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EUA: Cargill corta produção de “lodo rosa” e prevê aumento nos preços dos hambúrgueres

A Cargill Inc. disse que cortaria a produção de sobras de carne que os críticos chamam de “lodo rosa” e disse que a resistência dos consumidores com o produto poderá levar a maiores preços do hambúrguer durante a estação de carne grelhada, que começa nessa primavera nos Estados Unidos.

A Cargill Inc. disse que cortaria a produção de sobras de carne que os críticos chamam de “lodo rosa” e disse que a resistência dos consumidores com o produto poderá levar a maiores preços do hambúrguer durante a estação de carne grelhada, que começa nessa primavera nos Estados Unidos. A medida da Cargill veio dois dias depois de a produtora Beef Products Inc fechar três de suas quatro fábricas que produziam o produto e anunciar que 650 empregos estão em risco. A Cargill não disse se algum emprego em suas plantas foi afetado.

A preocupação de que os maiores preços do hambúrguer poderá desestimular a demanda dos consumidores por carne bovina levou os preços futuros do boi no Chicago Mercantile Exchange a cair mais de 1% na quarta-feira (28). Em debate está um produto que a indústria de carnes chama de “carne bovina finamente texturizada” que é feita com sobras de carne após feitos os cortes nas carcaças. O produto era amplamente usado como um aditivo de hambúrgueres.

Alguns consumidores ativistas, incluindo o chefe de cozinha Jamie Oliver, fizeram uma campanha para proibir o uso do produto, chamando-o de “lodo rosa” e mostrando fotos na televisão e na internet. “Alguns clientes da Cargill eliminaram a carne finamente texturizada de seus produtos. Alguns clientes de carne bovina fresca da Cargill nos pediram para fornecer carne moída sem isso”, disse o porta-voz da empresa, Mike Martin.

A indústria de carne bovina foi pega desprevenida pela campanha, que promoveu uma série de queixas dos consumidores e levou redes de supermercados e companhias de alimentos a rejeitarem o produto. Isso poderia forçar os frigoríficos a usar carne bovina de maior qualidade para a fabricação de hambúrgueres e aumentar os preços.

Os apoiadores da indústria de carnes se manifestaram contra, dizendo que o produto é seguro para o consumo. O governador de Iowa, Terry Branstad, com o secretário da Agricultura dos Estados Unidos, Tom Vilsack, disse que os ativistas estavam conduzindo uma “campanha de difamação” contra os produtores de carne.

Vilsack disse que a agência se manteria fiel ao recente anúncio permitindo que as escolas dos distritos escolhessem se queriam hambúrguer com o aditivo para os lanches escolares. Centenas de escolas pediram que o USDA proibisse o produto dos lanches escolares e o Governo teve a responsabilidade de responder, disse ele. “Esse produto é seguro. Não existe dúvida sobre isso”, disse Vilsack.

As três principais redes de supermercados do país – Kroger Co, Safeway Inc e Supervalu Inc – disseram que não venderiam mais hambúrguer contendo o produto. O Walmart, maior vendedor de alimentos dos Estados Unidos, disse que não usaria mais o produto em suas bandejas de hambúrguer.

O McDonald’s foi a primeira grande rede de fast food a parar de comprar hambúrguer incluindo esse produto em agosto passado e algumas outras redes de fast food seguiram essa mesma medida rapidamente. A Cargill disse que não estava parando totalmente a produção do produto de carne bovina, que é feito em quatro de suas cinco plantas.

Branstad, disse que consome a carne bovina com esse aditivo há 30 anos e culpou as pessoas que se opõem à inclusão de carne na dieta pela campanha contra o produto e disse que isso poderia prejudicar a economia do Estado. Iowa é dependente da criação de gado e a produção de milho e soja é feita para a alimentação dos animais.

Qualquer grande queda na demanda por carne bovina poderia colocar uma pressão significante nos lucros das companhias de carne, que estão aguardando a primavera, que é a estação da carne grelhada nos Estados Unidos.

A carne finamente texturizada é feita retirando sobras das carcaças e as aquecendo para separar a gordura. Alguns produtores pulverizam o produto com amônia para esterilização, e então, o adicionam ao hambúrguer. A indústria de carne bovina disse que o produto é 98% carne magra.

A reportagem é da Reuters, traduzida e adaptada pela Equipe BeefPoint.

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1 Comment

  1. Pedro E. de Felício disse:

    A título de sugestão, nessa matéria que dá uma boa ideia da controvérsia norte-americana sobre LFTB (lean finely textured ground beef) ou “pink slime”, eu prefiro traduzir “lean finely textured” por carne magra de textura fina, porque esse coproduto não é texturizado, a textura é fina porque não tem a estrutura típica de tecido muscular, ele constitui um aproveitamento de fibras musculares retiradas – por aquecimento e separação física – de retalhos gordurosos. Em virtude do aquecimento para fundir o tecido adiposo (gordura) o LFTB se deterioraria rapidamente, e é para evitar isso que se faz o tratamento ou descontaminação com cloreto de amônia. Alguém chamou isso de “pink slime” que eu traduzo por limo rosa e não lodo, embora no Aurélio limo seja sinônimo de lodo, mas no dicionário de inglês (Oxford) “slime” é algo repulsivo e não creio que se possa dizer que o lodo seja repulsivo, por isso prefiro limo rosa, que imagino tenha sido o sentido pejorativo que quiseram dar.
    A controvérsia sobre o uso desse “aproveitamento” de proteína, na minha opinião, contrariando os estudiosos da carne dos EUA é que a indústria não avisava os consumidores que usava “limo rosa” na carne moída e no hambúrguer porque sabia que não era esse coproduto que o consumidor gostaria de comer ao comprar carne. Agora choram sobre o leite, ou melhor, sobre o limo derramado e acusam todo mundo de não conhecer a ciência que dá embasamento ao uso dessa coisa na alimentação humana. Se esquecem que consumidores não comem carne movidos por interesse científico, mas pelo apetite e cultura de seu povo.

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