Miguel Cavalcanti, do BeefPoint, será moderador do evento II Fórum Zebu de Ponta a Ponta, promovido pela ABCZ
24 de abril de 2013
EUA: número de bovinos em confinamento em março é maior do que o esperado
24 de abril de 2013

FDA alerta para interpretação errada de dados de resistência antimicrobiana

A resistência a antibióticos é uma questão séria e desafiadora. É criticamente importante que continuem esforços para minimizar a resistência antimicrobiana, incluindo a promoção do uso apropriado e sensato de antimicrobianos em humanos e animais.

Recentemente, o Grupo de Trabalho Ambiental (EWG, sigla em inglês) emitiu um documento de sua interpretação sobre o Relatório Anual de Carnes no Varejo de 2011 do Sistema Nacional de Monitoramento de Resistência Antimicrobiana (NARMS). A FDA (Food and Drug Administration) acredita que o relatório simplificou demais os dados dos NARMS, fornecendo conclusões erradas. O FDA não acredita que o EWG considerou totalmente fatores importantes que colocam esses resultados no contexto, incluindo:

– A bactéria é um patógeno transmitido por alimentos. O relatório destaca a resistência de Enterococcus, mas esse não é considerado um patógeno transmitido por alimentos. Esse microrganismo foi incluído, porque seu comportamento é útil no entendimento de como ocorre a resistência.

– A quais drogas a bactéria é naturalmente resistente. Por exemplo, a maioria dos Enterococcus faecalis é naturalmente resistente a antibióticos da classe lincosamidas. Para o FDA, atenta-se, principalmente, à resistência em patógenos verdadeiros, como Salmonella e Campylobacter.

– Por que o NARMS inclui certas drogas em seus testes. O FDA inclui alguns antibióticos por questões de epidemiologia, para controlar a propagação de certas bactérias ou certos genes, porém, a resistência a esses antibióticos não refletem um perigo para a saúde pública.

– Se os antibióticos que são comumente usados para tratar pacientes ainda são efetivos. Os dados do NARMS indicam que os tratamentos de primeira linha para todas as quatro bactérias que foram rastreadas (Salmonella, Enterococcus, Escherichia coli e Campylobacter) ainda são efetivos.

Além disso, o FDA acredita que é impreciso e alarmista definir as bactérias resistentes a um, ou até mesmo alguns, antimicrobianos como “superbugs”, se essas mesmas bactérias ainda são tratáveis por outros antibióticos comumente usados. Isso é especialmente errado quando se fala de bactérias que não causam doenças transmitidas por alimentos e têm resistências naturais, como Enterococcus.

Quando se leva esses fatores em consideração, o FDA acredita que as descobertas notáveis no relatório NARMS 2011 incluem:

– Na classe criticamente importante de antimicrobianos, os dados de 2011 não mostraram resistência à fluoroquinolona na Salmonella de nenhuma origem. Essa é a droga de escolha para tratar adultos com Salmonella.

– O trimetoprim-sulfonamida é outra droga usada para tratar infecções de Salmonella e a resistência continua baixa (0% a 3,7%).

– A resistência à fluoroquinolona em Campylobacter parou de aumentar e permaneceu essencialmente sem mudanças desde que o FDA retirou o uso dessa classe de drogas em frangos em 2005.

– A resistência a antibióticos macrolídeos nos frangos de varejo isolados permanece baixa, com os resultados de 2011 em 0,5% em Campylobacter jejuni e 4,3% em Campylobacter coli. O antibiótico macrolídeo eritromicina é a droga de escolha para tratar infecções de Campylobacter.

– A resistência a várias drogas é rara em Campylobacter. Somente nove de cada 634 isolados de Campylobacter de frangos foram resistentes a 3 ou mais classes antimicrobianas em 2011. Entretanto, a resistência à gentamicina em Campylobacter coli marcadamente aumentou de 0,7% em 2007 (quando apareceu primeiro no relatório do NARMS em carnes de varejo) para 18,1% em 2011. A gentamicina foi sugerida como uma possível terapia de segunda linha para infecções por Campylobacter, apesar de não ser comumente usada.

– A resistência à terceira geração de cefalosporinas, que são usadas para tratar salmonelose, aumentou em Salmonella de frango (10 para 33,5%) e peru (8,1 a 22,4%), quando se compara as porcentagens de 2002 e 2011. O FDA notou esse desenvolvimento nos anos anteriores e já tomou a atitude de proibir certos usos de cefalosporinas em bovinos, suínos, frangos e perus, e continua monitorando de perto a resistência a essas drogas.

A resistência a antibióticos é uma questão séria e desafiadora. É criticamente importante que continuem esforços para minimizar a resistência antimicrobiana, incluindo a promoção do uso apropriado e sensato de antimicrobianos em humanos e animais.

Baseado em uma revisão das informações científicas disponíveis, o FDA criou uma estratégia para o uso criterioso de antimicrobianos importantes na medicina em animais da produção de alimentos que determina que seu uso deve ser limitado a situações onde as drogas são necessárias para garantir a saúde animal e feito sob orientação veterinária. É o uso não criterioso para promoção de crescimento e eficiência alimentar que é de preocupação particular do FDA.

Essa estratégia colaborativa pretende fornecer a forma mais rápida de chegar ao maior grau de proteção da saúde pública, mas não evita que o FDA inicie uma ação reguladora no futuro, se a agência achar necessário. O FDA recebe contribuições que ajudam a entender e resolver o desafio da resistência a antibióticos. Entretanto, é muito importante olhar os dados do NARMS em um contexto adequado, com um bom entendimento de microbiologia, epidemiologia e genética dos patógenos transmitidos por alimentos que são resistentes a doenças e seu controle clínico.

Os dados são do FDA, publicados na Drovers, traduzida e adaptada pela Equipe BeefPoint.

Os comentários estão encerrados.