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Frigoríficos brasileiros precisam investir para exportar carne para a Europa

Mato Grosso do Sul e Tocantins foram os únicos estados declarados livres de febre aftosa com vacinação que saíram em busca de uma abertura ao mercado europeu. Os dois estados solicitaram ao Ministério da Agricultura uma inspeção, para que sejam indicados à União Européia, o que deve ocorrer antes da próxima visita dos técnicos da UE ao País, prevista para setembro. “Pretendemos indicar alguns frigoríficos das novas áreas certificadas, mas até agora só duas unidades, de Mato Grosso de Sul e Tocantins, fizeram a solicitação. É possível que até o final do ano tenhamos as primeiras exportações destas novas áreas”, disse o chefe da divisão de controle de comércio internacional do ministério, Marcelo Mazzini.

Um exemplo é o frigorífico da Cooperativa dos Produtores de Carne e Derivados de Gurupi (TO) – que abate cerca de 12 mil reses por mês e é dono da marca Safrigo – que recentemente investiu US$ 900 mil com vistas a habilitar-se para exportar para a UE, mercado de controles mais rígidos.

O Estado de Mato Grosso do Sul possui uma situação mais tranqüila pelo fato de apresentar infra-estrutura para exportação, já que foi exportador até 1998. O aparecimento de um foco de aftosa em Naviraí levou à suspensão do certificado de área livre da doença com vacinação, recuperado recentemente, após o controle da aftosa.

Além disso, existem alguns frigoríficos no Estado de Minas Gerais, que exportam carne bovina.

Dos demais estados que obtiveram em maio o certificado de área livre de aftosa com vacinação, emitido pela Organização Internacional de Epizootias (OIE) – Rio de Janeiro, Espírito Santo, Bahia e Sergipe – nenhum conta com frigoríficos qualificados para aproveitar as oportunidades surgidas no mercado europeu.

A Bahia é dentre os estados certificados o que possui o maior rebanho – abate mensalmente cerca de 150 mil cabeças – mas é um dos menos preparados para exportar, uma vez que, a maioria de seus frigoríficos não atende às exigências nem dos mercados da lista geral – composta pelo Oriente Médio, África, Leste Europeu, alguns países da Ásia e suprimento de navios para consumo a bordo – que apresentam menores exigências do que a UE.

Segundo Ney Alves Pamponet, sócio da Tecnocarne, frigorífico instalado em Simões Filho, na região metropolitana de Salvador, só é possível os frigoríficos terem uma margem para investimento quando abatem no mínimo 5 mil animais por mês, e são poucos os abatedouros da Bahia que contam com esse volume. Segundo ele, o baixo volume de abates no Estado se dá devido aos abates clandestinos. Sua estimativa é de que 50% da carne comercializada no Estado venha dessas fontes.

Porém, Pedro Barbosa de Deus, secretário da Agricultura da Bahia, concorda em parte com Pamponet, mas acha que a razão principal para o despreparo dos frigoríficos baianos é a falta de profissionalização – parte das empresas opera sob arrendamento a pecuaristas. Na tentativa de atrair investimentos para o setor, o governo do estado criou um programa de financiamento, que, no entanto, não tem dado resultados.

Na opinião de Gilman Viana Rodrigues, vice-presidente para assuntos internacionais da Confederação Nacional da Agricultura (CNA), isso ocorre, em parte, porque os frigoríficos do Sul do País ainda operam com capacidade ociosa. A seu ver, a situação só poderá modificar-se se houver sobrecarga da capacidade daquelas unidades. Ou então, mediante maior controle sanitário para evitar o abate clandestino, aliado a um projeto de atração de investimentos. Rodrigues lembra, entretanto, que a certificação das novas áreas ainda é muito recente e será preciso algum tempo para que estas se ajustem ao ambiente de qualidade exigido pelos novos mercados.

fonte: Gazeta Mercantil (por Maria José Quadros), adaptado por Equipe BeefPoint

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