Entidades do setor pecuário do RS temem por desabastecimento

A indústria não descarta risco de desabastecimento a partir da entrada em vigor da instrução normativa número 21, que determina as novas normas do Sistema Brasileiro de Identificação e Certificação de Origem Bovina e Bubalina (Sisbov). Segundo o diretor executivo do Sindicato das Indústrias de Carnes e Derivados do Rio Grande do Sul (Sicadergs), Zilmar Moussalle, por enquanto há matéria-prima certificada, mas não há como garantir como estará esse estoque daqui a 30 dias.

Moussalle espera que as exigências não comprometam as exportações, projetada em 90 mil toneladas para 2004. “A falta de matéria-prima pode inviabilizar o cumprimento dos contratos num ano em que projetamos incremento de 22%”. De imediato, já sofre reflexo a venda externa de miúdos de animais sem certificação, enviados para Hong Kong por frigoríficos de Santa Maria, Rio Pardo e Farroupilha, e permitida até março.

O Sicadergs pede conscientização do produtor. O trabalho vem sendo feito pela Federação da Agricultura do RS (Farsul) junto aos sindicatos rurais há pelo menos dois anos, mas o presidente da Comissão de Pecuária da entidade, Fernando Adauto de Souza, critica a implementação feita pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), que até agora impôs regras e prazos somente à indústria. “Não discutimos a validade do rastreamento, mas os prazos dados ao setor produtivo que não foi mobilizado como deveria”, explica Souza.

Pelo cronograma do Mapa, a partir de maio de 2005 todo animal deverá estar cadastrado há 365 dias no sistema. Na prática, o trabalho teria de começar agora para não prejudicar as exportações. Mas Souza aponta dificuldades operacionais para que isso ocorra e diz que a entrega dos brincos utilizados para o rastreamento já está demorando mais que o habitual. Dados do Sicadergs indicam que menos de 5% dos 14 milhões de bovinos no RS estão rastreados.

O dirigente da Farsul aponta ainda confusão na redação da instrução com relação à participação dos animais em feiras. Pelo texto, a partir de 1^o de agosto só participam de mostras internacionais, nacionais e interestaduais e de leilões da raça, animais cadastrados no Sisbov, mas um dos artigos deste mesmo capítulo estipula que para exemplares sem registro em associações de raça o prazo será 1^o de novembro de 2004. O calendário prevê ainda prazo mínimo de registro de 90 dias a partir de 31 de maio deste ano e 180 dias a partir do dia 30 de novembro.

Fonte: Correio do Povo/RS, adaptado por Equipe BeefPoint