O governo dos Estados Unidos vai liberar US$ 13 bilhões adicionais para os agricultores do país compensarem reflexos negativos provocados pela pandemia da covid-19. O anúncio foi feito por Donald Trump na quinta-feira passada em comício no Wisconsin, num sinal de particular preocupação do presidente com a situação dos produtores antes da eleição presidencial de 3 de novembro.
Produtores rurais de diversos países vem sendo turbinados pelos governos na esteira da pandemia. A tal ponto que a Organização Mundial de Comércio (OMC) lançou uma iniciativa para que os países informem as ajudas oferecidas ao campo no atual cenário de excepcional incerteza na economia mundial.
Antes da ajuda anunciada na semana passada por Trump, os pagamentos diretos de Washington a produtores americanos já chegavam a US$ 37,2 bilhões em 2020, ou 36,2% da renda líquida média do agricultor no país, segundo levantamento do Canadá. Em comparação, 18% da receita bruta de agricultores de países ricos vem de políticas governamentais, conforme dados da Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE).
O Canadá usará o Comitê de Agricultura, nesta terça-feira, para destacar que, depois de ter aumentado 64% no biênio 2017-2018 e mais 65% em 2019-2020, os pagamentos do governo dos EUA ao setor agrícola estão agora empurrando a receita líquida do produtor ao maior nível em sete anos.
Os canadenses indagam se os EUA têm planos para reduzir a dependência de seus agricultores dos subsídios governamentais, e pede detalhes de como essa ajuda respeitará os limites de ajuda acertados no acordo agrícola da OMC.
Na verdade, com a pandemia da covid-19 um mesmo grupo de países elevou o apoio a seus agricultores: EUA, União Europeia, Japão, China, Índia, Canadá e agora até Austrália. Fica evidente, assim, o fosso entre os mesmos de sempre que subsidiam e o resto dos países.
Desta vez, novos questionamentos serão feitos aos australianos pelo aumento da ajuda para o transporte aéreo de exportações agrícolas de alto valor agregado. Em julho, a Austrália anunciou 241 milhões de dólares australianos a mais para reduzir os custos de transporte dessas vendas.
A Austrália, por sua vez, questiona a Índia diante de informações de que o país vai mais uma vez introduzir cota de exportação de açúcar para 7 milhões de toneladas no biênio 2020-2021 para se desembaraçar de excesso de produção. E a Índia, por sua vez, pede ao Brasil detalhes de como o crédito fornecido pelo Plano Safra cresceu 6,1% na temporada 2020/21, para R$ 236,3 bilhões.
Fonte: Valor Econômico.