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Evento BM&F: perspectivas para milho, suínos e aves

As perspectivas para os mercados de milho, suínos e aves foram discutidas em painel durante o Seminário Perspectivas para o Agribusiness em 2006 e 2007, que foi apresentado pelo diretor da Safras & Mercado, Paulo Roberto Molinari.

Entre os debatedores, o painel contava com a presença de José Walter Vilela de Lima (superintendente de agronegócios da Comigo), Leonardo Sologuren (sócio diretor da Céleres Consultoria) e Jurandir Soares Machado (diretor de mercado interno da Abipecs), que apresentou o cenário para a suinocultura.

Assim como outras cadeias produtivas no agronegócio, milho, suínos e aves não estão vivenciando momento de preços favoráveis. Segundo Molinari, a crise pode ser atribuídas por alguns fatores, sendo os principais: câmbio e excesso de produção.

Câmbio

No caso do milho, Molinari mostrou que, apesar de existir um estoque elevado nos EUA, a demanda elevada pelo produto para a produção de álcool naquele país tem mantido os preços internacionais elevados. Apresentou três cenários para exportação de milho a partir de uma cotação internacional de 236 cents/bushell para entrega em maio, descontando os custos de despesas portuárias, carregamento e impostos, e convertendo para o câmbio nacional.

Os cenários foram traçados com o dólar a R$ 2,00, R$ 2,20 e R$ 2,50. Os preços finais no porto seriam, respectivamente: R$ 13,44/sc, R$ 14,78/sc e R$ 16,80/sc. Segundo ele, a situação já melhora no segundo cenário. “O problema é o câmbio”, afirmou.

Ao analisar as perspectivas para o câmbio, explicou que poderá haver uma redução da diferença entre as taxas de juros do Brasil e dos EUA em 2006/2007, o que provoca um fluxo monetário maior para títulos naquele país, pressionando o câmbio para cima. Como fator preocupante, apontou a alta do petróleo. A pressão que exerceria sobre a inflação impede a baixa esperada na taxa de juros.

Excesso de produção

Segundo Molinari, a crise de preços no setor avícola não tem tanta relação com a gripe aviária, como muito esperavam. Explicou que houve na verdade uma projeção excessiva na produção, levando à alta na oferta. Com o surgimento da gripe aviária, “perdemos um pouco do potencial de exportação”, afirmou. Segundo dados apresentados, a disponibilidade interna de carne de frango em fevereiro de 2006 foi 21,75% superior ao mesmo período em 2005, pressionando os preços para baixo.

O ajuste na produção de frango já ocorre em maio, de acordo com a projeção apresentada por Molinari. No referido mês, há uma queda esperada de 1,82% na disponibilidade interna de frango, em relação ao mesmo período de 2005. A produção de pintinhos que havia sido projetada para 400 milhões por mês, já foi ajustada para 360 milhões.

Gráfico 1: Evolução do alojamento de pintos de corte


Fonte: Safras & Mercado

Para o milho, Molinari apresentou dados nos quais a produção estimada de milho na safra 2005/2006 é 8,80% maior que na safra 2004/2005. Isso deve ocorrer devido ao aumento da área colhida e crescimento na produtividade. As perspectivas para o ano, incluindo a safrinha, são de uma produção de 42.847 mil toneladas, que considerou elevada. O clima na safrinha é o que definirá a produção.

Um fator de atenção, segundo o palestrante, é a safra americana, ou o “mercado de clima”, conforme definiu. Segundo os dados apresentados, há previsão de clima otimista para a safra nos EUA, o que não contribui para uma alta nos preços internacionais.

Jurandir Soares de Machado, que traçou as perspectivas para o mercado de suínos, reforçou que a superprodução de suínos que ocorreu em 2006, “já está na barriga da porca”, e deve se repetir em 2007.

Com o aumento esperado no rebanho e na produtividade, com ocupação da capacidade ociosa das granjas de suínos neste ano, Machado projetou crescimento de 4,50% na produção de carne suína (2,829 milhões de toneladas equivalente carcaça). Para 2007, projetou um aumento de 5,09% na produção em relação a 2006, para 2,973 milhões de toneladas equivalente carcaça. Com queda espera nas exportações e forte concorrência com outras carnes, Machado não espera alta nos preços.

Debates

José Walter Vilela, da Comigo, atribuiu a crise do setor ao câmbio e à falta de infra-estrutura logística. Um dos fatores que indicam a crise de liqüidez dos agricultores, segundo ele, foi a baixa formulação de fertilizantes, o que indica uma queda nos investimentos para essa safra. “Metade do valor do produto fica no caminho”, se referindo à infra-estrutura problemática para escoar a produção.

Leonardo Sologuren, da Céleres, criticou a falta de coordenação do setor produtivo de milho. Segundo ele, a desvalorização do câmbio é um momento favorável para que o setor se organize, buscando elevar a competitividade. Também criticou a falta de estatísticas sobre o setor, o que apoiaria o planejamento.

Otavio Negrelli, Equipe BeefPoint

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