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Exportações de carne bovina dos EUA em fevereiro ficam abaixo do ano anterior

As exportações de carne bovina dos EUA em fevereiro ficaram abaixo do ano passado, após uma tendência de alta em janeiro.

As exportações de carne bovina totalizaram 98.198 toneladas em fevereiro, uma queda de 5,5% em relação ao ano anterior, enquanto o valor caiu 4%, para pouco mais de US$ 800 milhões. No acumulado de janeiro e fevereiro, os embarques foram 1% menores que no mesmo período de 2024 (201.038 toneladas), mas o valor aumentou 1%, alcançando US$ 1,6 bilhão.

“Foi encorajador ver as exportações para a Coreia do Sul crescerem, apesar dos desafios econômicos e políticos, e a demanda do Canadá por carne bovina dos EUA começou o ano de forma muito robusta”, disse Dan Halstrom, presidente e CEO da USMEF. “Mas as exportações para a China perderam força em fevereiro, provavelmente devido à desaceleração após o Ano Novo Chinês e às incertezas sobre a elegibilidade das plantas frigoríficas. Infelizmente, a China ainda não resolveu a questão da renovação dos registros das plantas de carne bovina. Esse impasse afetou ainda mais os embarques de março e o impacto continuará enquanto a China não cumprir os compromissos do Acordo Econômico e Comercial da Fase Um.”

A China também anunciou tarifas retaliatórias adicionais de 34%, com início em 10 de abril. Isso criará obstáculos adicionais para as exportações de carne bovina dos EUA. Halstrom destacou que novas tarifas dos EUA também geraram incerteza entre compradores de carne vermelha em outros destinos, onde retaliações podem afetar o acesso ao mercado e os preços.

“As exportações de carne bovina dos EUA em fevereiro para o principal mercado em valor, a Coreia do Sul, ficaram levemente acima do ano passado, em 18.540 toneladas, enquanto o valor aumentou 4%, atingindo US$ 179,8 milhões. No acumulado até fevereiro, os embarques cresceram 1% (37.341 toneladas) e o valor aumentou 6%, para US$ 362,2 milhões. A proibição coreana relacionada à vaca louca, que impede a importação de carne bovina dos EUA proveniente de animais com mais de 30 meses de idade, tem chamado atenção de autoridades comerciais americanas. A remoção dessa restrição e de restrições a produtos processados poderia abrir oportunidades de crescimento na Coreia.”

No Canadá, a demanda permaneceu forte, com as exportações crescendo 22% em fevereiro, para 8.403 toneladas, com valor 21% maior (US$ 71,1 milhões). No acumulado, os embarques aumentaram 21% em volume (16.860 toneladas) e o valor subiu para US$ 137 milhões.

As exportações para o Egito (principalmente fígado bovino) aumentaram 15% em fevereiro, atingindo 3.390 toneladas, com valor de US$ 6,4 milhões (alta de 39%). No acumulado, os embarques cresceram 13% (7.420 toneladas) e o valor saltou 36%, chegando a US$ 13,7 milhões.

O maior destino para cortes musculares no Oriente Médio é os Emirados Árabes Unidos (EAU). As exportações para os EAU foram afetadas no fim de 2024 por questões de certificação halal, mas a demanda se recuperou em fevereiro, com 317 toneladas embarcadas — o maior volume desde setembro. No acumulado, o valor aumentou 13% (US$ 10,5 milhões), mesmo com uma queda de 30% no volume (625 toneladas). Para todo o Oriente Médio, as exportações de janeiro a fevereiro foram 3% maiores em volume (9.453 toneladas) e 2% em valor (quase US$ 40 milhões).

Outros destaques:

  • Sudeste Asiático (ASEAN): impulsionado pelas Filipinas, as exportações em fevereiro subiram 24% (2.230 toneladas) e o valor aumentou 4% (US$ 16,6 milhões). No acumulado: +15% em volume (4.091 toneladas) e +10% em valor (US$ 32,3 milhões). A Indonésia continua com problemas de acesso ao mercado.
  • América Central: queda de 2% no volume (3.860 toneladas), mas aumento de 20% no valor (US$ 32,8 milhões), com destaque para a Costa Rica, Guatemala e Panamá. Fevereiro registrou o maior valor mensal já exportado para o Panamá (US$ 3,6 milhões).
  • México: apesar da queda de 7% em volume (37.269 toneladas) e 5% em valor (US$ 221,8 milhões), as exportações de miúdos bovinos cresceram. No acumulado: +4% em volume (21.016 toneladas) e +5% em valor (US$ 56,5 milhões), com destaque para lábios (US$ 15,4 milhões, +12%) e corações (US$ 8,3 milhões, +18%).
  • Japão: queda de 8% no volume total (38.163 toneladas) e 6% no valor (US$ 283,3 milhões). Os cortes musculares caíram 5% em volume, mas cresceram 2% em valor (US$ 228,7 milhões). Já os miúdos — principalmente línguas e diafragmas — caíram 21% (5.758 toneladas) em volume e 29% em valor (US$ 54,6 milhões). Os EUA mantêm 42% do mercado japonês de línguas e 75% do mercado de línguas refrigeradas.
  • Taiwan: desaceleração em 2025, com queda de 14% em volume (7.126 toneladas) e 6% em valor (US$ 87,1 milhões). Mas as importações de carne bovina refrigerada dos EUA aumentaram 13% (3.842 toneladas), com 73% de participação de mercado.
  • China/Hong Kong: queda de 15% em fevereiro (15.415 toneladas) e 19% no valor (US$ 135,5 milhões). No acumulado, os embarques ainda estavam 5% acima em volume (34.173 toneladas), mas o valor caiu ligeiramente (US$ 298,5 milhões). A situação deve se agravar com o aumento tarifário imposto pela China, que elevará a tarifa total para 56% a partir de 10 de abril. A carne bovina australiana (grain-fed) tem acesso livre de tarifas, e a da Nova Zelândia também, enquanto a maioria dos outros fornecedores paga 12%.

O valor das exportações por cabeça de boi abatido em fevereiro foi de US$ 432,90, alta de 5% em relação ao ano anterior. A média de janeiro a fevereiro foi de US$ 399,34 por cabeça, aumento de 3,5%. As exportações representaram 14,2% da produção total de carne bovina em fevereiro (recorde histórico) e 11,9% dos cortes musculares. No acumulado do ano: 13,4% da produção total e 10,9% dos cortes musculares, contra 13,3% e 11,1% no mesmo período de 2024.

Fonte: U.S. Meat Export Federation, traduzida e adaptada pela Equipe BeefPoint.

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