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Fernando Penteado Cardoso, uma homenagem pelo seu aniversário

Para falar do Cardoso e seu envolvimento com a pecuária nacional, precisamos esquecer-nos do empresário que ergueu do nada a Manah, um império na área de fertilizantes. Esquecer do homem público que, se não me engano, foi secretário da Agricultura do Estado de São Paulo. Esquecer de um dos pioneiros brasileiros e um dos maiores entusiastas e divulgadores do plantio direto. Vamos focar naquilo que eu conheço melhor, que é sua contribuição à pecuária.

Para falar do Cardoso e seu envolvimento com a pecuária nacional, precisamos esquecer-nos do empresário que ergueu do nada a Manah, um império na área de fertilizantes. Esquecer do homem público que, se não me engano, foi secretário da Agricultura do Estado de São Paulo. Esquecer de um dos pioneiros brasileiros e um dos maiores entusiastas e divulgadores do plantio direto.

Vamos focar naquilo que eu conheço melhor, que é sua contribuição à pecuária.

Organizador dos Simpósios “O Melhoramento do Nelore” e “O Nelore para Carne” em 1994 e 1995, na aprazível Fazenda Mundo Novo, em Brotas. Num hotel-fazenda usado para treinamentos e seminários da Manah, especialistas eram convidados a uma imersão de dois dias para dissecar um assunto, sob a coordenação atenta e cordial de Cardoso. O modelo era de duas palestras curtas pela manhã e duas à tarde, seguidas de longos debates. Tudo era gravado, e depois editado. Lembro de conhecer ali, e conviver, com feras como Albino Luchiari Filho, Pedro E. de Felício, Alexander Razook, Raysildo Lobo, Luis Otavio Campos Silva, Rafael G. A. Alves, Luis A. Josahkian, Nelson Pineda, Fausto Pereira Lima, Joãozito Andrade, Gabriel Donato de Andrade, Paulo Roberto Silva, Nicolino Lombardi Jr, Eduardo P. Cardoso e tantos outros que a memória não alcança.

Desbravador de fazendas-modelo, no Pará e no estado de São Paulo, com currais, casas de funcionários, cercas e benfeitorias funcionais e de grande qualidade. Formava equipes de funcionários bem treinados e motivados. Na Mundo Novo, tive a honra de ser convidado a estar presente durante a visita de M. Narendra Nath, indiano responsável pelo projeto Ongole. O logotipo do projeto continha a frase “Save me from extinction in my Home Country”, salve-me da extinção em meu próprio país natal. Narendra veio mais uma vez ver o Nelore brasileiro, seu velho conhecido, e confessou-nos que só na Mundo Novo e na Bahia encontrou animais que gostaria de levar para seu rebanho.

Pioneiro em leilões sem perfumaria. Sempre vendeu seu gado sem grande preparo no cocho, com o máximo de informações de desempenho, tanto próprio como da mãe. No preparo destes dados se via a mão cuidadosa de Eduardo, seu filho e herdeiro da paixão pelo gado. Pela primeira vez vi nestes leilões uma aplicação dos princípios do manejo racional do gado, com uma vaca mansa sendo deixada no picadeiro para acalmar os jovens reprodutores à venda, assustados com tanto barulho.

Preservador e melhorador da linhagem Lemgruber. Ao iniciar a criação de Nelore, foi alertado por Fausto Pereira Lima sobre as qualidades de um gado de pedigree fechado, sem qualquer parentesco com o Nelore das importações modernas. Comprou um lote de novilhas e o melhor touro jamais nascido no rebanho de Geraldo de Paula, que só concordou em se separar do Mistério ao receber a espantosa soma correspondente a 1000 bezerros de corte. Com Fausto, Nicola Lombardi e Eduardo sob sua atenta supervisão, construiu o rebanho que mais registrou nascimentos na história da ABCZ (mais de 40.000 bezerros/as com RGN), e que mais realizou provas de ganho de peso, inicialmente em confinamento e hoje a pasto.

Trouxe o sul-africano Jan Bonsma para orientar a seleção, e fez com ele, na Mundo Novo (eita nome bonito), um Simpósio memorável. Infelizmente não participei, pois nesta época nem sonhava com pecuária. Sei que Arnaldo Zancaner, Mariante, Moura Duarte e outros cobras estiveram presentes. De Bonsma herdou um dito, que gosta de repetir: “Medir, medir e medir, para depois ser impiedoso na seleção, mantendo sempre abertas as portas do matadouro”. Com este espírito, produziu touros memoráveis, como o Barranco, o Tango, o 4919 da MN, o A1646 da MN, o Rambo da MN.

Sendo da turma de 1935 da ESALQ, 72 anos de formado, hoje está merecidamente aposentado. Aposentado à sua moda, claro. Constituiu e preside a Fundação Agrisus, que patrocina pesquisas de ponta em Agronomia. Participa ativamente dos fóruns do BeefPoint, orientando com toda a paciência e atenção os interessados em conhecer suas opiniões e sua rica experiência de vida. Outro dia vi uma foto sua no confinamento da fazenda Aparecida, onde deve estar preparando um gado que vai bater longe no dos filhos Eduardo e Fernando Filho, herdeiros do seu rebanho Lemgruber. Lá na fazenda, estuda cuidadosamente a aplicação dos princípios de manejo racional do gado, seguindo fielmente a mestra Temple Grandin.

Em abril, tive o prazer de encontrá-lo na Agrishow, no seu habitat natural. De botina, boné e uma disposição admirável, fazendo poeira para a comitiva que tentava inutilmente seguir os seus passos.

Grande Cardoso! Um forte abraço deste amigo e admirador.

0 Comments

  1. Fernando Penteado Cardoso disse:

    Venturoso é aquele que tem amigos…tão amigos capazes de exagerar. Você exagerou caro Humberto, fico desvanecido.

    Muito obrigado e um abraço.

    Cardoso