O Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA) anunciou nesta segunda-feira a reabertura gradual dos postos de importação de animais vivos na fronteira com o México, começando em 7 de julho pelo posto de Douglas, no Arizona.
A secretária de Agricultura, Brooke L. Rollins, afirmou que a decisão é resultado de semanas de colaboração intensiva com as autoridades mexicanas no combate à Screwworm (NWS, sigla em inglês, ou mosca-da-bicheira do novo mundo) — um parasita devastador que ataca animais e que levou ao fechamento de todos os portos da fronteira sul em 11 de maio.
O fechamento prolongado dos portos de importação de animais vivos interrompeu uma relação comercial crítica entre os EUA e o México, afetando pecuaristas e operações de gado em ambos os lados da fronteira. A NWS representa uma ameaça existencial à agricultura americana — a mosca parasita deposita ovos em feridas abertas dos animais, produzindo larvas que penetram na carne viva, causando ferimentos graves e muitas vezes a morte.
O USDA erradicou com sucesso a NWS dos EUA em 1966, mas seu retorno devastaria a indústria pecuária e ameaçaria a segurança alimentar do país.
As consequências econômicas são significativas. Um surto semelhante na Flórida, em 2016, exigiu a eutanásia de 102 animais infectados, demonstrando o potencial destrutivo do parasita, mesmo em situações controladas. A ameaça atual representa o avanço do parasita rumo ao norte através da América Central nos últimos dois anos, chegando ao México em novembro de 2024 e se espalhando até 700 milhas (cerca de 1.100 km) da fronteira dos EUA.
A NWS já passou sistematicamente por Panamá, Costa Rica, Nicarágua, Honduras, Guatemala, El Salvador, Belize e agora México, com casos detectados nos estados mexicanos de Oaxaca e Veracruz.
A reabertura acontecerá ao longo de três meses, com cinco postos retomando as operações gradualmente. Os demais quatro, além de Douglas, são:
Cada reabertura será avaliada quanto a efeitos adversos antes da próxima fase. A rápida disseminação do parasita pelo México levou à suspensão de maio, depois que uma tentativa anterior do USDA, em fevereiro, de retomar as importações com protocolos de inspeção reforçados, se mostrou insuficiente.
A resposta do departamento incluiu operações de liberação de moscas estéreis, com mais de 100 milhões de moscas estéreis liberadas semanalmente para interromper o ciclo reprodutivo do parasita. Essa técnica — explicada anteriormente pela Newsweek pelo professor Phillip Kaufman, da Texas A&M — funciona porque a fêmea da NWS acasala apenas uma vez. Inundar a área com machos estéreis impede a reprodução bem-sucedida. Cinco equipes do Serviço de Inspeção de Saúde Animal e Vegetal (APHIS) realizaram avaliações completas em campo no México neste mês para verificar os esforços de contenção.
Protocolos rigorosos de importação agora regem a reabertura. Apenas bovinos e bisões nascidos e criados em Sonora ou Chihuahua, ou que tenham sido tratados conforme protocolos específicos contra a NWS, poderão ser importados inicialmente. Os portos do Texas só reabrirão quando os estados mexicanos de Coahuila e Nuevo León adotarem protocolos semelhantes. Equinos de qualquer parte do México poderão ser importados, mas precisarão cumprir quarentena de sete dias e seguir os protocolos sanitários específicos para equinos.
O México está reformando sua unidade de produção de moscas estéreis em Metapa, que deverá produzir entre 60 e 100 milhões de moscas estéreis por semana até julho de 2026. Isso representa um avanço em direção à meta de longo prazo de produzir entre 400 e 500 milhões de moscas por semana, para restabelecer a barreira sanitária contra a NWS na região do Istmo do Darién.
Rollins, em comunicado nesta segunda-feira: “No USDA, estamos focados em combater o avanço da NWS do Novo Mundo no México. Essas ações rápidas da administração Trump melhoraram as condições para permitir a reabertura gradual de portos selecionados na fronteira sul para o comércio de gado. Continuaremos em estado de vigilância elevada e não descansaremos até termos certeza de que essa praga devastadora não causará danos aos pecuaristas americanos.”
Kaufman, que também é chefe do Departamento de Entomologia da Texas A&M University, já havia explicado à Newsweek:
“Eliminar a mosca, especialmente em infestações mais amplas, requer várias abordagens complementares, incluindo monitoramento de feridas infestadas por larvas, uso de armadilhas específicas e liberação em massa de machos estéreis.”
E acrescentou: “A técnica dos machos estéreis é essencial, pois a fêmea da NWS acasala apenas uma vez, e ao inundar a área infestada com machos estéreis, fazemos com que ela deposite ovos que não eclodem. À medida que essas fêmeas selvagens morrem, a população diminui e a mosca é eliminada. Esse processo leva tempo, mas tem eficácia comprovada.”
O USDA continuará monitorando cada etapa da reabertura dos portos quanto a possíveis efeitos adversos antes de seguir para a próxima fase.
As autoridades relataram que, nas últimas oito semanas, não houve aumento significativo nos casos de NWS nem avanço da praga em direção ao norte, o que indica progresso nos esforços de contenção. Melhorias adicionais nos controles de movimentação animal e nas ações de vigilância no México continuam sendo essenciais para que os demais portos possam reabrir conforme o cronograma.
Fonte: Newsweek, traduzida e adaptada pela Equipe BeefPoint.