A campanha de vacinação contra a febre aftosa começa hoje, em 14 estados do País, com um alerta: a falta do produto para imunizar o rebanho neste mês. O estoque atual dos laboratórios é capaz de atender a apenas 8% da demanda nacional para novembro, isso indica que, em algumas localidades, o período de vacinação poderá ser estendido para além de 30 de novembro – data oficial para o término da campanha. Pelos cálculos do Sindicato Nacional da Indústria de Produtos para Saúde Animal (Sindan), existem disponíveis atualmente 6,8 milhões de doses. Outras 73,8 milhões de doses estão em teste para liberação entre novembro e dezembro. Somente quando estas unidades estiverem no mercado é que a oferta atenderá a demanda.
Segundo o vice-presidente do Sindan, Sebastião Guedes, com o foco de febre aftosa no Rio Grande do Sul, no início deste ano, a demanda pelo produto aumentou, fazendo com que as indústrias ficassem sem um estoque estratégico. A situação só não está mais crítica porque a segunda etapa da vacinação, que ocorre sempre em novembro, foi adiada para janeiro no Rio Grande do Sul. Guedes acha que algumas localidades poderão ter falta de vacina durante a campanha, mas isto será sanado no decorrer do mês. “Temos que ver qual vai ser a prioridade: atender à maior demanda do Centro-Oeste e Circuito Leste ou ao Norte e Nordeste, onde a necessidade é menor”, diz. Segundo ele, uma das regiões críticas é o Pantanal, pois se a imunização do rebanho não ocorrer agora, as chuvas podem atrapalhar o trabalho. “Não existe eminência de falta”, afirma o coordenador de Produtos Veterinários do Ministério da Agricultura e do Abastecimento, Ricardo Pamplona. Segundo ele, há um calendário a ser cumprido e o governo não está “burlando normas técnicas” para acelerar o processo e atender a esta demanda. Em média, as partidas das amostras demoram até 42 dias para serem analisadas. Pamplona garante que nos próximos dias 5,8,15,18 e 22 de novembro partidas estarão sendo liberadas, o que seria suficiente para a campanha atual. Segundo ele, é normal nesta época do ano as amostras estarem sendo avaliadas para consumo imediato.
Aumento nas vendas com RS na liderança
Em todo o País, foram vendidas entre janeiro e outubro 231,3 milhões de doses. O número é 6,5% superior ao valor comercializado no ano passado. No ranking nacional, o Rio Grande do Sul é o estado com maior compra, alcançando 29 milhões de doses. Goiás é o segundo colocado, com 26 milhões de doses adquiridas até o último dia 29. Tal posição deve-se ao fato de o Estado ser um centro de distribuição dos principais laboratórios. Com apenas 20 milhões de cabeças a serem imunizadas e uma compra superior a este número, Goiás não tem registrado falta do produto. “Este tipo de reclamação ainda não chegou até nós, apenas existem queixas de reajuste de 10% do produto”, afirma o secretário de Agricultura do Estado, Leonardo Vilella.
Para o presidente do Fundo Emergencial para a Febre Aftosa (Fefa/MS), Laucídio Coelho, as vacinas necessárias já estão no mercado, incluindo as 150 mil doses adquiridas pelo governo a serem distribuídas para sem-terra e índios. Para ele, se ocorrer prorrogação será por questões climáticas, já que a chuva atrapalha a imunização dos animais. “A prorrogação dificulta o controle”, diz Ênio Arruda, presidente do Instituto de Defesa Agropecuária de Mato Grosso (Indea/MT). No Mato Grosso, são 19 milhões de bovinos a serem imunizados. No Distrito Federal a campanha está prevista para ocorrer até o dia 1 de dezembro, um sábado, já que é o dia da semana em que há maior comercialização do produto. Em Tocantins, estima-se que o estoque seja suficiente para um terço da necessidade (6,3 milhões de cabeças). Segundo o diretor-presidente da Agência de Defesa Agropecuária (Adapec), Reinaldo Soares,”O produtor vai ter que procurar”. O dirigente diz que estão programadas remessas do produto a partir de 10 de novembro, que podem assegurar a imunização de todo o rebanho.
Fonte: Gazeta Mercantil (por Neila Baldi), adptado por Equipe BeefPoint