Na semana passada, o Serviço de Inspeção Sanitária Animal e Vegetal (APHIS) do Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA) divulgou sua lei final permitindo a importação de carne bovina fresca de algumas regiões da Argentina e do Brasil. A Associação Nacional de Produtores de Carne Bovina (NCBA) americana se posicionou firmemente contra essa regulamentação, não com base no comércio, mas com base em preocupações de saúde animal, dizendo que nenhum comércio vale arriscar a saúde do rebanho do país.
“A arrogância dessa administração em continuar aprovando leis que têm profundo impacto na indústria, sem consultar as partes afetadas, é terrível”, disse o presidente da NCBA, Phillip Ellis. “A febre aftosa é uma doença altamente contagiosa e devastadora, não apenas para a indústria pecuária, mas para todos os animais bi-ungulados e pode ser introduzida e disseminada através da importação de produtos frescos e congelados. Em 1929, nossa indústria tomou passos profundos e pessoalmente devastadores para erradicar a doença e os Estados Unidos ficaram livres de febre aftosa desde então, mas as ações dessa administração puramente por ganhos políticos ameaçam a viabilidade de toda a nossa indústria e ameaçam centenas de milhares de famílias produtoras de gado americanas”.
“A NCBA demonstrou através de vários comentários públicos e pessoalmente em reuniões com equipes e membros nossas preocupações com relação à importação de produtos frescos e congelados do norte da Argentina e de 14 estados brasileiros. Há uma longa história de focos repetidos em muitos países vizinhos da América do Sul, bem como um histórico de problemas na Argentina e no Brasil com o cumprimento das regulamentações de saúde animal e segurança alimentar. Apesar dessa longa história dessa doença economicamente devastadora, a Administração não conduziu uma análise objetiva quantitativa de riscos para essa lei, como fez com o Uruguai em 2002.
“A pressa e a natureza desleixada dessa lei mostra claramente a agenda política da Administração em forçar sua aprovação, literalmente apesar da ciência”, disse Ellis. “Essa lei violou o processo de legislação federal, violou a integridade científica na elaboração de leis do Executivo Orders, contornou a revisão do processo de análise de riscos do Government Accountability Office e reteve informações críticas das partes interessadas. Nosso escritório na verdade recebeu mais de 600 páginas de documentos relevantes ao Brasil em português e mais de 25% dos documentos para a Argentina foram postados ao Registro Federal em espanhol, nenhum com tradução disponível. Ninguém deveria ter que aprender uma segunda língua para revisar uma regulamentação proposta pelo governo dos Estados Unidos”.
O efeito de um foco de febre aftosa nos Estados Unidos seria devastador para a agricultura e para toda a economia do país, com estimativas de perdas econômicas totais de US$ 37 bilhões a US$ 228 bilhões, dependendo do tamanho do foco. Além disso, várias perdas ocorreriam pelo fechamento dos mercados de exportação, perdas nas vendas domésticas, perdas de oportunidades e perdas na confiança dos consumidores na carne bovina.
Fonte: http://www.bovinevetonline.com, traduzida e adaptada pela Equipe BeefPoint.
5 Comments
Devemos ter pulso forte diante de uma situação como esta, acredito que a associação americana esta certa em si preocupar com os problemas que poderão advir desta decisão, mas temos meios para fazer com que este problemas seja solucionado dentro de nossa casa afinal precisamos mostrar a força do agronegócio BRASILEIRO., acredito também que estamos preparados para atender qualquer mercado, o Produtor Brasileiro precisa deixar o EGO de lado e se unir em PROL de todas as Causas promissoras ao AGRO….
A posição da NCBA,não passa de um loby, tentando proteger as industrias Frigorificas dos Estados Unidos e Canada.
E bom que as industrias de carne , Brasileiras, e Principalmente o Governo Brasileiro aprendam a conviver com essa pressão inexata e com esse tipo de loby.
Há Estados Brasileiros que vacinamo gado contra a Aftosa, Não devido a necessidade,mas com respeito a extinta doença, Minas Gerais ,e um destes estados.
Todo pais tem uma Hegemonia em diversas áreas , Tecnologia, química refinada, Petróleo, Armentos, Economia, moeda… enfim.
Mas no Brasil , a nossa hegemonia e a Criação de gado, Plantio de pastagens, e finalmente a produção de carne bovina de qualidade.
O que tem de duvida e o receio a NCBA, e um grito isolado e egoísta. Pois exportamos carne para o oriente médio ha décadas. E aquele ditado ” Você vê, somente naquilo que quer acreditar “
Protecionismo econômico é uma coisa, risco sanitário é outra, não dá para mostrar cientificamente qual é o risco de transmissão da febre aftosa pela exportação da carne ?
Abs.
Eduardo
Com todo o respeito à NCBA (e sim essa Associação merece muito respeito), aqui segue o ponto de vista de um apaixonado pela bovinocultura de corte, pecuarista desde 1995 e também selecionador de Zebu (Nelore P.O.) desde 97:
1) A NCBA critica a arrogância da gestão Barack Obama: “A arrogância dessa administração em continuar aprovando leis que têm profundo impacto na indústria, sem consultar as partes afetadas, é terrível”, disse o presidente da NCBA, Phillip Ellis. (Em outras palavras, comprando proteína animal externa mais barata, saudável e magra poderia abaixar o preço do apetitoso hambúrguer americano e seus os níveis de gordura. Tornando o mais saudável, equilibrado e nutritivo… Mas isso, só interessa ao governo Obama, ao sistema de saúde nacional e à população consumidora americana. Nós produtores, teríamos de fazer grandes ajustes para continuar vendendo nossa carne mais gorda e cara de se produzir a partir do preço do bezerro americano e dos insumos envolvidos na cadeia de produção).
Ou ainda, nesse mesmo diapasão: (E como sabemos melhorar a genética leva tempo e gerações. Vamos nos manifestar contra a posição de se trazer carnes da Argentina e do Brasil, redigindo um texto de uma hora de computador. Simplesmente, por que no curto prazo, poderíamos perder algum dinheiro ou mercado conquistado.)
2) Virando a 180º logo depois, chegou a hora da NCBA ser “arrogante”: “Ninguém deveria ter que aprender uma segunda língua para revisar uma regulamentação proposta pelo governo dos Estados Unidos”. (Como se isso fosse um demérito e pior, como se não existisse ainda o Google Tradutor).
No Brasil, aprender uma segunda língua é motivo de conquista, honra e alegria para qualquer cidadão. Você tem o sentimento de que está cada vez mais em contato com o mundo.
Aqui no Brasil, é um mérito, uma vantagem ser bilíngue, nos esforçamos para nos comunicar em inglês e espanhol como os nosso vizinhos, amigos e parceiros comerciais. Além de pronunciar o português que já é um língua complexa e rica em variações de tempo.
Abração a todos,
Eduardo Ferraz Pacheco de Castro
Pecuarista do Brasil
Parabéns Eduardo. Muito elucidativo.