Análise semanal – 12/07/2006
12 de julho de 2006
Panorama e perspectivas no mercado da carne
14 de julho de 2006

Europeus tentam barrar importação de alimentos do Brasil

Em mais uma queda de braço envolvendo o mercado internacional, associações de agricultores e cooperativas agrícolas da Europa querem a proibição de alimentos do Brasil que não estejam dentro dos padrões de qualidade fitossanitária da Europa.

Feito às vésperas de uma reunião de chefes de Estado, que pode desbloquear as negociações da OMC para a abertura dos mercados agrícolas, o pedido à Comissão Européia foi liderado pela Confederação Geral das Cooperativas Européias (Cogeca), com base em dois relatórios da UE, que acusam o Brasil de desrespeitar uma série de padrões internacionais na produção. Em abril, as análises a partir de inspeção feita em 2005 ficaram prontas e concluíram que o Brasil não oferecia condições suficientes para que alguns produtos pudessem entrar no mercado europeu.

Segundo os europeus, as deficiências de controle já registradas em 2003 não foram corrigidas, as ações prometidas pelo governo não foram cumpridas, não há controle de produtos veterinário em fazendas e ainda há sérios problemas nos testes em frangos.

A UE deu dois meses para o governo se explicar, mas Brasília esperou até o último dia do prazo para enviar as explicações e as medidas que promete tomar para evitar sanções. Agora, as autoridades européias informaram ao Estado que vão analisar tanto o pedido dos agricultores como as explicações brasileiras. Em setembro, tomarão decisões sobre a entrada dos produtos brasileiros na UE.

Carta enviada pelos agricultores e assinada pelo secretário-geral das entidades, Franz-Josef Feiter, alertou que o Brasil tem sérios problemas de padrão de qualidade. Enquanto não forem resolvidos, o setor privado europeu quer que as barreiras sejam impostas. O pedido foi enviado ao comissário de Comércio da UE, Peter Mandelson. Sua assessoria garantiu que vai analisá-lo.

Para o presidente da Abiec, Marcus Vinícius Pratini de Moraes, trata-se de mais um lance de “puro protecionismo sanitário” dos europeus. “Mais uma vez, estão tentando usar de forma abusiva normas sanitárias para restringir a importação de carne brasileira e permitir que os produtores europeus aumentem seus preços”, disse em reportagem de Jamil Chade, com colaboração de Patrícia Campos Melo para O Estado de S.Paulo.

Mas ele não acredita que o pedido terá sucesso. “A União Européia é importadora líqüida de carne”. Ele admitiu, no entanto, a possibilidade de a UE usar as barreiras sanitárias para barganhar nas negociações de abertura do setor agrícola.

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