadas pelo País, a companhia cresceu 15% em 2008 e espera crescer 12% este ano.
Com o foco voltado para as vendas de itens indispensáveis, como alimentos e produtos de higiene e limpeza, o Wal-Mart, o maior varejista do mundo e a terceira maior rede de supermercados do País, analisa o cenário como mais turbulento do que pessimista.
O vice-presidente Comercial e de Marketing da companhia, José Eduardo Cabral, diz que a perspectiva é de continuar ganhando fatias de mercado. “O Wal-Mart tem preços competitivos, e isso ganha importância em tempos de crise”, diz.
A fabricante de eletrodomésticos Whirlpool, dona das marcas Consul e Brastemp, acredita que, apesar da escassez no crédito, o mercado interno vai continuar crescendo, ainda que de forma mais moderada.
“Estamos otimistas em relação ao consumo doméstico em 2009. Não temos um plano B. A instabilidade do momento deve se atenuar”, diz Jerome Cadier, diretor de Marketing da Whirlpool.
China
Já a Sadia está confiante no aumento das vendas para a China. A empresa que foi uma das mais prejudicadas pela crise por sua exposição com derivativos de câmbio, é um dos poucos grandes exportadores brasileiros que mantém relativo otimismo para 2009, não acreditando em redução do volume exportado de carne de frango e apostando na abertura do mercado chinês.
“A China pode ser a grande alavanca da exportação de frango do Brasil em 2009”, disse Gilberto Xandó, diretor vice-presidente de mercado externo da Sadia. Anunciada recentemente pelo Ministério da Agricultura, a abertura do mercado chinês era aguardada pelo setor, mas falta a regulamentação. “Na China, é tudo muito burocrático, mas estamos otimistas.”
A Sadia admite que os preços do frango devem baixar este ano. Segundo a empresa, os importadores tendem a reduzir as compras e consumir os estoques no primeiro trimestre, devido à dificuldade de obter crédito. No decorrer do ano, a situação vai se normalizar. “Não acreditamos em redução do consumo de frango. Pode crescer menos, mas no geral não vai cair.”
Para a empresa, o maior problema ocorrerá na Europa, onde o consumo pode recuar por conta da recessão. No entanto, as vendas ainda devem crescer para mercados como Oriente Médio, Rússia e China. “O frango continuará o grande vencedor na briga da proteína”, disse Xandó.
As informações são do jornal O Estado de S.Paulo e do jornal Valor Econômico, resumidas e adaptadas pela Equipe BeefPoint.