A falta de chuva e o forte calor verificados em grande parte do Brasil desde o fim do ano passado prejudicam o desenvolvimento das pastagens, dificultando a engorda de animais que seriam abatidos neste início de 2014. Com isso, mesmo neste período tradicionalmente considerado “entrada de safra”, a oferta de bois se mantém relativamente baixa e os preços, firmes, contrariando expectativas de operadores que aguardavam o movimento típico para o período em outros anos.
O Indicador do boi gordo ESALQ/BM&FBovespa (estado de São Paulo) encerrou a R$ 115,06 no dia 31 de janeiro, pequena alta de 0,3% sobre o fechamento de dezembro. E o aumento só não foi maior por conta da demanda retraída.
Alegando dificuldades para vender a carne no atacado, frigoríficos tentaram negociar a preços menores ou mesmo se afastar das compras ao longo do mês passado, posicionamento de efeito transitório e limitado, tendo em vista a necessidade de preenchimento das escalas de abate.
Dados do Cptec/Inpe (Centro de Previsão de Tempo e Estudos Climáticos ligado ao Ministério da Ciência e Tecnologia) confirmam o que agentes de todo o setor têm apresentado. Estados do Sudeste e Centro-Oeste estão com déficit hídrico. Nessas regiões, as reservas de água no solo oscilam de 20% a 40%, abaixo do intervalo considerado adequado para o crescimento de vegetação, entre 60% e 70%.
A falta de chuva é crítica especialmente em São Paulo, Goiás e Sul de Minas, onde grande parte das pastagens ainda está em condição ruim. Já em algumas regiões do Centro-Oeste, como Dourados (MS) e Colider (MT), as chuvas voltaram nos últimos dias. Em Cuiabá e Rondônia, as condições dos pastos também estão melhores, mas, nessas praças, é o excesso de chuvas que estaria prejudicando o carregamento dos animais (estradas e pontes foram danificadas).
Na média de janeiro, o volume de chuvas registrado na estação meteorológica de São Carlos (SP) foi de 72,3 milímetros (até o dia 28 de janeiro), 74% abaixo do registrado no primeiro mês de 2013, de 281,40 mm, e 71% inferior à média histórica para o período, de 248,7 mm.
Em Mato Grosso (a referência é a estação que fica em Vera, no centro do estado), choveu 41% menos neste primeiro mês do ano que em janeiro de 2013 e 38% abaixo da média histórica, dados do Inmet (Instituto Nacional de Meteorologia). Com pouca chuva, o armazenamento de água no solo, necessário para boa formação das pastagens, ficou comprometido.
Além do menor volume de precipitação, as temperaturas também estão bastante elevadas. A temperatura média em Mato Grosso (Vera) ao longo de janeiro foi de 26,6 ºC, 4% superior à média de jan/13 (25,7 ºC) e 10% acima da média histórica. Em São Paulo, segundo dados da estação de São Carlos, a média de janeiro esteve em 25,3 ºC, aumento de 3 ºC em relação ao ano passado e de quase 4 ºC na comparação com o histórico do mês, números Inmet.
Minas Gerais foi um dos poucos estados onde as chuvas de janeiro ficaram acima da média. Com base no levantamento da estação meteorológica de Uberaba, as chuvas acumuladas em janeiro corresponderam a 397,7 milímetros, volume 35% superior ao do primeiro mês de 2013 e 55,4% maior que o registrado na média histórica. A temperatura média, no entanto, também foi mais alta, na marca de 25,5 ºC, 7% acima da de jan/13 e 4% superior à média, também conforme levantamento do Inmet.
Fonte: Bloomberg, resumida e adaptada pela Equipe BeefPoint.