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27 de novembro de 2008
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1 de dezembro de 2008

Flexibilização do momento da inseminação artificial em programas de IATF

Importantes ferramentas para aumentar o retorno econômico de uma fazenda são a otimização da eficiência produtiva e reprodutiva do rebanho. O uso da inseminação artificial (IA) é uma alternativa para a introdução de material genético no rebanho possibilitando a maximização da produção. A implementação de protocolos hormonais que possibilitem que a inseminação artificial seja realizada em tempo fixo (IATF), sem necessidade de observação de cio, pode, por sua vez, colaborar para o aumento da eficiência reprodutiva do rebanho.

Importantes ferramentas para aumentar o retorno econômico de uma fazenda são a otimização da eficiência produtiva e reprodutiva do rebanho. O uso da inseminação artificial (IA) é uma alternativa para a introdução de material genético de animais de raças européias (Bos Taurus) possibilitando a maximização da produção.

A implementação de protocolos hormonais que possibilitem que a inseminação artificial seja realizada em tempo fixo (IATF), sem necessidade de observação de cio, pode, por sua vez, colaborar para o aumento da eficiência reprodutiva do rebanho. Manejar o menor número possível de vezes esses animais é um grande desafio a ser alcançado. Portanto, práticas de manejo que possibilitem a diminuição do número manipulações dos animais são muito importantes para maximizar a eficiência de manejo e viabilizar o uso desses protocolos para IATF.

Sabe-se que os animais precisam ser levados ao curral em quatro diferentes ocasiões para a realização dos tratamentos relativos ao protocolo convencional de IATF (usando benzoato de estradiol) e que a IA tem sido realizada durante um período de 4 horas (54 a 58 h após a retirada do dispositivo), com pouca possibilidade de alteração desse horário. Assim, o objetivo deste artigo será discutir um trabalho no qual se avaliou a dinâmica folicular (1) e a taxa de concepção (2) de vacas Nelore (Bos indicus) lactantes tratadas com dispositivo intravaginal de progesterona (P4) associado a diferentes momentos de administração do benzoato de estradiol (BE) e diferentes momentos de IATF.

Para tal, dois experimentos foram realizados administrando-se BE em dois momentos distintos após a retirada do dispositivo intravaginal de P4: no momento da retirada (D8) ou 24 horas após (D9). A avaliação da eficiência da aplicação do BE nestes momentos foi realizada com base na dinâmica folicular (Experimento 1, n = 30) e na taxa de concepção (Experimento 2, n = 504) dos animais.

No Experimento 1, o acompanhamento da dinâmica folicular foi realizado em 30 vacas Nelore divididas em dois grupos experimentais (n=15 vacas/grupo). No início do tratamento (Dia 0), todos os animais receberam um dispositivo intravaginal de P4 (DIB®, Syntex, Argentina) associado à administração intramuscular (IM) de 2 mg de BE (RIC-BE®, Syntex, Argentina). No Dia 8, realizou-se a remoção do DIB® e a administração de uma dose de PGF2 (150µg de d-cloprostenol; Prolise®, Syntex, Argentina) e 400 UI de eCG (Novormon®, Syntex, Argentina) IM. As fêmeas foram então distribuídas homogeneamente em dois grupos: os animais do grupo controle (G-BE9; n = 15) receberam 1 mg de BE no Dia 9 e os animais do grupo BE8 (G-BE8; n = 15) receberam a mesma dose de BE no momento de retirada da fonte de P4 (D8; Figura 1).

Figura 1. Desenho experimental dos protocolos de tratamento do Experimento 1 (G-BE9 G-BE8) para a avaliação da dinâmica folicular de vacas Nelore (Bos indicus)

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Os exames ultra-sonográficos foram realizados a cada 8 horas após a retirada do dispositivo de P4 até a ovulação. O efeito de cada tratamento nas variáveis envolvidas na dinâmica folicular está apresentado na tabela 1. Ao comparar os animais do grupo G-BE8 e G-BE9 observou-se que as vacas do G-BE9 apresentaram maior diâmetro do folículo dominante no momento do tratamento com o indutor de ovulação (BE), maior diâmetro máximo do folículo dominante e maior intervalo entre a retirada do dispositivo de P4 e a ovulação, como já era esperado. Em adição, as vacas do grupo G-BE9 tenderam a exibir maior diâmetro máximo do folículo ovulatório (1,58±0,04 cm) quando comparadas com as do G-BE8 (1,46±0,05 cm; P = 0,07; Tabela 1). Entretanto, os dois grupos apresentaram resultados similares em termos de diâmetro do folículo dominante nos dia 8 e 9, taxa de ovulação e variação no momento da ovulação (Tabela 1 e Figura 2).

Tabela 1. Dinâmica folicular (média  EP) de vacas Nelore (Bos indicus) lactantes submetidas a diferentes tratamentos para IATF

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Figura 2. Efeito do momento da administração do benzoate de estradiol (D8 vs D9) no momento da ovulação (h) de vacas Nelore (Bos indicus) lactantes tratadas com dispositivo de P4

No Experimento 2, 504 vacas lactantes receberam o mesmo tratamento descrito no Experimento 1, sendo a inseminação realizada em dois diferentes momentos em cada grupo. Os animais dos grupos BE8-IA48h (G-BE8-IA48h; n = 119) e BE8-IA54h (G-BE8-IA54h; n = 134) receberam 1 mg de BE no Dia 8 e foram inseminados 48 ou 54 h após a remoção do dispositivo de P4, respectivamente. Os animais dos grupos BE9-IA48h (G-BE9-IA48h; n = 126) e BE9-IA54h (G-BE9-IA54h; n = 125) também foram inseminados 48 e 54h após a retirada do dispositivo, entretanto o BE foi administrado no Dia 9 (Figura 3).

Figura 3. Desenho experimental dos protocolos de tratamento do Experimento 2 (G-BE9-IA48h, G-BE9-IA54h, G-BE8-IA48h e G-BE8-IA54h) para avaliação das taxas de concepção e prenhez de vacas Nelore (Bos indicus)

Clique na imagem para ampliá-la.

A taxa de concepção foi maior (P < 0.05) nos animais dos grupos G-BE9-IA54h [63,2% (79/125)a], G-BB9-IA48h [58,7% (74/126)a] e G-EB8-AI48h [58,8% (70/119)a] do que nos animais do G-BE8-IA54h [34,3% (46/134)b; Tabela 2].

Tabela 2 – Efeito do momento da administração do BE e da IATF na taxa de concepção de vacas Nelore lactantes

Assim, os autores puderam concluir que o tratamento com BE no momento da retirada de P4 possibilita a redução do número de manejos com os animais, porém não permite a realização da IATF no período da tarde, ou seja, 54 h após a retirada da P4. No entanto, quando o BE foi administrado 24 h após a remoção da P4, necessitou-se a realização de 4 manejos, mas foi possível realizar a IATF durante o período de 48 a 58h (manhã e tarde), sem diminuir a eficiência reprodutiva.

Portanto, constatou-se no presente experimento, que existem protocolos de IATF, nos quais, é possível utilizar uma única fonte de estradiol (BE) no início (D0) e ao final do protocolo (indução da ovulação) e que, dependendo do interesse do produtor, pode-se optar tanto pelo uso de um protocolo com 3 manejos (BE-D8) e IA em apenas um período (48h), quanto por um protocolo de 4 manejos (BE-D9) que possibilite a realização da IATF durante o dia todo (48 a 58h). Uma vez respeitados os intervalos necessários entre as aplicações do indutor de ovulação e a IA, os resultados a serem alcançados por esse novo protocolo proposto (BE-D9) possuem potencial de assemelharem-se em eficiência reprodutiva àqueles obtidos por animais manejados 4 vezes e inseminados apenas no período da tarde (protocolo tradicional; BE-D8).

Obs. Atualmente nosso laboratório está empenhado no estudo de novas alterações desse protocolo que viabilizem a realização de três manejos e IATF o dia todo (48 a 58 horas), ou seja, de manhã e a tarde.

0 Comments

  1. Luciano Pereira disse:

    Protocolo muito explicativo e muito bem elaborado, mas, principalmente, em vacas nelore o manejo deve ser de minimo estresse para os animais.

  2. Henderson Ayres disse:

    Prezado Luciano Pereira,

    Concordo com suas palavras e as afirmo.

    Obrigado pela colocação.

  3. Irezê Moraes Ferreira disse:

    Gostaria de esclarecimento sobre a seguinte afirmação
    “que o tratamento com BE na retirada de P4 possibilita a redução do número de manejos com os animais, porém não permite a realização da IATF no período da tarde, ou seja, 54 horas após a retira da P4”

    Vamos a analisar o seguinte protocolo:
    Do = Implante + BE – 8 horas da manhã

    D8 = Retirada + Pgf + eCG + BE – 8 horas da manhã

    D10 = IATF 54 horas após a retirada – 14 ás 18 horas (tarde do D10)

    Portanto se fizermos somente 3 manejos com a retirada do implante no D8, com certeza poderemos fazer a IATF no D10 das 14 às 18 horas, portanto no período da tarde.

    Lógicamente se com 3 manejos alcançamos bons resultados, o melhor seria fazer 3 manejos pois diminuiria o “stress”.

    Esperando poder contribuir com o excelente trabalho exposto, espero uma resposta.

  4. MICHEL LEINAT disse:

    Bom dia,

    Gostaria de parabenizá-lo pelo artigo apresentado.

    Mas no grupo de animais com 3 manejo, vocês observaram o cio também ou não houve uma correlação de observação de cio e ovulação. E outra coisa, após a retirada do implante no grupo de 3 manejos a IATF foi realizada no D10 de manha ou a tarde.

  5. Henderson Ayres disse:

    Prezada MICHEL LEINAT

    Não foi observado cio em nenhum animal. Neste experimento foi realizado a inseminação nos dois periodos, metade dos animais pela manhã e metade pela tarde.

  6. Valdir Chiogna Junior disse:

    Gostaria de confirmar o protocolo com BE na retirada, pois o que tenho visto, segundo o prof. Pietro é uso de Cipionato na retirada, excluindo inclusive o uso da PGF, ai sim IA 30 horas depois, mas desconheço este protocolo referido.

    Gostaria de confirmação e detalhes, pois um manejo a menos é sem dúvida, de grande praticidade.

    Parabens pelo artigo.

    Aguardo e Obrigado!

  7. Henderson Ayres disse:

    Prezado Irezê Moraes Ferreira,

    O artigo diz que NÃO podemos realizar a inseminação a tarde com BE no dia 8 (D8) pela manhã. Ou seja, se você utilizar

    Do = Implante + BE – 8 horas da manhã

    D8 = Retirada + Pgf + eCG + BE – 8 horas da manhã

    D10 = IATF 48 horas após a retirada – 8 ás 12 horas (MANHÃ do D10).

  8. Henderson Ayres disse:

    Prezado MICHEL LEINAT,

    Não foi observado cio. Neste experimento a IATF foi realizada tanto pela manhã, quanto pela tarde, porém no grupo de 3 manejos os resultados da manhã foram melhores que o da tarde.

  9. Henderson Ayres disse:

    Prezado Valdir Chiogna Junior,

    O protocolo com BE e 3 manejos é:

    Do = Implante + BE – 8 horas da manhã

    D8 = Retirada + Pgf + eCG + BE – 8 horas da manhã

    D10 = IATF 48 horas após a retirada – 8 ás 12 horas (MANHÃ do D10).

    Eu trabalho com o prof. Pietro e ele não indica retirar a PGF quando se utiliza BE na inserção do dispositivo. Ainda a inseminação quando se utiliza ECP na retirada pode ser entre 48 e 54 horas após o mesmo.

  10. Henderson Ayres disse:

    Prezado Valdir Chiogna Junior,

    Este estudo não apresentou diferença na taxa de prenhez entre os grupos BE na retirada e IATF pela manhã contra BE no D9 e IATF pela tarde. Porém o diâmetro do foliculo ovulatorio pode estar diminuindo com o uso do BE na retirada e isso poderá diminuir a sua taxa de concepção.

    Para isso estamos estudando outros protocolos para poder elucidar o uso de BE na retirada do dispositivo.

    Se você quiser usar o protocolo com BE na retirada igual ao artigo mencionado acima ele seria:

    Do = Implante + BE – 8 horas da manhã

    D8 = Retirada + Pgf + eCG + BE – 8 horas da manhã

    D10 = IATF 48 horas após a retirada – 8 ás 12 horas (MANHÃ do D10).

  11. Márcio Flores da Cunha Chaiben disse:

    Muito bom este artigo, parabéns Henderson, principalmente por ter vários tipos de protocolos mostrando para o produtor a viabilidade econômica da IATF reduzindo o manejo.

    Você afirma que o uso do BE no dia 8 junto com a retirada do dispositivo seria uma alternativa eficiente com IA nas 48 hs após em vacas paridas? E em vacas taurinas o que você acha?

  12. FILIPE AURELIANO PEDROSA SOARES disse:

    Este artigo está muito bom, bem didático e mostra a variedade de protocolos que podem ser utilizados na IATF.

    Parabéns Dr. Henderson Ayres.

  13. aldo rezende telles junior disse:

    Caro Dr. Ayres.

    O que tenho observado em meu trabalho de campo é que a apresentação de uma percentagem maior ou menor de cio para fazer a IA na manhã do D9 esta totalmente relacionado a condição corporal das matrizes.

    Porque é incrivel toda vez que as matrizes apresentam um melhor score corporal, maior é quantidade de cio na tarde do D8 e consequentemente maior a IA na manhã do D9.

    Outra coisa muito importante no resultado do programa é o próprio inseminador, pois trabalho em várias fazendas e com inseminadores diferentes e é incrivel da diferença nos resultados.

    Na mesma fazenda em protocolos com IATF + IA, chegamos a ter resultados no total de nascimento entre 50% e 75% do total de matrizes que entraram no programa.

    Tenho feito sempre o mesmo protocolo que é semelhante ao modelo do D9. A única coisa que modifico é a utilização do Ecg, devido ao seu alto custo. Faço as vezes em matrizes registras na ABCZ para evitar algum tipo de acidente como matrizes amarradas em cerca.

    O que tenho recomendado aos meus clientes é a utilização do SHANG o que abaixa o custo total do protocoto, já que trabalho em fazendas que hoje estão utilizando IATF entre 1000 e 5000 matrizes.

    De qualquer forma parabéns pelo estudo e continue tentando baixar o stress e principalmente o custo da IATF. Pois na minha opnião é a única maneira de fazer IA nas fazenda brasileiras.

  14. Henderson Ayres disse:

    Prezado aldo rezende telles junior

    Muito obrigado pelas colocações.

  15. Guilherme Talhari disse:

    Prezado Henderson

    Se não me falhe a memória, este protocolo de 4 manejos com o BE no D9 foi um dos primeiros se não o primeiro protocolo lançado para IATF, correto?
    Portanto, com os avanços da reprodução, observa-se que para evitar estes 4 manejos, a utilização do Ciprionato de Estradiol no D8, juntamente com a Retirada do implante e a utilizaçõa da Prostaglandina gera um resultado mais interessante, principalmente quando se trabalha com grande volume de animais, por exemplo 1000 cabeças, umas vez que para se fazer 4 manejos com esse numero, seriam necessários dividir em 5 lotes de 200 cabeças, ou seja, o manejo aumentaria demais.
    Essas observações que fiz já não surtem tanto efeito caso o número de animais seja pequeno, pois daí um manejo a mais não implica grande dificuldade.
    Outra observação que faço é que sugiro esta comparação do CE com o BE acreditando que estamos trabalhando com vacas com bezerro no pé.
    Gostaria de saber se este comparativo que fiz é válido e também seus comentários sobre o mesmo..

    Apenas para finalizar, explico o protocolo que proponho abaixo:

    D0 – Implante + 2,0 ml BE.
    D8 – Retirada do Implante + 2,5 ml Prostaglandina + de 0,3 a 0,5 ml de CE.
    D10 – I.A. (com 48 horas do ultimo manejo).

    Atenciosamente

  16. Guilherme Talhari disse:

    Apenas para completar meu raciocínio, eu entendi que seu trabalho observou que é possível reduzir de 4 para 3 manejos, melhorando inclusive o resultado.

    O que eu acho que acabou não ficando muito explicito em meus comentários é que eu pergunto a você se não é mais interessante trabalhar com o ciprionato nestes 3 manejos do que com BE.

  17. Rubens Cesar Pinto da Silva disse:

    Parabéns Henderson ,nós precisamos de trabalhos assim bem práticos ,o unico problema que sempre teremos que trabalhar com lotes menores em um unico período ,mas já facilita o manejo e da prá ajustar os protocolos

    abraço
    Rubinho
    GERAEMBRYO

  18. Guilherme Treméa disse:

    Parabéns pelo artigo. Ele esclareçe um dúvida existente entre os Veterinários que realizam a IATF, mostrando que não existe alteração significativa na taxa de prenhez quando a IA é realizada 48 ou 56h após a aplicação do BE no D9.
    Abraço.

  19. Guilherme Treméa disse:

    Parabéns pelo artigo. Ele esclarece uma duvida existente em todos aqueles que realizam IATF, mostrando que não existe alteração siginificativa na taxa de prenhez quando a IA é realizada 48 ou 54 hs após a aplicação do BE no D9!

  20. Henderson Ayres disse:

    Prezado Guilherme Treméa
    muito obrigado pelo comenntario.

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